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Categoria: Saúde

Maternidade Januário Cicco firma parceria para atender bebês com língua presa

Referência no atendimento à mulher e ao recém-nascido no Rio grande do Norte, a Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN), vinculada à rede Ebserh, deu mais um passo importante na assistência prestada aos bebês. Nesta semana foi estabelecida uma parceria com o Departamento de Odontologia da UFRN, dando início ao serviço que viabiliza a realização das frenotomias, liberação do frênulo lingual alterado.

A técnica consiste em realizar um pequeno corte na membrana abaixo da língua (pique na língua) quando, após o Teste da Linguinha, é detectado que o recém-nascido tem a língua presa. Dados do serviço indicam que 6% dos bebês nascidos na MEJC possuem este problema.

A fonoaudióloga e preceptora da MEJC, Luiza Aline Costa Monteiro, explica que a anquiloglossia – alteração no frênulo lingual – pode trazer dificuldades na amamentação, causando o desmame precoce e impedindo o bebê de usufruir todos os benefícios do aleitamento materno exclusivo. “Quando o frênulo apresenta alterações ocasiona restrições no movimento da língua, levando a problemas de fala, mastigação e insatisfações sociais”, diz.

Foi o que aconteceu com o pequeno Levi, filho da dona de casa Adeilma Bezerra. A mãe relata que o filho apresentava dificuldades para mamar, engasgava, fazia longas pausas durante a amamentação e demonstrava cansaço quando estava mamando. “Através do teste da linguinha identificamos que ele tinha a língua presa e hoje vimos aqui realizar o procedimento”, afirma.

Segundo a professora do Departamento de Odontologia da UFRN e tutora da Residência Multiprofissional em Saúde da Criança, Isabelita Duarte Azevedo, a ação é fruto da parceria do departamento com a MEJC, através do serviço de Fonoaudiologia. “O serviço de Fonoaudiologia da maternidade realiza o diagnostico prévio dos bebês que possuem freios encurtados e posteriormente são agendados os procedimentos do pique na língua, favorecendo a amamentação, a nutrição desta criança e o ganho de peso”, explica.

Para a gerente de ensino e pesquisa da Maternidade, Maria da Conceição Cornetta, a parceria firmada possibilita ganhos para o ensino, a pesquisa, extensão e a assistência. “Este é um modelo de projeto onde é possível por meio do ensino e da extensão transformar o cuidar, melhorando ainda mais o nosso atendimento e trazendo uma maior produção de conhecimento em relação à pesquisa”, assegura.

Os procedimentos estão sendo realizados às quartas-feiras com os recém-nascidos da MEJC, através de agendamento prévio.

 

O acordo firmado com o Departamento de Odontologia da UFRN dará início às correções do frênulo lingual em recém-nascidos. Foto: Getty

Rede Ebserh libera R$102,5 milhões para hospitais universitários

Reprodução\Instagram

Os hospitais universitários federais do país já podem contar com o reforço financeiro de R$ 102,5 milhões disponibilizados através do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Do montante, R$ 79,5 milhões serão destinados para o custeio de materiais de uso diário das unidades e R$ 22,9 milhões para investimentos em reformas, obras e aquisição de equipamentos. Os recursos foram liberados, no dia 4 de abril, por meio de portaria publicada do Ministério da Saúde no Diário Oficial da União.

No Rio Grande do Norte, os três hospitais universitários, geridos pela Ebserh e vinculados a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foram beneficiados. O Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), com R$ 1.769.640,97; a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), para onde foram destinados R$ 1.622.307,67 e o Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB), na cidade de Santa Cruz, que recebeu R$ 1.174.648,55.

“O Rehuf tem um impacto positivo, principalmente na parte de capital e no crescimento da nossa infraestrutura. Toda a melhoria e investimento realizado hoje em nossa Maternidade é com recursos do programa, anualmente realizamos o planejamento com base nas necessidades de cada área”, afirma o Gerente Administrativo da MEJC, Dilson de Anchieta Rodrigues.

Segundo o superintendente da MEJC, Luiz Murillo Lopes de Britto, a liberação dos recursos impulsiona a melhoria dos serviços prestados. “Esses recursos reforçam o orçamento da maternidade a fim de melhor estruturar o abastecimento, de maneira a mantermos a excelência dos serviços prestados junto à comunidade, docentes, discentes ou usuários”, reforçou.

