“Nós acabamos com a tirania da chamada diversidade, equidade, inclusão, e suas políticas em todo o governo federal, no setor privado e, também, em nossas forças militares. E nosso país não mais será engajado no chamado ‘woke’. Nós acreditamos que você deve ser contratado baseado apenas nas suas habilidades e competências, e não por raça ou gênero.
(…) Nós retiramos das nossas escolas públicas o veneno da teoria de raça, e assinamos um decreto fazendo com que seja política oficial nos Estados Unidos apenas dois gêneros: masculino e feminino”, disse o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu primeiro discurso no Congresso depois de eleito para o segundo mandato.
Um tribunal de Barcelona começou a julgar nessa terça-feira (4/2), pela primeira vez na história da Espanha, um caso sobre o direito à morte assistida, após uma jovem paraplégica ter a execução de sua eutanásia suspensa a pedido de seu pai.
Noélia, de 24 anos, confirmou nessa terça sua opção pela eutanásia e disse ao juiz que sofria “coerção” de seu entorno. A jovem foi a primeira a depor na audiência realizada no 12º Tribunal Administrativo de Barcelona. Seus pais, assim como suas duas irmãs, são contra a eutanásia.
Especialistas da Comissão Catalã de Garantia e Avaliação decidiram em julho que seu pedido correspondia às exigências da lei, que estabelece que qualquer pessoa em posse de suas faculdades e sofrendo de uma “doença grave e incurável”, ou de uma condição “crônica e incapacitante”, pode solicitar assistência para morrer.
No entanto, pouco antes da data prevista para sua eutanásia, em 2 de agosto, a justiça aceitou um recurso da associação ultraconservadora Avogados Cristianos (Advogados Cristãos), que representa seu pai, pedindo a paralisação do processo.
A jovem esclareceu, durante a audiência, que não mudou de ideia, mas que encontrou oposição da família, que encheu seu quarto “com santinhos e terços”.
O advogado José María Fernández, que representa o pai, negou, após a audiência, a suposta coação, embora tenha dito que “logicamente havia pessoas lutando por sua vida, insistindo para que ela renunciasse à sua decisão”, e reconheceu que alguns amigos lhe deram uma cruz.
Ele alega que a jovem sofre de um transtorno obsessivo-compulsivo, com pensamentos suicidas e um transtorno de personalidade borderline que “anula sua decisão”. Além disso, o advogado afirma que a paraplegia que sofre não causa dor nem sofrimento insuportável, não se enquadrando nas causas exigidas por lei.
O advogado acrescentou que a jovem “teve pensamentos suicidas praticamente toda a sua vida” e que já tentou se matar em diversas ocasiões.
Noélia ficou paraplégica após se jogar do quinto andar em uma tentativa de suicídio em 2022 e havia pedido oficialmente a eutanásia em abril do ano passado.
Os profissionais de saúde e outros funcionários do governo envolvidos no processo de aprovação da eutanásia confirmaram que Noélia atende aos requisitos estabelecidos na lei e que suas capacidades estão intactas.
Pouco antes da execução da eutanásia em agosto, o pai de Noélia pediu ao juiz que interrompesse o processo e forneceu um vídeo para tentar provar que sua filha conseguia andar com a ajuda de muletas e que poderia melhorar de sua lesão.
A juíza suspendeu a eutanásia da jovem por não considerá-la portadora de “uma doença grave, crônica e debilitante”, apesar de Noélia já ter recebido aval médico.
Conforme solicitado pelo Ministério Público, a juíza convocou a jovem, profissionais de saúde e especialistas para depor na terça-feira e decidir sobre o caso.
Temores sobre contestação do direito de morrer O parlamento espanhol aprovou em 2021 a lei que descriminaliza a eutanásia, tornando a Espanha um dos poucos países que permite que um paciente incurável receba ajuda para morrer.
No entanto, as regras para isso permanecem rígidas: o candidato deve estar “apto e consciente” no momento do pedido, que deve ser feito por escrito e reconfirmado posteriormente, e deve obter autorização de um comitê de avaliação.
Desde que a lei foi aprovada, vários casos foram levados aos tribunais, mas nenhuma audiência foi realizada até agora.
