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Categoria: Economia

Setor da pesca no RN diz que, com tarifaço, embarcações não vão sair em agosto

FOTO: JOSÉ ALDENIR

O setor pesqueiro do Rio Grande do Norte pode enfrentar grandes desafios com o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros, anunciado pelos Estados Unidos. Em visita à empresa Produmar, o presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Roberto Serquiz, discutiu os impactos da medida que estabelece uma tarifa de 50% sobre a importação de pescados brasileiros. De acordo com especialistas da indústria, caso a tarifa seja mantida, embarcações de pesca do Estado podem deixar de operar a partir de agosto.

Serquiz destacou a importância da visita técnica à empresa, uma das principais exportadoras de pescados do RN, para avaliar os possíveis danos que o aumento da taxação pode causar ao setor. Também ressaltou o trabalho em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para buscar alternativas, “como estamos fazendo desde o começo, para levarmos os dados ao governo brasileiro”. O objetivo, segundo ele, é mitigar os efeitos da medida imposta pelo governo norte-americano.

Segundo o diretor da Produmar e presidente do Sindicato da Indústria da Pesca (Sindipesca-RN), Arimar França Filho, o RN exporta anualmente cerca de US$ 50 milhões em produtos pesqueiros para os Estados Unidos. Ele alertou que, se a tarifa não for revista, as embarcações não sairão para a pesca a partir do próximo mês, o que pode impactar toda a economia local. “A CNI tem um acesso muito bom com o Governo e estamos aguardando para entender quais são as alternativas”, afirmou.

Entre janeiro e junho de 2025, o Estado exportou mais de US$ 11,5 milhões em peixes frescos ou refrigerados para os Estados Unidos, de acordo com dados do Observatório da Indústria MAIS RN. O setor pesqueiro está entre os cinco principais segmentos exportadores do Estado, ao lado de óleos de petróleo (US$ 24, 3 milhões) e produtos de origem animal (US$ 10,3 milhões), que ocupam a primeira e terceira colocação, respectivamente.

O aumento da tarifa de 10% para 50% foi anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 9 de julho de 2025. A medida começa a valer em 1º de agosto e foi direcionada ao Brasil por meio de uma carta ao presidente Lula (PT). Em resposta, o governo brasileiro criticou a decisão e anunciou que tomará medidas de retaliação por meio da Lei de Reciprocidade Econômica. Antes, o País tinha ficado com a sobretaxa mais baixa, de 10%, nas chamadas tarifas recíprocas, anunciadas pelo presidente norte-americano em 2 de abril.

Segmento vai enfrentar paralisia se tarifa de Trump for implantada, alerta Sindipesca

Em entrevista ao AGORA RN no último dia 12, o presidente do Sindipesca-RN, Arimar França Filho, já havia alertado para a possibilidade da paralisação total da pesca oceânica de atum no RN, devido ao tarifaço. Na ocasião, ele afirmou que a margem de lucro do setor varia entre 10% e 15%, apenas, e como até 80% do atum pescado no Estado é exportado para os Estados Unidos, o setor não terá capacidade para competir caso a tarifa de 50% seja mantida. Isso afetaria, ainda, aproximadamente 1 mil empregos diretos e 5 mil indiretos.

Segundo Arimar, o setor espera para o próximo mês, o primeiro após a implementação da tarifa, a possibilidade de uma mudança na política dos Estados Unidos. No entanto, ele não descarta demissões caso a sobretaxa seja mantida por mais tempo. “Vamos aguentar o primeiro mês, mas posteriormente, se não houver reversão, não tem muito o que fazer”, afirmou na ocasião.

Embora as embarcações ainda operem, as exportações de atum para os Estados Unidos estão sendo suspensas gradualmente. O setor planeja realizar o último embarque até o dia 27 deste mês, com a interrupção das remessas prevista para o dia 30. Arimar alertou que, ao contrário do que se imagina, a suspensão das exportações não deve resultar em uma queda no preço do atum no mercado interno. Pelo contrário, a escassez do produto devido à paralisação da pesca poderá elevar os preços. “Vai aumentar o preço porque a frota vai diminuir. Vai ter menos oferta”, afirmou.