Financiado pelos ministérios da Educação e da Saúde, o programa Rehuf destina-se à reestruturação e revitalização dos hospitais das universidades federais. O presidente da Ebserh, Oswaldo Ferreira, ressaltou o objetivo do programa. “Somos uma rede hospitalar voltada para a assistência e para o ensino e a pesquisa. O Rehuf também segue essa linha, tanto para auxiliar na criação das condições adequadas para que os hospitais possam oferecer assistência de saúde à população, mas também para proporcionar formação qualificada a profissionais da área de saúde”, explicou.

Rehuf na MEJC

Desde a implementação do programa, a Maternidade Escola Januário Cicco realizou diversas reformas e ampliações de serviços. Dentre tais melhorias, a reestruturação do Espaço para Mães Acompanhantes, possibilitou a realização de atividades da equipe multiprofissional dentro do ambiente de convivência das mulheres que esperam a saída de seus filhos internados na Unidade de Terapia Intensiva. O local conta com sala de convivência, copa, banheiro e três cômodos onde estão dispostos doze dormitórios.

*Informações assecom Mejec

Aedes Aegypti: “Cobramos da governadora Fátima ações imediatas e eficazes”, disse Nelter Queirós

Vice-governador, Antenor Roberto, governadora Fátima Bezerra e o deputado estadual Nelter Queirós

O deputado estadual Nelter Queiroz (MDB) esteve em audiência com a governadora Fátima Bezerra e seu vice, Antenor Roberto na tarde dessa quinta-feira, 2, no Centro Administrativo. A pauta do encontro girou em torno de um possível surto de Dengue, Zika e Chikungunya causada pela alta incidência do mosquito Aedes Aegypti em municípios da região Seridó.

“Cobramos da governadora Fátima que o Governo do Estado realize junto ao Ministério da Saúde e municípios seridoenses [que estão em situação de risco para surto do Aedes Aegypti] ações imediatas e eficazes visando o combate do mosquito”, disse Nelter, mostrando sua preocupação em relação aos resultados obtidos através do primeiro Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) realizado este ano.

O LIRAa é um instrumento fundamental para o controle do Aedes Aegypti, bem como da Dengue, Zika e Chikungunya. Com base nas informações coletadas, os bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito, bem como o tipo de criadouro predominante podem ser identificados. O objetivo é que, com a realização do levantamento, os órgãos competentes tenham melhores condições de planejar as ações de combate e controle do mosquito.

SITUAÇÃO

De acordo com o Levantamento, na região Seridó, apenas os municípios de São Fernando e São José do Seridó apresentaram índices “satisfatórios”, onde há o baixo risco de surto das doenças caudadas pelo Aedes. Já os municípios de Santana do Seridó e Tenente Laurentino Cruz, apareceram em estágio de “alerta”, onde existe o risco médio de surto.

A grande preocupação diz respeito aos municípios de Acari, Bodó, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta, Currais Novos, Equador, Florânia, Ipueira, Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santana do Matos, São João do Sabugi, São Vicente, Serra Negra do Norte e Timbaúba dos Batistas, que, segundo o LIRAa, apareceram em situação de “risco” de infestação do vetor, onde há a grande probabilidade de ocorrer surto de Dengue, Zika e Chikungunya.

*Com informações ACS Nelter Queirós

Hospitais Walfredo Gurgel, Santa Catarina, Maria Alice Fernandes e Deoclécio Marques devem suspender atendimento nesta segunda-feira, 29

HOSPITAL WALFREDO GURGEL PODE PARALISAR ATIVIDADES NESTA SEGUNDA-FEIRA

Alegando falta de pagamento por parte do governo do Estado, a Cooperativa dos Médicos do Rio Grande do Norte, partir de segunda-feira (29), não vai mais receber pacientes vindos do interior para cirurgias, a não ser em casos de urgências. Pacientes já internados com cirurgias marcadas farão seus procedimentos normalmente.
A cooperativa informou que 250 médicos prestam serviços ao Rio Grande do Norte. As especialidades afetadas com a paralisação são os serviços de oncologia, ortopedia, cardiologia,  neurologia, hemodinâmica e  cirurgia pediátrica. A associação cobra pagamentos relativos aos dois primeiros meses de 2019. A paralisação atinge os serviços de alta e média complexidade, com a limitação em certas especialidades e em cirurgias.

