Desistência de Biden causa indefinição em democratas e favorece Trump
Após dias sob pressão, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, desistiu de tentar a reeleição. A decisão, embora atenda ao clamor de aliados, coloca o partido Democrata em uma situação complicada, já que não há definição sobre um substituto. Em paralelo, Donald Trump é o candidato oficial republicano e prepara o caminho para a Casa Branca.
Desde a performance desastrosa no debate realizado em junho, Biden sofria pressão de membros do próprio partido e de nomes influentes na política para que desistisse da candidatura. No foco das críticas, estava a capacidade física do democrata para comandar os Estados Unidos por mais um mandato.
Biden não apresentou os motivos que o levaram à decisão, mas disse que dará detalhes em comunicado à nação. “Embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do interesse do meu partido e do país renunciar e me concentrar exclusivamente no cumprimento dos meus deveres como presidente durante o resto do meu prazo”, afirmou.
O anúncio ocorreu em carta publicada no X (antigo Twitter), ocasião em que agradeceu à vice-presidente Kamala Harris por “ser uma parceira extraordinária em todo este trabalho”. Pouco depois, em uma nova publicação, Biden anunciou o apoio para que o partido nomeie a vice-presidente Kamala Harris.
No entanto, o apoio não significa que Harris será a candidata oficial do partido. No páreo ainda há outros nomes, entre eles do governador da Califórnia, Gavin Newsom; da governadora de Michigan, Gretchen Whitmer; e do governador de Kentucky, Andy Beshear.
Paulo Velasco, professor de política internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), considera que a desistência de Biden demorou, apesar da insistência de colegas de partido.
“A desistência do Biden, ela, em primeiro lugar, responde, claro, a pressões muito evidentes de dentro do partido democrata, a pressões de doadores, mas é uma decisão que demorou a ser tomada. O terrível debate em que o mundo inteiro se deu conta das limitações cognitivas do Biden ocorreu há mais de três semanas, então, foram três semanas de alguma maneira perdidas por uma transição que não é simples, que não é trivial”, pontuou Velasco.
O professor da Uerj enfatizou ainda que, apesar do apoio de Biden à campanha de Kamala Harris, o nome dela precisa de amplo apoio do partido Democrata, visto que Donald Trump se vê com uma certa vantagem e pode construir uma ação para alcançar mais ainda a candidatura.
“Os desafios são menores. Do ponto de vista logístico e burocrático, é menos trabalhoso, até porque as doações já feitas para a campanha do Biden podem ser usadas pela Kamala, porque lá é parte da campanha do Biden, mas tem que se trabalhar o nome dela em termos de projeção nacional”, enfatizou Velasco.
“Claro que a campanha do Trump se vê em vantagem, porque agora não sabe sequer quem que vai concorrer pelo partido Democrata. Então, a vantagem que já era robusta é maior ainda. Então, o partido Democrata precisava de um fato novo. Algo que desse impulso, que desse gás a campanha”, complementa.
Trump fortificado
Outro momento que surpreendeu na disputa eleitoral deste ano foi a tentativa de assassinato ao ex-presidente Donald Trump. O bilionário levou um tiro de raspão na orelha direita, em Butler, Pensilvânia.
Um homem que assistia ao comício morreu, e o atirador, identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi morto por agentes. O FBI investiga o caso como tentativa de homicídio e possível caso de terrorismo doméstico. A situação surpreendeu a política norte-americana e promete impactar nos rumos da disputa eleitoral.
Em primeiro discurso após o atentado, Trump citou a tentativa de assassinato: “Eu não deveria estar aqui esta noite”. O pronunciamento, de mais de uma hora e meia, foi marcado por um primeiro momento com uma linha mais conciliadora, e um segundo, quando não poupou críticas ao opositor.
Metrópoles
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