“Estamos preocupados com a normalização da possibilidade de contestar judicialmente resoluções administrativas que aprovam a eutanásia”, lamentou a Associação pelo Direito de Morrer com Dignidade em um comunicado à imprensa.
“A lei da eutanásia defende um direito fundamental e estritamente pessoal no âmbito da vida privada, onde não deve haver interferência de terceiros”, lembrou a organização, sugerindo que “certas forças políticas” tentavam obstruir a lei cuja aprovação no Parlamento não conseguiram impedir.
Katerina Dokuchaeva, de 42 anos, ucraniana residente no Brasil, criticou a posição de neutralidade adotada pelo Brasil no conflito entre Ucrânia e Rússia. Afirmou compreender que é uma tradição na diplomacia brasileira, mas que o atual governo brasileiro parece mais alinhado ao russo nas negociações pelo fim da guerra. A declaração foi dada em entrevista ao Poder360.
Na avaliação dela, o encerramento do conflito é uma realidade distante. A ucraniana também elogiou a gestão do presidente Volodymyr Zelensky nestes 3 anos de guerra e criticou os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para cessar as hostilidades. “Eu não vejo esse conflito chegando ao fim, a não ser que algo mude”, declarou.
Katerina nasceu em Uzhhorod, na Ucrânia, e mora no Brasil desde os 15 anos. Ela é integrante da Slava Ukraine, uma comunidade on-line de ucranianos que moram em São Paulo.
O CEO do Abu Dhabi Investment Group (ADIG), o xeque Zayed Bin Rashid Bin Aweidha Al Qubaisi, esteve no Brasil no fim de 2024 para uma série de reuniões com autoridades nacionais. Entre elas, o presidente Lula da Silva, em Brasília, e o governador Cláudio Castro, no Rio de Janeiro.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Lula ouviu a possibilidade de investimentos superiores a R$ 100 bilhões. Esse valor incluiria aportes principalmente para a restauração de pastagens, desenvolvimento industrial, exportação de produtos agrícolas, projetos de infraestrutura e até defesa militar.
Xeque propõe reurbanizar favelas
A promessa se materializou, sobretudo, em um anúncio sobre a criação de um fundo com esse valor, feito no dia 15 de fevereiro, em Miami. O negócio envolve também o empresário Mário Garnero. Para Castro, o xeque apresentou um plano de investimentos em transportes e reurbanização de favelas na Baixada Fluminense e São Gonçalo. A medida expandiria, dessa forma, a Linha 4 do Metrô. É um projeto que pode exigir investimentos de até R$ 112 bilhões.
O fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, já atua no metrô do Rio. Ele controla a empresa concessionária da Linha 4. O ADIG pode expandir a presença do país ao trazer assim a sua expertise em desenvolvimento urbano. Seria uma forma de impulsionar o crescimento do entorno da capital carioca.
Empresa diz que vai apoiar Eike Batista
O ADIG ainda prometeu investir R$ 2,87 bilhões no projeto de supercana do empresário Eike Batista. O financiamento pode representar a recuperação para os negócios de Eike, que já foi o homem mais rico do Brasil.
O ADIG nasceu em 1958 por meio do pai do atual CEO. O negócio ganhou protagonismo ao desenvolver o país de acordo com os planos do fundador dos Emirados Árabes Unidos, o xeque Zayed Bin Sultan Al Nahyan.
Em seu segundo mandato, o presidente norte-americano fez duas declarações sobre o Brasil até o presente momento. Na primeira, no começo de dezembro de 2024, mencionou a tentativa dos Brics de usar uma moeda que não seja o dólar. Na segunda, assim que retornou ao Salão Oval, indagado sobre o Brasil, declarou em tom de deboche que teria “excelentes” relações com o país, já que o Brasil depende da América em tudo, e a América não depende do Brasil em nada.
O tom mostra ainda mais do que as palavras como é a relação do governo Lula 3 com os EUA, principal parceiro comercial do Brasil: nula. Mauro Vieira, o chanceler oficial, e Celso Amorim, que exerce de fato a função de relações exteriores, não possuem contato algum com a Casa Branca. Que está, em contrapartida, em contato constante com… Eduardo Bolsonaro. Filho do ex-presidente, o deputado também é um nome presidenciável e alguém que está denunciando os desmandos autoritários do Brasil para toda a imprensa e, principalmente, autoridades norte-americanas.