Reportagem publicada pela TN nesta semana mostrou que a dívida do Estado para com a Coopmed é de R$ 6,7 milhões, referentes aos dois primeiros meses do ano. As informações são do Portal da Transparência do RN.

Os serviços podem ser parados no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, onde a dívida é de R$ 2,1 milhões; no Hospital Dr. José Pedro Bezerra (Santa Catarina), com dívida de R$ 580 mil; Maria Alice Fernandes, de R$ 24 mil; e Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, com dívida de R$ 262 mil.  O restante da dívida (R$ 3,7 milhões) são com contratos firmados para manutenção das redes de saúde estadual.

OFÍCIO

Um ofício foi enviado nesta segunda-feira, 22, pela Coopmed à Sesap informando a possibilidade de paralisação. A cooperativa deu 72 horas para esclarecimentos, até a quinta-feira. Segundo informações da pasta concedidas em março deste ano, metade dos médicos que atuam na rede estadual de saúde são contratados da Coopmed, nas 24 unidades hospitalares do estado. No Samu, essa porcentagem cresce para 80%.

As dívidas são diferentes das negociadas em março, quando a Coopmed pressionou o Governo com outra ameaça de paralisação. As anteriores eram referentes aos meses de novembro e dezembro de 2018 e foram pagas na época. No entanto, enquanto o Governo conseguiu pagar as parcelas do ano passado, as desse ano entraram em atraso. O secretário Cipriano Maia chegou a informar, na época, que o total de dívidas chegou a R$ 18 milhões e que por isso a atual gestão estava com dificuldades orçamentárias.

Números
250 médicos prestam serviço ao Estado através da Cooperativa.
06 especialidades serão afetadas diretamente com a paralisação dos médicos cooperados.
FONTE: TRIBUNA DO NORTE

Secretaria de Saúde confirma três mortes vítimas de Influenza em 2019

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A SESAP CONFIRMOU QUE O ESTADO TEVE 24 NOTIFICAÇÕES DE INFLUENZA NO ANO

Três pessoas morreram no Rio Grande do Norte vítimas de Influenza em 2019. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN. Ao todo, a Sesap confirmou que o Estado teve 24 notificações de Influenza no ano.

Segundo a Sesap, os casos foram registrados em abril deste ano: uma criança de 9 anos morreu em Santa Cruz, região Trairi, um idoso de 74 anos em Jardim do Seridó e um homem de 45 anos em Santana do Matos.

A efeito de comparação, em 2018, no Rio Grande do Norte foram notificados 295 casos de  Síndrome respiratória Aguda Grave (SRAG), desses 84 foram confirmados para Influenza, com ocorrência de 15 óbitos.

Vacina 
Enquanto a média brasileira de cobertura vacinal contra a gripe está em 8,36%, a média do Nordeste é de 6,39% de cobertura e no Rio Grande do Norte, 66.084 pessoas foram imunizadas, 7,66% do total esperado. O estado está em 11º lugar dentre os estados brasileiros, e em 4º do Nordeste com maior quantidade de pessoas imunizadas.

De acordo com a coordenadora estadual de imunização, Katiúcia Roseli, os baixos números já eram esperados nessa primeira fase de campanha, que contemplava apenas crianças até cinco anos de idade, grávidas e puérperas. “Nós estamos em 11º no país, o que pode parecer baixo, mas não está muito distante da média nacional, e a expectativa para essa primeira fase da campanha, por contemplar poucos grupos, era próxima a isso”, afirma. O estado aplicou 10.133 doses da vacina até o último dia 19, o que equivale a 4,9% da expectativa para município.

Na segunda etapa da Campanha Nacional de Vacinação, que teve início na última segunda-feira (22), novos grupos prioritários passaram a ser habilitados para receber a vacina. Agora, idosos, professores de escolas públicas e privadas, trabalhadores de saúde, indígenas, pessoas com condições clínicas especiais, funcionários do sistema prisional e pessoas cumprindo pena em privação de liberdade também estão aptas a receber a dose.

Enquanto o estado tem a responsabilidade de distribuir as doses enviadas pelo Governo Federal, cabe aos municípios aplicar as vacinas e, também, adotar estratégias para garantir com que a população passe a aderir à campanha.

