24 de fevereiro de 2025 às 17:30
24 de fevereiro de 2025 às 11:53
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A alta de 189% no preço do cacau no mercado internacional deve impactar os preços dos ovos de Páscoa neste ano. Segundo a Associação Cearense de Supermercados (Acesu), os ovos de chocolate devem ficar, em média, 15% mais caros nos supermercados cearenses, mas esse reajuste deve ser sentido em todo o país.
Para minimizar os impactos ao consumidor final, os supermercados estão adotando estratégias como ofertas promocionais e redução das margens de lucro em determinados produtos. Além disso, a indústria pode recorrer a estratégias como adição de recheios e coberturas para reduzir o uso do cacau nos ovos de Páscoa, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) ¹.
A alta do preço do cacau é resultado da restrição da oferta mundial e atingiu um pico de quase 300% em junho de 2024. No entanto, a Abia destaca que grande parte dessa alta não é repassada ao consumidor, sendo absorvida pela indústria que busca otimizar custos com investimento em tecnologia.
21 de fevereiro de 2025 às 11:00
21 de fevereiro de 2025 às 10:33
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Com a alta dos alimentos, consumidores brasileiros viram produtos básicos do dia a dia, como café e ovo, ficarem mais caros. No acumulado de 2024, o grupo de alimentos e bebidas foi o que registrou maior alta, de 7,7%. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que os preços desses produtos aumentaram pelo quinto mês seguido em janeiro. Para especialistas, a tendência é de que os valores continuem altos, especialmente, para itens como carne, azeite e frango. Além do cenário exterior, mudanças climáticas são as principais responsáveis pelo índice.
Nesta quinta-feira (20), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que a população já pode encontrar alimentos mais baratos, porém, nas palavras dele, os preços precisam cair “ainda mais”. A inflação oficial de janeiro ficou em 0,16%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor). No entanto, analistas entendem o cenário inflacionário como algo momentâneo, uma vez que o resultado foi puxado, principalmente, pelo bônus de comercialização da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional.
Mesmo com a desaceleração da inflação geral, os preços dos alimentos seguem altos. Especialistas explicam que isso acontece porque a alimentação tem seus próprios fatores de pressão, como o clima, que afeta a safra de diversos produtos, e os custos de produção e transporte. Além disso, a demanda por alguns alimentos segue forte, o que mantém os preços elevados.
No caso do café arábico, por exemplo, o item sofreu um aumento de 188% nos últimos 10 anos, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), ligado à Universidade de São Paulo. Os valores são referentes ao preço em real à vista entre os anos de 2015 e 2024.
Clima e cenário internacional O administrador e mestre em governança Marcello Marin aponta que insumos como milho e soja, assim como os ovos, têm mais chance de subir de preço. “Um bom exemplo é o frango, pois o custo da ração tem impacto direto no preço final da carne. Além disso, frutas, verduras e legumes [hortifrúti] podem sofrer aumentos, principalmente quando há eventos climáticos extremos, como secas prolongadas ou chuvas intensas, que comprometem as safras”, analisou.
Para o especialista em comércio internacional da BMJ Consultores, Guilherme Gomes, a tendência é de que os preços continuem elevados pelos próximos meses, principalmente devido ao cenário de incerteza no exterior causada por ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Caso essas medidas sejam confirmadas, é possível haver desajustes no comércio global de bens — inclusive de alimentos — o que poderá trazer novo período inflacionário para os consumidores no Brasil”, pontuou.
Além do cenário exterior, o professor do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia Benito Salomão comentou que as questões climáticas também influenciaram diretamente no preço dos alimentos no país. O especialista diz que as altas estão relacionadas a micro choques de oferta causadas por perturbações ambientais em regiões específicas.
Tentativas do governo
Nessa quinta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os preços dos alimentos no país e voltou a dizer que o governo federal vai baratear os produtos. No entanto, o chefe do Executivo ainda não apresentou nenhuma medida efetiva para conter a alta, que afeta principalmente o orçamento das famílias mais pobres.
“O preço vai abaixar e eu tenho certeza que vamos fazer com que os preços voltem aos padrões do poder aquisitivo do trabalhador. Nós queremos discutir com os empresários para que eles exportem, mas que não falte ao povo brasileiro. E vamos ter que fazer reuniões com atacadistas para discutir como vamos trazer isso para baixo”, disse Lula.