Se a América não é mais o principal aliado comercial do Brasil desde 2009, tendo perdido o posto para a China, isto não significa que os norte-americanos são irrelevantes para o Brasil, como tenta fazer crer Lula. Os EUA ainda são líderes do mundo livre, e, para azedar de vez nossa diplomacia, a ditadura chinesa está em estagnação.
Mas há ainda uma sigla no meio do caminho que pode deixar o Brasil na pior situação possível. Aquela citada na primeira declaração de Trump: o Brics.
Brics, o motivo da discórdia
O bloco, que nasceu como acrônimo dos melhores países para se investir em 2001, segundo a visão de Jim O’Neill, do Goldman Sachs, é hoje tratado pelo próprio criador do termo como algo sem sentido — quem investiria na Rússia, em guerra, hoje, fora do sistema Swift, esperando bom retorno financeiro? O Brics, afinal, eram apenas países com boas perspectivas para investir há 20 anos — não havia nenhuma afinidade cultural, geográfica nem histórica que os unisse.
De repente, o bloco tornou-se um peso geopolítico — algo do qual o Brasil pouco pode se orgulhar, se tenta se vender ao mundo como uma democracia, cujos “poderes extraordinários” surgiriam apenas para “combater antidemocráticos”. Virou um discurso ridículo a ser sustentado diante dos EUA e do Ocidente, quando seus aliados internacionais são Rússia, China e, agora, quitutes como Egito, Etiópia, Indonésia e… Irã. Não se trata de bom alvitre enquanto Alexandre de Moraes cogita reter o passaporte de Eduardo Bolsonaro por denunciar o totalitarismo brasileiro nos EUA.
Diga-me com quem andas e direi quem és
Nesta festa estranha com gente esquisita, da qual Celso Amorim é um dos principais arquitetos, o Brasil teria pouco a fazer, além de passar vergonha. Seria até interessante fazer parte de alguma reunião com mandachuvas como a Rússia e a China — mesmo ditatoriais, o Brasil estaria a portas fechadas com os grandes jogadores do tabuleiro, podendo constantemente ser o fiel da balança num mundo que caminha para a guerra.
Hoje, com os Novos Brics, dividindo a posição com África do Sul, Emirados Árabes, Indonésia e Etiópia, o Brasil é apenas mais um peso morto em uma sala cheia de ditadores dispostos a destruir o Ocidente (isso porque a Argentina, tão logo Milei assumiu, resolveu não passar a vergonha e recusou fazer parte do Brics).
A situação do Brasil, pavoneando “independência”, proclamando “soberania” e papagaiando “democracia” sem convencer ninguém, tem gerado constrangimentos inimagináveis em nossa história.
O primeiro foi em 2023, quando o governo Lula 3, sabe-se lá Deus por que cargas d’água, resolveu permitir que dois navios militares iranianos ancorassem em Copacabana, com apoio de Celso Amorim.
O senador Ted Cruz, um dos mais influentes dos EUA e ex-presidenciável, asseverou que os navios ameaçavam norte-americanos. Até mesmo o governo Biden assegurou que Teerã enriquecia urânio para armas nucleares (projeto que contou com bizarro lobby de Celso Amorim) e que o Brasil enviava “mensagem errada” ao permitir tais navios em suas praias. Os navios, suspeitos de carregar armamento, estão agora na mira do governo Trump, que pode considerar que o Brasil é uma das nações financiadoras do terrorismo.
De novo: não se trata de uma mensagem muito agradável aos olhos norte-americanos, quando o governo brasileiro e, principalmente, o STF vão precisar justificar suas medidas antidemocráticas diante do centro do mundo livre — e enquanto cogitam até prender Eduardo Bolsonaro.
O dinheiro que manda no mundo
Outro ponto de atrito, como declarado por Donald Trump, é a tentativa de trocar as transações internacionais do bloco por uma moeda única (como foi aventado), tentando enfraquecer o dólar — política que é obsessão do governo Lula 3.