Diálogo como solução

Em relação à postura do governo brasileiro frente à tarifa, Arimar defendeu que a solução deve passar pelo diálogo entre as partes envolvidas. Ele destacou que, embora o setor evite envolvimento político direto, a polarização tem prejudicado a economia e os setores produtivos, que se veem no meio de um embate político sem uma resolução clara. “Tudo tem que ter conversa, né? Tem que ter diálogo. A intransigência de ambos os lados é muito difícil”, completou.

A pesca oceânica de atum no estado é mais intensa durante o período de lua cheia, que em agosto ocorrerá entre os dias 9 e 16. Caso a tarifa de 50% seja mantida, a frota de barcos do Rio Grande do Norte não deverá ir ao mar nesse período crítico, comprometendo ainda mais a produção e as exportações para o mercado norte-americano.

Agora RN

Preço da caixa de laranja cai de R$ 80 para R$ 26 no Brasil; tarifaço de Trump pode inviabilizar negócio

FOTO: GETTY

O plano do Presidente Donald Trump de impor uma nova tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto pode devastar o cinturão citrícola do Brasil, onde os agricultores enfrentam uma queda acentuada nos preços, a colheita da safra foi desacelerada, os cronogramas da indústria foram interrompidos e alguns produtores podem deixar as frutas apodrecerem à medida que as tensões comerciais aumentam.

Os agricultores afirmam que os exportadores brasileiros de suco de laranja deveriam buscar outros mercados se os EUA não mudarem sua postura ou negociarem. No pior cenário, eles veem o risco de deixar as frutas apodrecerem porque os preços podem não cobrir os custos da colheita.

O agricultor Ederson Kogler está ciente de que o acesso a novos mercados “não pode acontecer da noite para o dia”, enquanto sente o peso das potenciais tarifas adicionais. Ele disse que, em janeiro, os exportadores de suco pagaram cerca de R$ 80 reais por uma caixa de laranjas, enquanto na semana passada o preço caiu para R$ 26 reais.

Nos Estados Unidos, um em cada dois copos da bebida vem do país sul-americano, que responde por 80% das vendas globais de suco de laranja e é um fornecedor difícil de substituir.

Brasil é responsável por 70% da laranja importada dos EUA

O Brasil responde por 70% de todo o suco de laranja importado pelos EUA, e a nova tarifa representaria um aumento de 533% sobre a taxa de US$ 415 por tonelada já cobrada sobre o suco brasileiro.

A ameaça de tarifas surge no momento em que a produção de suco de laranja dos EUA na safra 2024/25, que vai até setembro, é estimada em 108,3 milhões de galões, o nível mais baixo desde 1970/71, reduzindo os estoques domésticos para o menor nível em cinco décadas, de acordo com o USDA.

Ponta Negra News

Roberto Serquiz: “Próximo governador precisa enfrentar crise desde o 1º mês”

FOTO: JOSÉ ALDENIR

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, afirmou que o próximo governador do Estado terá a obrigação de enfrentar de imediato a crise fiscal que limita a capacidade de investimento da administração estadual. “Hoje se governa para pagar folha. Esse é o maior problema do Estado”, disse. Segundo ele, o desafio fiscal compromete diretamente obras, infraestrutura e atratividade econômica. “O próximo governante precisa colocar isso como prioridade já no primeiro mês de gestão.”