“Cada município, de acordo com sua realidade, adota as melhores estratégias para divulgação e adesão à campanha, enquanto ao Estado cabe a distribuição das doses. Entretanto, estamos utilizando os recursos possíveis tanto através da mídia como das redes sociais para divulgar a campanha e fazer um apelo para que as pessoas se vacinem”, afirma. A campanha segue até o dia 31 de maio, e a expectativa é que ao menos 90% dos grupos prioritários se apresentem nos postos de saúde para receber a vacina.

Esse ano, a dose utilizada teve alterações em duas das três cepas. Ela protege contra os três subtipos do vírus da gripe que, em 2018, circularam no Hemisfério Sul. O subtipo predominante identificado no Brasil até o momento, e que já provocou 47 óbitos em 2019, é o H1N1. Ao todo, 192 casos foram registrados da doença no país.

FONTE: Tribuna do Norte

Curso internacional em Natal capacita profissionais que tratam doenças do esôfago

EVENTO ACONTECE NA CIDADE DURANTE O PERÍODO DE 4 A 6 DE JULHO

 

A evolução das doenças do esôfago e dos tratamentos que giram em torno dessa especialidade da medicina estarão sendo abordadas durante o curso internacional de doenças do esôfago, que acontece em Natal de 4 a 6 de julho, no auditório da clínica Nutrivida (Av. Antônio Basílio, 3915, Lagoa Nova).

Participam do evento médicos, professores e especialistas de referência internacional.

As inscrições para profissionais e estudantes podem ser feitas do www.nutrivida-homecare.com.br e informações adicionais podem ser obtidas através do telefone (84) 99184-6986 ou do e-mail: sac-nutrivida-homecare.com.br

Nesta terça-feira, Hemonorte recebe doações no Partage Norte Shopping

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PARA DOAR SANGUE É PRECISO APRESENTAR DOCUMENTO COM FOTO, EMITIDO POR ÓRGÃO OFICIAL E VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL

Nesta terça-feira (16), o Partage Norte Shopping receberá a unidade móvel do Hemonorte, para coleta de doações, das 8h às 17h. O veículo ficará estacionado na entrada do empreendimento, na Avenida João Medeiros Filho.

Na hora de doar, é necessário passar por uma breve entrevista, que tem como objetivo dar mais segurança aos doadores e pacientes que receberão a doação. É importante a sinceridade nas respostas. Tudo que foi respondido será mantido em sigilo.

Requisitos para doar:

Ø  Sentir-se bem, com saúde;

Ø  Apresentar documento com foto, emitido por órgão oficial e válido em todo território nacional;

Ø  Pesar acima de 50 kg;

Ø  Ter entre 16 e 67 anos;

Ø  Não estar em jejum;

Ø  Ter dormido, no mínimo, 6 horas na noite anterior;

Ø  Não ter ingerido bebida alcoólica nas 12 horas anteriores;

Ø  Evitar fumar por 2 dias;

Ø  Evitar alimentos gordurosos.

 

Pesquisa indica 3,5 milhões de usuários de drogas ilícitas; governo rejeita dados

Crack

CRACK. O NÚMERO NACIONAL DE 208 MIL USUÁRIOS É MENOR DO QUE O APONTADO POR TRABALHO ANTERIOR DA FUNDAÇÃO, DE 370 MIL FOTO: ROBSON FERNANDJES/ESTADÃO (30/04/2014)

Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz mostra que 3,563 milhões de brasileiros consumiram drogas ilícitas em período recente. Dos entrevistados, 208 mil disseram ter usado crack nos 30 dias anteriores ao levantamento. Concluído em 2017, o estudo permanecia inédito até o início desta semana. Observadores atribuem a omissão aos resultados, que poderiam desidratar o discurso do governo de que há uma epidemia de crack no País. Segundo o Ministério da Justiça, não houve divulgação porque a metodologia usada estava em desacordo com o estabelecido no edital do trabalho, o que a Fiocruz nega.

Ainda segundo a pesquisa, 9,9% dos brasileiros relatam ter usado drogas ilícitas uma vez – 7,7% da população consumiu maconha, haxixe ou skank, 3,1%, cocaína, 2,8%, solventes e 0,9%, crack. Além de drogas ilícitas, o estudo mapeou o consumo de álcool: 16,5% dos participantes indicaram abusar na dosagem. Homens consumiam numa única ocasião cinco doses ou mais de bebidas; e mulheres, quatro doses ou mais.