Na última semana, Lula escudou-se no discurso do protecionismo para fazer um anúncio tímido e burocrático: afirmou que “aumentar as opções de pagamento significa reduzir vulnerabilidades e custos. A Presidência brasileira está comprometida com o desenvolvimento de plataformas de pagamento complementares, voluntárias, acessíveis, transparentes e seguras”. Nada mais dos arroubos histriônicos, que usavam o Brics como salvaguarda para conversinhas de professor de geografia de ensino médio.
O anúncio de Donald Trump em novembro sobre a moeda do Brics, feito na Truth Social (uma das que enfrentam Alexandre de Moraes em tribunais norte-americanos), envolveu possível aumento de tarifas em 100%. Não parece apenas um blefe: apenas nesta terça-feira, 4, Trump aumentou as tarifas para a China em 50%, além de 25% para México e Canadá. Um aumento de 100% para o Brasil parece ser troco de pinga dentro do pacote do tarifaço. E para um país que pode ser encarado como patrocinador do terrorismo — e que “depende da América em tudo”.
Não contente com isso, duas facções criminosas brasileiras podem ser classificadas pelo governo norte-americano como terroristas. Mais uma vez, o STF é quem está na berlinda: a decisão sem lastro na Constituição de Edson Fachin de proibir operações policiais em favelas desde a pandemia pode ser entendida pelo governo norte-americano como conivência do STF — que, de fato, é quem governa — com o terrorismo.
A conjuntura não se concretiza em bom momento econômico para o Brasil. O dólar comercial ainda está acima de R$ 6 (o turismo chega a R$ 6,23), os preços internamente estão enterrando uma possível reeleição de Lula — que poderia terminar sua biografia perdendo uma eleição e com péssima aprovação popular. O risco de revolta popular também não está descartado — e, desta feita, com norte-americanos entendendo que todo o poder vem do STF, dominado por Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso.
Para segurar o dólar, o governo petista vendeu US$ 33 bilhões em oito dias para conter 20 centavos de dólar, terminando com 7,1% a menos de reserva do Tesouro — a “poupança” que o Estado tem para negociar moeda. O governo petista quer mesmo se fiar em algo que não seja o dólar — mas tem se mostrado totalmente dependente da moeda norte-americana.
O Brasil tem enviado péssimos recados para Washington, num momento em que precisa justificar por que esculhambou a democracia — e, desta vez, não será o STF quem julgará o próprio STF. Além de dólar, Irã, terrorismo e STF, a última várzea tem a ver simplesmente com a China, principal rival norte-americana — e, de novo, tendo Eduardo Bolsonaro como pivô.
O plano da China para escapar de sua crise energética é conseguir urânio brasileiro, que poderia ser enriquecido com ajuda do Irã. O urânio é importante para a agricultura, a medicina e a própria energia nuclear, incluindo a fabricação de bombas nucleares. Os acordos entre a China e o Brasil estão sendo costurados para ser firmados por ocasião do G20, a ser realizado em 22 de novembro em Johannesburgo, na África do Sul.
Para tais acordos serem celebrados, firmando o Brasil como um parceiro nuclear com a China, nos primórdios de uma nova guerra mundial, é preciso aval do Congresso. Eduardo Bolsonaro, que será futuro presidente da Comissão de Relações Exteriores, terá papel fundamental. Washington observará as movimentações da PGR e do STF com lupa — como nunca observou tanto o Brasil.
A volta do ex-ministro Ricardo Barros (PP-PR), ex-líder do governo Bolsonaro, à Câmara dos Deputados abriu uma disputa interna no Progressistas, partido do ex-presidente da Casa Arthur Lira (AL).
A guerra envolve a presidência da Comissão de Agricultura da Câmara. Como noticiou a coluna do Igor Gadelha, Barros retornará a Casa após o Carnaval com a ambição de comandar o colegiado.
O cargo, entretanto, também é cobiçado pelo deputado federal Evair de Melo (PP-ES), que está há tempos na “fila” para assumir a presidência da Comissão de Agricultura.