Segundo o presidente, a alta nos preços é influenciada por diversos fatores, como chuva e calor extremo, subida do dólar e commodities. “Obviamente, não se consegue controlar do dia para noite, mas pode ter certeza que nós vamos trazer o preço para baixo, e as coisas vão ficar acessíveis.”
Analistas entendem que, apesar dos fatores externos que influenciaram os preços dos alimentos, o governo tem uma responsabilidade significativa no cenário. Para Marin, a falta de planejamento eficiente e a ausência de incentivos adequados à produção acabaram agravando a situação.
“Embora fatores como o clima e o mercado internacional estejam fora do controle direto do governo, a ausência de políticas fiscais claras, subsídios estratégicos e apoio à modernização da cadeia produtiva prejudicam a competitividade do setor. Se houvesse uma gestão mais eficiente e focada em reduzir os custos de produção e melhorar a logística, seria possível minimizar o impacto dos aumentos de preços”, opinou.
Em complemento, Gomes lembrou que o “desentendimento” do governo com o mercado financeiro também teve influência no tema. “A dificuldade do governo em convencer o mercado financeiro sobre seu compromisso com o equilíbrio fiscal levou à desvalorização do real e ao aumento do dólar, o que explica boa parte da inflação causada pela menor oferta de alimentos no mercado interno.”
20 de fevereiro de 2025 às 11:15
20 de fevereiro de 2025 às 09:35
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Nesta quarta-feira (19), o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP apontou que, em fevereiro, o café arábica, variedade mais consumida no Brasil, atingiu o maior preço real dos últimos 30 anos.
Só em 2025, o o valor já subiu mais de R$ 500 por saca, refletindo a combinação de estoques baixos, demanda firme e preocupações com a safra atual, de acordo com os pesquisadores.
No último dia 12 de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, atingiu R$ 2.769,45 por saca de 60 quilos, representando um recorde real.
Nos dias seguintes, os preços registraram pequenas oscilações, mas ficaram em torno dos R$ 2.70 por saca.
Ainda segundo pesquisadores do Cepea, os baixos estoques nacional e global da variedade vêm sustentando o movimento de alta. Além disso, a produção brasileira da safra 2025/26 deve ser novamente modesta.
A demanda, por sua vez, segue aquecida, mesmo diante dos preços elevados. No campo, as lavouras de arábica estão chegando na parte final do desenvolvimento da temporada.
O forte calor e alguns dias mais secos, sobretudo nesta semana, deixam produtores em alerta.
20 de fevereiro de 2025 às 04:02
20 de fevereiro de 2025 às 04:17
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Pesquisas realizadas pelo Instituto Fecomércio RN (IFC), apontam uma grande movimentação econômica no comércio potiguar. O Carnaval 2025 promete aquecer a economia com um valor estimado em R$ 552,8 milhões. A quantia representa um crescimento de 10,2% em relação ao ano passado, confirmando o impacto positivo da festa para diversos setores da economia do Rio Grande do Norte. Em Natal e Mossoró, os dados revelam otimismo entre consumidores e comerciantes. Mais da metade da população das duas cidades pretende fazer compras para o período carnavalesco, com destaque para os segmentos de alimentação, vestuário e acessórios.
Natal espera movimentar R$ 163,8 milhões
Somente a capital potiguar deve registrar uma movimentação econômica de R$ 163,8 milhões, um aumento de 13,2% em comparação ao ano passado. A pesquisa aponta que 56% dos natalenses pretendem consumir durante o Carnaval, impulsionando principalmente o segmento de Alimentos e Bebidas, que lidera as intenções de compra com 91,2%.
O de Vestuário e Calçados aparece logo depois, com 37,8% das preferências, seguidos por acessórios como cintos e bolsas (15,5%). O gasto médio previsto para os natalenses é de R$ 378,74, refletindo um aumento em relação ao ano passado. “O Carnaval é uma oportunidade para o comércio de Natal, trazendo oportunidades de vendas, gerando emprego e movimentando a economia local”, avalia o presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz.
Consumo em alta em Mossoró
Em Mossoró, o cenário também é promissor: a expectativa é de um crescimento de 7,3% na movimentação econômica, alcançando R$ 40,3 milhões durante o Carnaval. A pesquisa mostra que 53,8% dos consumidores mossoroenses planejam realizar compras para a folia, mantendo a tendência de alta observada nos últimos anos.