Durante entrevista à Band RN, Serquiz defendeu que o governo estadual busque apoio federal para viabilizar soluções, especialmente para áreas como infraestrutura e logística. Ele citou o caso do Porto de Natal, que, segundo estudo da Fiern, exige um investimento estimado em R$ 250 milhões. “A situação do nosso porto precisa ser resolvida. É uma questão de competitividade. Nossa produção está saindo pelo Pecém, no Ceará, por Suape, em Pernambuco, e agora pelo porto de Cabedelo, na Paraíba”, explicou. A perda de cargas para estados vizinhos encarece o frete e fragiliza a indústria potiguar.

O levantamento feito pela Fiern indica que, com investimentos em dragagem, guindastes e escâneres, o Porto de Natal poderia gerar uma movimentação financeira de até R$ 1 bilhão em apenas um ano. Para Serquiz, o custo da inércia é alto demais. “A Paraíba está fazendo uma ponte de Lucena para Cabedelo e olhando para a mercadoria que sai do RN pela BR-101. Eles se preparam. E nós?”.

O presidente da Fiern voltou a afirmar que a crise fiscal do RN precisa ser enfrentada com seriedade e urgência. “O Estado não pode mais ficar paralisado. A pauta da infraestrutura não pode esperar. Ou atacamos o problema ou vamos continuar perdendo oportunidades. Quem assumir o governo em 2027 vai ter que começar por aí.”

Ao tratar da relação com o Governo do Estado, o presidente da Fiern relatou que entregou à governadora Fátima Bezerra (PT) uma agenda propositiva em abril de 2024. O documento inclui temas como a modernização da legislação ambiental (Lei Complementar 272/2004), a criação de uma política industrial estadual e a regulamentação da transação tributária. Segundo ele, alguns pontos vêm avançando, como a Parceria Público-Privada (PPP) e a própria transação tributária, que pode reativar CNPJs e recuperar parte dos R$ 10 bilhões inscritos na dívida ativa estadual.

Serquiz afirmou que o Estado precisa garantir segurança jurídica, velocidade no licenciamento ambiental e previsibilidade fiscal para atrair novos empreendimentos. Ele defendeu que o Rio Grande do Norte invista não apenas em seus ativos naturais – como sal, fruticultura, petróleo e pesca –, mas também em indústrias de transformação, como confecção, móveis e plástico. “O RN tem riqueza, mas precisa transformá-la em qualidade de vida para as pessoas. Isso se faz com emprego e bem-estar”, afirmou.

Questionado sobre os efeitos da recente sobretaxa de 50% anunciada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, Serquiz demonstrou preocupação. No caso do RN, a medida afeta diretamente os setores de pesca (especialmente atum), sal, fruticultura, petróleo e doces, como balas e caramelos. “Esses segmentos empregam 29 mil pessoas. É uma ameaça real à nossa economia.”

Segundo o presidente da Fiern, mais de 80% das exportações desses segmentos têm como destino o mercado americano. “É impossível migrar de imediato para novos mercados. Existe uma cultura de consumo que foi construída ao longo de anos. O impacto é devastador.” A Fiern vem se articulando com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Governo do Estado e o Governo Federal na tentativa de negociar uma prorrogação ou uma saída diplomática que evite prejuízos maiores.

Serquiz informou que uma carta conjunta dos setores produtivos está sendo elaborada para pressionar o Governo Federal a intervir nas negociações com os Estados Unidos. “Não houve qualquer motivação econômica para essa taxação. É um problema político. O Brasil precisa agir com moderação, mas com firmeza, para proteger seus setores produtivos”, defendeu.

Agora RN

Tarifaço: RN será o 5º estado mais afetado em volume de exportações

FOTO: DIVULGAÇÃO

O Rio Grande do Norte será o quinto estado do País mais afetado, em volume de exportações, pela taxação do governo Donald Trump, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Isso porque os Estados Unidos responderam, no primeiro semestre deste ano, por 15,3% das vendas de produtos potiguares ao exterior. Em valor comercializado, o RN exportou US$ 67,1 milhões para os EUA no período, ocupando a 16ª posição no ranking brasileiro. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

De acordo com o ranking das exportações para os EUA, o Ceará pode sentir o maior impacto, levando em conta que o mercado americano representou 51,9% das exportações daquele estado. Espírito Santo, Sergipe e São Paulo, onde os EUA responderam, respectivamente, por 33,9%, 31,4% e 19,5% das vendas ao exterior nos primeiros seis meses de 2025, também serão fortemente afetados.