À coluna Evair disse que abriu mão do posto em 2024 em prol do deputado Vicentinho Júnior (PP-TO) e que só assumiu a presidência da comissão após Vicentinho ganhar um cargo no governo do Tocantins.
“Vai ter disputa no PP por essa vaga. Estou presidente da comissão. Substituí o deputado Vicentinho Júnior e, regimentalmente, posso ser reconduzido”, disse Evair à coluna.
O deputado capixaba diz já ter avisado ao presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e ao líder da bancada na Câmara, Dr. Luizinho (PP-RJ), sobre sua vontade de ser reconduzido.
“Estou pedindo votos à bancada. Essa decisão final cabe ao líder; minha parte é pedir apoio”, afirmou Evair.
A história de Serena Kelley ganhou destaque depois que ela conseguiu escapar de uma seita nos Estados Unidos. Quase como se fosse uma ficção, a mulher revelou o sofrimento que experimentou em um grupo radical religioso. Entre as lembranças, o fato de ter se casado com apenas três anos com um homem de 67.
A memória de Kelley, conforme reportagem do jornal O Globo, ainda continua com certa clareza depois de diferentes tipos de choques emocionais que experimentou no culto Filhos de Deus, também conhecido como A Família Internacional.
Seita: acusações de pedofilia e abuso de poder
Sob a liderança de David Berg desde 1968, a seita recebeu nas últimas duas décadas do século XX acusações de diferentes tribunais por pedofilia e abuso de poder. Foi nesse contexto que a mulher, atualmente com 41 anos, cresceu.
Antes de seu nascimento, seus pais, Alfred e Sara, já faziam parte do movimento que ganhou popularidade entre os hippies da época. Ao tabloide britânico The Sun, Serena explicou que, quando tinha 3 anos de idade, sua mãe a entregou como esposa-criança ao líder da comunidade, que estava no complexo principal das Filipinas.
Era 1983 quando ela nasceu. Como seus pais eram próximos a Berg, o homem se encarregou de escolher seu nome e o futuro que teria. “Ele até selecionou meu pseudônimo, Mary Dear, e narrou minha infância nas publicações da seita, enviadas a seguidores de todo o mundo para mostrar o que era possível quando uma criança é ‘bem criada’”, conta.
Segundo relatou, os abusos que sofreu por parte de Berg começaram quando tinha dois anos. Outros homens também a agrediram sem que ninguém interviesse. “Era parte da vida diária para mim e para as outras crianças”, recorda-se. Quando completou quatro anos, o líder a enviou juntamente com sua mãe e irmã para uma cidade no Japão.
‘Exército de Deus’: lugar de maus tratos
Na Ásia, ela se separou de sua família e ficou aos cuidados de um homem e uma mulher que não apenas abusaram dela, mas também a agrediram. Além disso, ela tomou consciência de outros maus-tratos que as crianças sofriam para formar o Exército de Deus.
“Às vezes, enviavam um carro para me levar até Berg, que havia se mudado para o Japão, mas em 1989, quando eu tinha seis anos, minha mãe, minha irmã e eu nos mudamos para uma região no Brasil e nunca mais o vi”.
No Brasil, milícia para o apocalipse
No entanto, o horror não terminou aí, conforme a reportagem. Na América do Sul, ela foi preparada para formar a milícia que serviria para a chegada do apocalipse. Além disso, a enviavam para pedir dinheiro como mendiga nas ruas, enquanto sua mãe ocupava um cargo de poder na seita, no Rio de Janeiro.
Quando Kelley completou 11 anos, Berg morreu. O idoso foi enterrado em Portugal. Ele nunca pagou pelas acusações de abuso sexual contra menores. “Quanto mais velha eu ficava, mais destroçada me sentia. Queria sair, mas não tinha dinheiro, telefone nem acesso à internet”, disse.
Cabelo cortado e roupas largas: sinal de rebeldia
A mulher conta que sua rebeldia se expressava em atos comuns, como cortar o cabelo e usar roupas largas, duas coisas que eram proibidas. “Minha mãe dizia que eu era uma decepção, mas eu preferia parecer ‘feia’ porque isso significava menos abusos por parte dos meninos e homens ao meu redor”, disse ao The Sun.