Alimentos e Bebidas lideram as intenções de compra (90,8%) na Capital do Oeste, seguidos por Vestuário e Calçados (34,6%) e Acessórios (13,2%). O ticket médio esperado é de R$ 398,54, mostrando um aumento em relação a 2024.
Preferências de hospedagem revelam mudanças nos perfis de viajantes
Em Natal, 69,3% dos foliões que pretendem viajar no Carnaval 2025 optarão por se hospedar na casa de familiares e amigos, embora essa escolha tenha registrado uma leve queda em relação ao ano passado (74,3%). A demanda por hotéis e pousadas cresceu de 8,3% para 16,3%, indicando uma retomada da preferência por hospedagens comerciais. O aluguel de casas, apartamentos ou sítios também manteve crescimento, alcançando 10,9% das intenções de hospedagem.
Em Mossoró, a maioria (61,3%) ainda prefere ficar na casa de familiares e amigos, mas essa opção caiu em comparação a 2024 (72,8%). Em contrapartida, hotéis e pousadas voltaram ao patamar de 2023 (20,3%), enquanto o aluguel de imóveis permaneceu estável (9,4%). A categoria “Outros” cresceu para 9,0%, sugerindo interesse por hospedagens menos convencionais.
CNC projeta recorde na economia e empregos no RN durante o Carnaval
Segundo outro levantamento, feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Carnaval 2025 deve movimentar R$ 107,78 milhões no Rio Grande do Norte, o maior volume desde 2016.
A diferença de valores pode ser explicada pelo fato de que as pesquisas do IFC RN consideram os valores declarados pelos foliões de cada polo e estes acaba incluindo, além dos itens do levantamento da CNC, outros gastos como deslocamento, vestuário, itens típicos do carnaval e acessórios, por exemplo.
O crescimento previsto pela Confederação é de 2,36% em relação ao ano passado, impulsionado principalmente pelos setores de alimentação, transporte de passageiros e hospedagem. Além disso, o evento deve gerar 367 vagas temporárias no estado, um aumento de 31,5% em relação a 2024.
20 de fevereiro de 2025 às 04:01
20 de fevereiro de 2025 às 04:11
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Um dos alimentos mais populares e que combina com tudo, o ovo está em alta. Infelizmente, não é por um bom motivo. O produto sofreu um aumento no preço e a bandeja com 30 ovos já está beirando os R$ 30 em supermercados de Natal. No entanto, a alta não é exclusiva da capital potiguar.
“Essa alta nos preços dos ovos que nós estamos identificando no nosso mercado, isso a nível nacional, ele é decorrente de diversos fatores. Um dos fatores principais é uma gripe aviária que aconteceu nos Estados Unidos, que gerou uma faixa de execução muito grande de animais contaminados, isso repercutindo na produção de ovos”, destacou o economista Helder Cavalcanti.
“Consequentemente, os Estados Unidos, como é um dos grandes exportadores, aumentou em mais de 33% as exportações dos nossos ovos. Então o mercado local que produz a partir da maior demanda, quem oferece o menor preço, obviamente pros Estados Unidos é comprado em dólar, então essa aconteceu essa queda da oferta aqui no nosso país”, acrescentou.
Mas não é só isso. Uma onda de calor no país também impactou a produção nacional. Outro fator é o maior número de pessoas empregadas, com maior poder de compra nas mãos. “O ovo tem essa característica de preço nesse momento atual, impactado também pela carne. A elevação do preço da carne tira algumas pessoas de consumir a carne para procurar o ovo como um substituto de proteína. Então tudo isso alinhado gerou essa elevação de preço”, explicou o economista.
Segundo Cavalcanti, a sazonalidade da Semana Santa, que começa a partir da Quarta-feira de Cinzas, gera uma procura maior pelo ovo e apresenta a tendência de novos aumentos no produto. “Temos vários produtos que são característicos da Páscoa e o ovo é um dos elementos mais importantes para essa produção”, pontuou.
“Então tudo isso alinhado trouxe essa elevação de preço, algo em torno de mais de 35%, a gente já encontra preços aí acima de R$ 25 em supermercado, tudo isso gerando um impacto direto no consumo das famílias. Esperar que essa produção dos Estados Unidos se normalize”, encerrou.
Se tem um produto que não falta na lista do Seu Júlio, quando vai às compras, é o ovo. “Ovo é vida. Ovo é bom com cuscuz, com um cafezinho quente”, afirmou. “Estava aqui atrás de ovo, mas vou pensar. Não sei se levo carne ou ovo, está quase um pelo outro. Está absurdo”, disse outra consumidora.