Feito com base em entrevistas domiciliares, o trabalho da Fiocruz adotou a metodologia da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad). Mas, para o Ministério da Justiça, os dados reunidos no projeto, que contou com a participação de cerca de 300 pesquisadores e técnicos, não permitia a comparação com pesquisas anteriores. A pesquisa custou aos cofres públicos R$ 7 milhões.

“Ignorar os dados da pesquisa é de uma irresponsabilidade enorme. As informações são essenciais para pensar nas políticas voltadas para essa população”, afirma a professora da Universidade de Brasília (UnB) Andrea Gallassi. Por contrato, a Fiocruz não teve permissão para divulgar os indicadores. Nesta semana, o teor da pesquisa foi divulgado pelo site The Intercept Brasil.

Batizado de 3.º Levantamento Nacional Domiciliar sobre o Uso de Drogas, o trabalho provocou uma crise entre o Ministério da Justiça e a Fiocruz. A fundação sustenta que não só atendeu aos requisitos, como também entregou dados que não haviam sido requisitados.

O ministério, por sua vez, enviou esta semana um ofício para a presidência da Fiocruz. E avisou que vai solicitar a arbitragem da Câmara de Conciliação da Advocacia-Geral da União (AGU), que intermedeia conflitos entre órgãos públicos. A Fiocruz seguirá pelo mesmo caminho e deve recorrer ao Ministério Público para arbitragem.

Resultados

Observadores atribuem a polêmica aos resultados revelados pela pesquisa da Fiocruz. O número identificado de uso de crack, de 208 mil pessoas, é menor do que o apontado por outro trabalho da fundação, que indicava 370 mil que consumiam a droga em cracolândias e outras cenas de uso em 2013. Para observadores, integrantes do governo ficaram desapontados com resultados e temiam que os indicadores pudessem desidratar o discurso sobre a “epidemia do crack”.

A diferença nos dados, no entanto, não surpreendeu pesquisadores da Fiocruz. Isso porque a maior parte dos usuários vive em grupos que se formam para o consumo da droga. Seria muito mais fácil encontrá-los nesses locais do que em residências fixas, onde a pesquisa foi realizada. Mas o levantamento, como o próprio nome já afirma, é sobre drogas em geral, não apenas crack.

A Fiocruz afirma que a resistência começou a se formar no fim do governo de Michel Temer. Segundo a fundação, ao longo de todo o período de realização do trabalho, equipes do Ministério da Justiça acompanharam os resultados parciais. Pagamentos das parcelas do projeto somente eram liberados depois do cumprimento de metas estabelecidas. Já havia uma perspectiva de lançamento do trabalho, que foi adiada em virtude das sucessivas mudanças de equipes no Ministério da Justiça.

A maior crítica feita pela equipe do Ministério da Justiça atual é de que a metodologia usada no trabalho impede a comparação dos resultados com o primeiro e o segundo levantamentos. A pasta considera ainda que oficialmente não recebeu a pesquisa da Fiocruz. “Dessa forma, não detém propriedade intelectual sobre os dados da mesma, não os utiliza e não os divulga.”

Comparação

A Fiocruz sustenta que a comparação é feita. Mas observa que, em razão do grande intervalo entre as pesquisas, mudanças sociodemográficas ocorreram, o que, por si só, limita a capacidade de comparação. “Não em virtude de limitações da equipe de pesquisa, mas sim das alterações esperadas de um país, que conta hoje com mais de 208 milhões de habitantes e profundamente heterogêneo.”

O Ministério da Justiça argumenta ainda que não é possível, por meio da pesquisa, saber se o uso de drogas no Brasil é superior ou inferior ao de outros países. “Isto inviabiliza de forma significativa o uso da pesquisa especificamente para o desenho da Política Nacional de Drogas.”, declarou a pasta, em nota.

Secretário do Ministério da Saúde, Erno Harzheim diz não conhecer a pesquisa. “Tecnicamente a situação não se encaixa como epidemia, que se caracteriza por um aumento expressivo do número de casos. Seja como for, não há dúvida de que os números de crack no País são preocupantes.” O secretário afirma que uma das estratégias para atender pacientes com uso de drogas são os Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas. “O tratamento dos pacientes não pode ser feito com uma forma única. É preciso ter uma rede com oferta de vários serviços, mas sempre com atendimento todos os dias da semana, 24 horas.”

FONTE> Lígia Formenti / O Estado de S.Paulo