É frustrante passar anos na faculdade para mendigar um salário, diz presidente do Sinmed-RN
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN) Geraldo Ferreira criticou os atrasos nos salários dos médicos da rede pública estadual, classificando a situação como um desrespeito à categoria. Para ele, é frustrante para um médico passar quase 10 anos na faculdade, entre formação e residência, e “mendigar” o pagamento de salário quando formado.
“Sabendo que hoje grande parte dos médicos se formam no setor privado, pagando mensalidades de 10, 12 mil reais e terminam para receber mais ou menos isso. Então, para conseguir quitar, é realmente muito dramático”, disse ele, em entrevista ao Jornal da Mix nesta segunda-feira 9.
Os médicos obstetras e pediatras, que atuam através da Coopmed, iniciaram uma paralisação nos hospitais de São José de Mipibu, Macaíba e no Santa Catarina, em Natal.
De acordo com Geraldo Ferreira, a dívida é de pelo menos R$ 100 milhões. “Esses profissionais deveriam ter recebido dia 30 [de novembro] o mês de julho. Não receberam. No dia 6, eles iniciaram uma paralisação”.
O presidente do Sinmed-RN destacou que o problema não é recente, mas que a crise se aprofundou nos últimos anos. “Estou na diretoria do sindicato há mais de 15 anos, então durante esse período nós tivemos muitas negociações, muitos atrasos, mas este governo tem uma particularidade que é a dificuldade de diálogo”.
Geraldo Ferreira disse que há dificuldades em negociações com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). “Nós corremos o risco de ter uma paralisação generalizada. .Nós estamos numa situação de total insolvência do poder público com cooperativas e empresas que atendem na área de saúde” pontuou.
Para ele, o governo estadual precisa solicitar recursos ao governo federal para quitar os salários atrasados. “O governo precisa ter consciência, se ele tem aliados, e deve ter, porque é a mesma corrente do governo federal, tem que trazer recursos para o Estado e tem que quitar essas dívidas. Que vem desde julho, a última parcela paga foi do mês de junho”.
Crise generalizada. Ainda de acordo com Geraldo Ferreira, o Governo do Estado deve investir 12% da receita líquida em serviços de saúde, mas só investiu até agora 7% em 2024. “Pode chegar a 9% até o final do ano. Então, ele está investindo menos do que deveria. Todos nós sabemos que os recursos do governo são finitos, são limitados e as secretarias disputam esses recursos. Eu acho que a Secretaria de Saúde está perdendo muito essa disputa por recursos. Então, ela está recebendo a conta gotas”.
Conforme o presidente do Sinmed-RN, a crise na saúde pública do RN é generalizada. “Porque eles colocam tudo no pacote de empresas. Quem vende medicamento é empresa, quem faz a limpeza é empresa, quem faz a segurança é empresa, quem fornece alimentação é empresa, a mão de obra médica é abusivamente terceirizada”.
Geraldo Ferreira também cobrou maior atuação do Ministério Público para evitar demasiadas terceirizações. “Precisa ter um corpo minimamente comprometido e concursado para que você garanta assistência. Hoje, temos uma terceirização absurda em quase todos os hospitais do Rio Grande do Norte e sob a ótica de que são empresas e empresas podem atrasar, os governos vão tratando as empresas e as cooperativas dessa forma”.
Agora RN
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