De acordo com o gerente de um supermercado em Natal, no início do ano, a bandeja com 30 ovos custava em torno de R$ 10. Segundo ele, os preços subiram nos últimos 15 dias. “Assim como nós nos assustamos, o consumidor também se assusta. A gente faz um pedido agendado e leva dois, três dias para ser entregue. Todo mundo está sofrendo com esse aumento. O valor que a gente compra, a gente vende para não assustar o consumidor”, disse Douglisvan Morais.
17 de fevereiro de 2025 às 17:00
17 de fevereiro de 2025 às 13:57
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O número de potiguares que havia desistido de procurar emprego – a chamada “população desalentada” – caiu quase 37% em dezembro do ano passado, na comparação com o mesmo período de 2023. É o que mostram os números da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) Trimestral, divulgada na sexta-feira (14) pelo IBGE e analisados pela Fecomércio RN. Em 2024, apenas 75 mil pessoas estavam nesta situação no Rio Grande do Norte, enquanto no ano anterior, o número era cerca de 119 mil.
Porém, a volta dessas pessoas ao mercado de trabalho contribuiu para o aumento da taxa de desemprego, uma vez que impacta diretamente no cálculo do indicador. Segundo o levantamento, o Rio Grande do Norte encerrou o ano de 2024 em 8,5%, registrando um leve aumento de 0,2 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023.
Outro dado relevante aponta que o número de pessoas ocupadas no estado cresceu significativamente, passando de 1,38 milhão no final de 2023 para 1,46 milhão em dezembro de 2024, um acréscimo de 79 mil pessoas. Ainda assim, o crescimento da força de trabalho disponível manteve a taxa de desemprego praticamente estável.
O presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, avalia que o cenário reflete um movimento natural do mercado de trabalho. “A desaceleração na queda do desemprego ocorre quando há um aumento na oferta de trabalho, pois as pessoas que haviam desistido de procurar uma vaga voltam a buscar oportunidades, o que impacta o cálculo da taxa”, explica.
No aspecto da renda, o trabalhador potiguar registrou um ganho médio de R$ 2.594 em 2024, um crescimento de apenas 1,17% em relação ao ano anterior, valor abaixo da inflação acumulada de 4,83% no período, conforme o IPCA.
Cenário Nacional
Em âmbito nacional, a taxa de desemprego foi de 6,2%, a menor para o quarto trimestre desde o início da série histórica em 2012, representando uma queda de 1,2 ponto percentual em relação ao ano anterior. A renda média nacional ficou em R$ 3.315, com um aumento de 4,31% em relação a dezembro de 2023.
17 de fevereiro de 2025 às 16:45
17 de fevereiro de 2025 às 13:26
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Procon Natal divulgou nota dizendo que está monitorando os constantes aumentos do preço dos ovos de galinha. A fiscalização se de deve a alta no preço da bandeja que chegou a quase R$ 30 em alguns estabelecimentos nesta semana na capital. Um reajuste de quase 70% em relação a última pesquisa de preços realizada pelo órgão em janeiro, quando a bandeja com 30 unidades era comercializada a R$ 17,73.
Diante dessa variação, o Procon Natal está avaliando se há justificativas para essa elevação, como questões sazonais, aumento nos custos de produção ou práticas comerciais abusivas.
O Procon Natal reforça a importância de que os consumidores pesquisem preços e denunciem valores excessivos pelo canal de atendimento do órgão, através do email [email protected].
17 de fevereiro de 2025 às 09:00
17 de fevereiro de 2025 às 07:24
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Entre 1996 e 2024, o uso do cheque caiu 95,9%, mostra levantamento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), com dados da Compe, sistema responsável pela compensação de cheques.
Em 1996, 3,3 bilhões de cheques foram compensados enquanto em 2024, o número foi de 137,6 milhões. No último ano, o pagamento movimentou R$ 523,2 bilhões, queda de 14,2% ante 2023.
No Brasil, o cheque apresenta um ticket médio superior ao de outros pagamentos. Segundo o Banco Central, a ferramenta teve valor médio de R$ 3.782,57 em 2024. O Pix teve média de R$ 416,18 e o boleto, de R$ 1.478,89.
“O declínio do cheque começou a ficar evidente no início dos anos 2000, com a popularização dos cartões de débito e crédito, mas foi se intensificando nos últimos anos com o avanço das transações por internet banking. A criação do Pix, em 2020, acelerou essa mudança”, diz Thaísa Durso, educadora financeira da Rico.