O economista Helder Cavalcanti avalia que os impactos da taxação serão expressivos frente ao fato de que os itens exportados são produtos diretamente vinculados à economia local. Além disso, ele lembra que as exportações do Rio Grande do Norte têm apresentado sucessivos índices de crescimento nos últimos anos. “Então, a taxação desequilibra esse momento que a gente observa recentemente”, analisa.

De acordo com um levantamento do Observatório Mais RN, da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), os derivados de petróleo foram os produtos potiguares mais exportados para o mercado americano no primeiro semestre de 2025, com US$ 24,3 milhões em vendas. Já os peixes frescos ou refrigerados registraram US$ 11,5 milhões em exportação para o país, seguidos dos produtos de origem animal (US$ 10,3 milhões), pedras de cantaria ou de construção (US$ 4,3 milhões) e produtos de confeitaria sem cacau (US$ 4,1 milhões). Os dados têm como base a plataforma Comex Stat, do MDIC.

Dentre as alternativas para fugir dos reflexos negativos da taxação, Helder Cavalcanti defende a busca por novos mercados. “Nós temos o BRICS [formado por países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] como uma pauta de reorganização da balança comercial e da economia internacional, de onde esperamos que surjam soluções. A gente acredita que o nosso empresariado vai amadurecer diante do surgimento de grandes players do mercado para criar uma nova solução para as exportações”, pondera.

O setor de petróleo não será o único a ser afetado no RN. As exportações de atum podem perder cerca de US$ 50 milhões por ano (R$ 280 milhões), conforme estimativas do Sindicato de Pesca do RN (Sindipesca). Arimar Filho, presidente sindical, disse em entrevista à TN no último dia 15 que o envio de peixe congelado aos EUA já estava paralisando por causa do receio da taxação.

Já em valor exportado, São Paulo deverá sentir os maiores reflexos, uma vez que o estado exportou US$ 6,4 bilhões ao mercado americano entre janeiro e junho deste ano, seguido do Rio de Janeiro (US$ 3,2 bilhões), Minas Gerais (US$ 2,5 bilhões), Espírito Santo (US$ 1,6 bilhão) e Rio Grande do Sul (US$ 950,4 milhões).

Petróleo terá perdas de R$ 110 mi/ano

A Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP) estima perdas anuais para as exportações de derivados de petróleo do Rio Grande do Norte superiores a US$ 20 milhões anuais (cerca de R$ 111 milhões). “Trata-se de um prejuízo expressivo, especialmente quando se considera o peso dessa atividade na geração de receitas estaduais, tributos setoriais e movimentação da cadeia produtiva local”, afirma Lucas Mota, gerente-executivo da ABPIP.

Ele descarta a inviabilização total das vendas do setor potiguar para os Estados Unidos, mas reconhece que o RN terá dificuldades em manter atratividade comercial para esses produtos. “A taxação não vai inviabilizar totalmente as exportações dos derivados de petróleo do RN, mas os embarques se tornarão economicamente menos viáveis se a medida entrar em vigor. Uma tarifa de 50% encarece significativamente o óleo potiguar em relação a concorrentes globais, reduzindo sua atratividade comercial”, destaca.

Mota aposta na capacidade de adaptação da indústria para reverter os impactos. Segundo ele, mercados como Índia, China, países do sudeste asiático e partes da Europa já importam petróleo de características semelhantes ao exportado por aqui. O redirecionamento de volumes, segundo ele, dependerá de ajustes logísticos e negociações comerciais.