Hoje, a ferramenta não traz grandes vantagens em relação àquelas digitais, diz Ivo Mósca, diretor de produtos da Febraban. “[Os que utilizam o cheque] São aqueles com medo de operações, principalmente de alto valor, em canais eletrônicos. Além disso, ainda existe uma parte da população sem acesso a dispositivos eletrônicos ou internet”, afirma.
Segundo dados do Censo 2022, 10,6% dos moradores de domicílios particulares no Brasil não têm acesso à internet. A porção corresponde a 21,4 milhões de pessoas, número um pouco maior que a população de Minas Gerais (20,5 milhões).
Para Ivo, também existem pessoas habituadas a transações como cheque-caução. O cheque-caução é uma garantia ao dono de um bem, como imóvel e veículo, dada pelo cliente. O valor para cobrir possíveis danos e pode ou não ser descontado.
Na avaliação de Marcos Vinicius Viana Borges, diretor de operações do Sicoob, a idade também é um dos fatores que explicam a sobrevivência do cheque. “Há uma cultura de aceitação no comércio do interior, seja pela tradição ou por todos se conhecerem. Existem os que preferem pagamentos mais analógicos.”
Para ele, o cheque também traz algumas vantagens para quem quer adiar um pagamento. “É aquilo de emitir um cheque pré-datado no interior e pedir para entrar com o cheque dali a 30 ou 60 dias. Assim o cliente evita a necessidade de um cartão de crédito.”
Entre os pagamentos, há um domínio do Pix no Brasil, que lidera em quantidade de transações desde 2021. De acordo com relatório do Banco Central, no terceiro trimestre de 2024, o Pix representou 44,7% das transações do país –cartão de crédito e débito, em segundo e terceiro no ranking, corresponderam a 13,6% e 11,7%, respectivamente. O cheque representou 0,1%.
Em volume financeiro, o Pix rivaliza com TED e transferências intrabancárias. Também no terceiro trimestre de 2024, o método foi responsável por 22,7% da movimentação gerada por pagamentos, enquanto o TED foi 36,4% e as transferências, 22%. O cheque correspondeu a 0,6% do índice, um dos mais baixos do levantamento do BC.
Para Thaísa Durso, da Rico, o Pix contribuiu para o desuso dos cheques pela eficiência. “A digitalização dos serviços bancários e o crescimento do mobile banking reduziram a necessidade dos cheques, porque as transações se tornaram mais fáceis com os celulares”.
Segundo ela, outro fator que contribuiu para a queda foi a percepção dos riscos associados ao pagamento, como inadimplência e fraudes. “A compensação do cheque depende da existência de saldo na conta do emissor, e a verificação de legitimidade, de uma assinatura.”
Arnaldo Rodrigues Neto, advogado da área de direito bancário do Tortoro, Madureira & Ragazzi Advogados, explica que clientes ou empresas que aceitam cheque podem ser alvos de pagamentos sem fundo, quando o emitente não tem saldo suficiente na conta bancária para pagar o documento.
Há também a incidência de sonegação fiscal com o pagamento. Uma pessoa física ou jurídica recebe o pagamento, mas deixa de informar o recebimento de determinada receita ou informa um valor menor, para fugir do rastro da Receita Federal e dos tributos devidos.
Desde que reconhecida a intenção de fraude, a prática é punível de acordo com a lei nº 4.729, que define o crime de sonegação fiscal. A legislação prevê reclusão de seis meses a dois anos, e multa que varia de duas a 10 vezes o valor do tributo –em caso de reincidência ou não.
“Apesar de esquemas de sonegação serem possíveis, essa prática tem-se tornado mais arriscada. As autoridades fiscais aprimoraram os seus métodos de fiscalização, o que reduz a viabilidade desse tipo de estratégia. A tendência é que cada vez menos aconteça”, afirma Arnaldo.
Ainda não há uma data para o fim do cheque –nem perspectiva disso acontecer. “Esses últimos 30 anos mostram que é uma tendência sem volta. Não tem nenhum benefício que contraponha a volta do pagamento. A perspectiva é que ele continue minguando”, afirma Ivo, da Febraban.
Com exceção de instituições 100% digitais, bancos ainda disponibilizam cheques. É possível emitir as folhas em caixas eletrônicos com essa função.
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