“Mas há espaço para reposicionamento, ainda que com possíveis impactos sobre margens e prazos”, frisa Mota. De acordo com ele, não existe previsão, inicialmente, de redução na produção. “A parcela exportada para os EUA pode ser redirecionada para o mercado interno ou outros destinos internacionais. A produção local tem flexibilidade para adaptação, e as operadoras devem priorizar a manutenção da atividade produtiva, sobretudo em razão da estabilidade operacional”, diz.

Mobilização dos setores em busca de soluções

Diante do anúncio feito por Donald Trump, os principais setores de exportação do RN têm se mobilizado para buscar soluções para a medida, que estabelece a taxação de 50% dos produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos. O secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte, Alan Silveira, disse que o Governo do Estado vem empreendendo esforços, como a elaboração de uma carta desenvolvida pela secretaria para incluir o RN nas negociações sobre a taxação.

“As tratativas em plano macro são lideradas pelo Governo Federal, mas no âmbito local o governo do estado vem empreendendo esforços, como é o caso da carta-proposta elaborada em conjunto com as entidades do setor e com os principais players exportadores impactados pelo anúncio do tarifaço”, esclareceu Silveira.

A mobilização conta com entidades como a Federação das Indústrias (Fiern). Roberto Serquiz, presidente da federação, cita que os números sobre as vendas do mercado local para os EUA correspondem a praticamente 10% do PIB Industrial do estado. Ele sublinha que está em constante diálogo com os setores envolvidos nas exportações e também em interlocução com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

“Paralelo a isso, os presidentes de sindicatos estão mobilizando, na mesma proporção, seus parceiros nos Estados Unidos. Esse diálogo junto aos parceiros está tentando criar um cenário de perspectiva, de alguma solução que, claro, não depende dessa relação, mas que pode influenciar nos seus respectivos países. A CNI já apresentou ao governo brasileiro o tamanho do impacto aqui no nosso estado. A apreensão é muito grande, porque há um peso imenso, inclusive, no que se refere a empregos”, disse Serquiz.

Balanço

Participação dos EUA nas exportações dos estados brasileiros*:

Ceará 51,9%

Espírito Santo 33,9%

Sergipe 31,4%

São Paulo 19,5%

Rio Grande do Norte 15,3%

Rio de Janeiro15%

Santa Catarina14,5%

Maranhão 13,3%

Paraíba 12,4%

Minas Gerais 11,6%

Rio Grande do Sul 10,2%

Alagoas 9,1%

Amazonas 8,7%

Bahia 8,3%

Amapá 7,7%

Paraná 6,6%

Mato Grosso do Sul 6%

Pará 5,2%

Goiás 5,1%

Rondônia 4,9%

Pernambuco 4,5%

Piauí 3,7%

Distrito Federal 3,11%

Tocantins 2,5%

Acre 1,3%

Mato Grosso 1,11%

Roraima 0,6%

*Dados referentes ao 1º semestre de 2025

Tribuna do Norte

Festa de Santa Rita de Cássia 2025 movimentou R$ 40,2 milhões em Santa Cruz

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A festa de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz (RN) gerou uma movimentação financeira superior a R$ 40,2 milhões reunindo mais de 211 mil pessoas em maio de 2025, conforme pesquisas do Instituto Fecomércio RN.

Os números foram apresentados na noite de terça-feira (22), reunindo empresários do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do município e representantes do poder público, na Casa do Empresário, sede do Sindivarejo naquele município.

Um dos levantamentos mostra a Percepção dos Empresários mostrando que, entre os empreendedores, 66,9% avaliaram o impacto da festa em seus negócios como positivo. O faturamento médio diário por estabelecimento alcançou R$ 1.683,77, o maior patamar da série histórica, um salto de 16,1% em relação a 2024.

A pesquisa ainda aponta que, para se preparar, 58,9% dos entrevistados ampliaram estoque, 33,8% melhoraram a variedade de produtos, e 21,9% contrataram mão de obra temporária.

Maioria dos participantes é de turistas

O estudo Perfil dos Participantes aponta um público diversificado, mas com predominância de turistas: 70% eram visitantes de outros municípios, enquanto 30% eram residentes. Desses, 74,2% vieram do Rio Grande do Norte, seguidos por 15,6% da Paraíba e 7,5% de Pernambuco, reforçando o caráter regional do evento e sua vocação como polo de turismo religioso e cultural no estado.

O perfil de gastos destaca comportamentos distintos. Residentes gastaram em média R$ 416,96 por dia (um aumento de 12% em relação ao ano anterior), com 56,4% em compras e 22,2% em alimentação. Por sua vez, turistas despenderam R$ 428,78 diários – elevação de 12,8% – com 21,1% em transporte e 28,4% em compras. A nota média geral atribuída ao evento foi 9,47, sendo 9,61 pelos visitantes e 9,13 pelos moradores, evidenciando alta satisfação em ambos os grupos.

“A Festa de Santa Rita de Cássia reafirma seu papel como motor econômico e cultural para Santa Cruz e região. O aumento no gasto médio dos participantes fortalece o comércio, os serviços e gera renda e empregos temporários, beneficiando toda a cadeia produtiva local”, afirmou o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Santa Cruz, Márcio Macedo, destacou: “O fato de os turistas continuarem com gasto médio superior ao dos moradores também reforça o potencial da festa enquanto ativo estratégico para o turismo religioso e cultural da região”.

Agradecendo pela parceria do Sistema Fecomércio RN pelo oitavo ano consecutivo na realização da pesquisa sobre a Festa de Santa Rita de Cássia, a prefeita Ana Fabrícia de Souza disse que “esse trabalho vai muito além da apresentação de dados. A pesquisa entrega instrumentos concretos para que o poder público e o setor empresarial possam planejar de forma estratégica, promovendo melhorias na festa, na qualidade dos serviços oferecidos durante o período e até no cuidado com nossos equipamentos públicos. Esse trabalho é uma contribuição valiosa para o desenvolvimento econômico de nossa Santa Cruz”, destacou.

Realizada entre 17 e 22 de maio, a pesquisa ouviu 601 participantes em pontos estratégicos da cidade e 151 empresários dos setores de Comércio e Serviços, com margem de erro de 3 pontos percentuais e nível de confiança de 95%. A íntegra dos relatórios está disponível em: fecomerciorn.com.br/pesquisas.

Economia de Santa Cruz e Região Agreste

Durante a apresentação da pesquisa do IFC, o economista da Fecomércio RN, William Figueiredo, traçou um panorama da economia do Agreste Potiguar, com foco no município de Santa Cruz, a maior economia da região, concentrando quase 15% do PIB do Agreste.

A cidade responde por 48,1% do PIB de Comércio e Serviços regional, com mais de 2.200 empregos formais no setor e um saldo positivo de 536 vagas desde 2020. O estudo também destacou o avanço da formalização via MEI, categoria empresarial concentrada no município, com representação de 83% das empresas ativas da região no setor de Comércio e Serviços.

A análise incluiu ainda os números da macrorregião do Agreste, que abrange 33 municípios e representa 5,3% do PIB estadual. O setor de Comércio, Serviços e Turismo responde por mais de 33% do PIB da economia regional, com cerca de 9 mil MEIs e 8,9 mil empregos formais.

Novo Noticias

Zona Leste concentra combustíveis mais baratos de Natal em julho

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A zona Leste de Natal concentrou os menores preços dos principais combustíveis comercializados na capital potiguar durante o mês de julho. É o que revela o ranking mensal dos dez postos de combustíveis com menores valores, divulgado pelo Núcleo de pesquisa Procon Natal. Segundo o levantamento, os valores mais baixos registrados foram: gasolina comum a R$ 5,97, etanol por R$ 4,77, GNV a R$ 4,95 e diesel S-10 a R$ 5,89.

O menor preço da gasolina e do etanol foi encontrado no bairro das Rocas. Já o Gás Natural Veicular (GNV) mais barato aparece em quatro estabelecimentos, dois deles também na zona Leste, no bairro Lagoa Seca, e outros dois estão situados em Candelária e Lagoa Nova, na zona Sul.

O único produto com menor valor encontrado fora da zona Leste foi o diesel S-10 (R$ 5,89), registrado em Lagoa Nova, zona Sul.

Além de liderar nos preços mais baixos, a região Leste também concentra a maior parte dos postos que aparecem entre os dez mais baratos para gasolina e etanol. Bairros como Alecrim, Dix-Sept Rosado e Petrópolis reforçam a tendência de preços mais competitivos nessa parte da cidade.

A pesquisa do Procon aponta ainda os preços médios praticados em Natal: gasolina comum a R$ 6,10, etanol a R$ 4,98, GNV a R$ 5,13 e diesel S-10 a R$ 6,09. O ranking completo está disponível no site da Prefeitura do Natal.

Portal 98 FM

Tarifaço: Brasil pode perder 1,9 milhão de empregos e PIB cairá 2,2% se país retaliar Trump

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Uma nova pesquisa, desta vez divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), calcula que mais de 1,9 milhão de brasileiros podem perder o emprego caso o Brasil decida retaliar os Estados Unidos com uma taxa de 50% às exportações norte-americanas. O levantamento também mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode ter uma queda de 2,21% em um cenário de equiparação da barreira comercial.

O trabalho foi feito considerando a taxa de 50% anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, às exportações de produtos do Brasil. A taxa entra em vigor no dia 1º de agosto e um comitê formado por integrantes do governo federal e empresários tenta derrubar a cobrança. Em meio ao trabalho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) regulamentou a Lei da Reciprocidade.

De acordo com o levantamento, a longo prazo o Brasil perderia mais de R$ 7 bilhões em impostos. Ao todo, 1.934.124 trabalhadores ficariam sem emprego no país – número semelhante à população total de Curitiba, segundo as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

A pesquisa da Fiemg estima que, com a perda de empregos, o rendimento das famílias seria comprometido em R$ 36,2 bilhões. Os setores mais prejudicados, conforme a Fiemg, são o de fabricação de outros equipamentos de transporte, produção de ferro-gusa e ferroligas e fabricação de produtos de madeiras.

Também haverá prejuízos às indústrias de calçados, mineração, maquinários, metalurgia, peças e acessórios para veículos, dentre outros setores. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os estados mais impactados. Na pesquisa, a Fiemg lembra que historicamente a balança comercial entre os dois países é deficitária ao Brasil.

“As exportações brasileiras para os EUA aumentaram de US$ 24 bilhões, em 2015, para US$ 40,4 bilhões em 2024. Já as importações passaram de US$ 26,5 bilhões para US$ 40,7 bilhões no período. Apesar do crescimento nas exportações, o Brasil manteve saldos comerciais negativos em todos os anos analisados. O maior déficit ocorreu em 2022, de US$ 13,9 bilhões, impulsionado por um salto expressivo nas importações”, detalha.

Milhares de empregos sob ameaça em Minas

A retaliação do Brasil às tarifas de Donald Trump, em Minas, podem levar à redução de 262.623 empregos. Em um cenário de sobretaxa apenas às exportações brasileiras, o impacto será de 187 mil postos de trabalho, assegura a Fiemg. O PIB do Estado pode ter uma queda de 2,85%, em um cenário de retaliação por parte do governo brasileiro.

No estado, o setor de siderurgia será o mais afetado, com uma projeção de queda de 12,5% nas exportações. A mineração, que figura entre os setores líderes de exportação, pode observar uma redução de 3,8% no volume de negociações ao exterior.

O Tempo

Sob ameaça da Otan, Brasil terá dificuldade se deixar de importar diesel da Rússia

FOTO: FREEPIK

O mercado brasileiro pode enfrentar dificuldades para encontrar novos mercados de importação de diesel e derivados de petróleo caso deixe de manter relações comerciais com a Rússia. Uma ruptura no fluxo comercial no setor de combustíveis com o Kremlin foi sugerida pelo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, na semana passada, como condição para que o Brasil não seja alvo de sanções do grupo.

Atualmente, a Rússia é o principal fornecedor de diesel ao Brasil, com mais de 40% do volume importado. De janeiro a junho, as importações somaram mais de US$ 2,5 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Os Estados Unidos são o segundo principal fornecedor, seguido pela Arábia Saudita, em transações que se aproximam de R$ 1,5 bilhão.

O economista do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), Eric Gil Dantas, explica que a predominância russa nas relações com o Brasil se deu após as sanções da União Europeia a Vladimir Putin, em função da guerra contra a Ucrânia. “A Rússia vendia muito diesel para a Europa, e esse mercado foi fechado (para o diesel, mas não totalmente para o petróleo cru e o gás natural), e com isto o produto ficou disponível a um preço mais barato, muitas vezes R$ 0,10 mais barato do que os preços internacionais”, ressalta.

Dantas aposta em um encarecimento nos preços do diesel no mercado interno, caso o Brasil busque novos mercados em detrimento da Rússia. Segundo ele, outro impacto será a dificuldade em encontrar outro fornecedor. “Pois a segunda maior fonte, que historicamente sempre foi o principal fornecedor até isso se inverter em 2023, são os EUA, o qual o Brasil segue neste embate contra o tarifaço e a tentativa de intervir na política brasileira via sanções. Teríamos que procurar em outros países, como Emirados Árabes, Kuwait e Índia”, complementa Eric, ao lembrar da ameaça de uma taxa de 50% às exportações brasileiras, anunciada por Donald Trump, nos EUA, que tem gerado um racha na relação comercial entre os dois países.

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, diz que trata o assunto apenas como uma ameaça. “Estamos muito atentos, mas, por ora, não há nenhum plano, vamos aguardar para avaliar o melhor caminho”, compartilha. Araujo alerta para uma preocupação quanto à disponibilidade de óleo diesel caso os produtos da Rússia saiam do mercado.

“No passado, a gente importava, majoritariamente, óleo diesel dos Estados Unidos. Mas com o avanço da guerra entre Rússia e Ucrânia, os Estados Unidos passaram a ser fornecedores da União Europeia e, com isso, há um desequilíbrio no mercado. A saída da Rússia certamente provocará um impacto na oferta e na demanda”, acrescenta.

“E há também uma tendência de elevação de preços. É uma situação delicada”, arremata Sérgio Araújo, da Abicom.

E a Petrobras?

Procurada, a Petrobras apenas informou que não importa diesel da Rússia. Eric Gil Dantas, do Ibeps, por sua vez, lembra que a estatal importa um volume importante de diesel. As negociações miram, em maioria, o mercado dos Estados Unidos e do Golfo Pérsico. “Ela mantém uma relevância muito importante na procura de novos mercados, até porque ela é a maior empresa do país, e estatal, logo tem um poder e uma responsabilidade estratégica incomparável às outras agentes do mercado”, sugere.

O economista ainda frisa que a empresa tem investido na expansão da capacidade instalada para produção de diesel em refinarias, como nos projetos concluídos em Pernambuco. No início do mês, a estatal anunciou um aporte acima de R$ 33 bilhões nas áreas de refino no Rio de Janeiro. “Mas vai demorar ainda uns dois anos para que isto realmente se reflita em volumes muito maiores de diesel nacional no mercado. Essa situação mostra como foi um enorme erro a política para a Petrobras nos dois últimos governos, onde praticamente não se investiu um centavo na ampliação das refinarias, mesmo o Brasil aumentando fortemente sua extração de petróleo”, finaliza.

O Tempo