Com a popularidade em queda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta o momento mais crítico na aprovação do atual mandato — e um dos piores das três vezes em que esteve à frente do Palácio do Planalto. Caso não consiga se recuperar até o fim de 2025, o petista pode ter pela primeira vez um saldo anual de aprovação negativo. O índice considera a diferença entre “aprova” e “desaprova” nas pesquisas realizadas ao longo de determinado ano e tira uma média. De 2003 a 2010, além da primeira metade da atual gestão, Lula sempre registrou saldo positivo.
Os piores desempenhos anuais do presidente até hoje foram no ano passado, com cinco pontos de saldo na média de todos os levantamentos da Quaest, e 2005, na esteira da crise do Mensalão, quando o cálculo nas pesquisas do antigo Ibope deu a Lula sete pontos a mais de aprovação do que de desaprovação. Já o ápice foi em 2010, ano em que elegeu sua sucessora Dilma Rousseff com saldo positivo de 74 pontos, patamar impensável no Brasil e no mundo polarizados da atualidade.
O desempenho do presidente produz variações, como sempre produziu, mas agora dentro de uma margem mais reduzida. O eleitorado era mais plástico. Hoje as opiniões são mais enrijecidas, há uma margem menor de plasticidade — diz o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, conselheiro da Associação Brasileira dos Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), que considera o índice de saldo de aprovação a melhor forma de acompanhar séries históricas de diferentes institutos.
Antes, aponta Lavareda, presidentes começavam os mandatos munidos da boa vontade daqueles que votaram em outros candidatos. Um exemplo internacional citado por ele é o de John Kennedy, nos Estados Unidos, que ganhou a eleição por diferença pequena do republicano Richard Nixon e, mesmo assim, começou o mandato com 72% de aprovação.
Os cenários mais polarizados produzem eleições vencidas por diferenças pequenas, como a de Lula sobre Bolsonaro em 2022, cujo placar no segundo turno foi de 50,9% a 49,1%. Mas aquela boa vontade de quem votou no nome derrotado passou a ser reduzida, o que propicia patamares menores de aprovação. A maior parte das disputas mundo afora nos últimos anos tem sido com sociedades divididas.
Sinais ruins
Nas pesquisas divulgadas este ano, os recados são ruins para Lula. A Quaest, por exemplo, registrou pela primeira vez um resultado mais negativo do que positivo para o petista desde o início do mandato: 49% desaprovam, 47% aprovam. No Datafolha — que não testa o cenário aprova contra desaprova —, Lula perdeu 11 pontos de “ótimo ou bom” em dois meses, entre dezembro e fevereiro. De 35%, a soma das duas respostas favoráveis passou para 24%.
Há cerca de um ano e meio, em agosto de 2023, o presidente tinha 60% de aprovação na Quaest, com diferença de 25 pontos para a desaprovação, de 35%. Foi o auge do Lula 3. No saldo médio daquele ano, Lula ficou com 17 pontos.
Tanto na política como entre analistas, a tese principal é de que essa piora se dá sobretudo pelo alto custo dos alimentos, algo que Lula tem abordado em discursos. Por essa razão que o tombo é mais forte em segmentos em que o petista consolidou como base, especialmente os mais pobres.
A expectativa no governo, corroborada pelo setor produtivo, é de um cenário mais favorável este ano, na esteira da previsão de safra recorde. Além da alta do dólar, que impacta nos preços, 2024 foi marcado por períodos de seca, por exemplo, o que prejudicou a produção e a oferta de produtos.
Houve ainda, em janeiro deste ano, a questão circunstancial da crise do Pix, que também baqueou o governo e o colocou nas cordas. Tanto o episódio envolvendo a modalidade de transferência financeira como o preço da comida são sintomáticos da força da oposição no duelo de narrativas, avalia o cientista político Josué Medeiros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ):
A queda na aprovação de Lula é uma mistura do conjuntural com o estrutural. Hoje há uma oposição de extrema direita que mobiliza as pessoas. As pessoas já estão incomodadas com a inflação, e além disso tem um ator político o tempo todo martelando esse tema na mesa de bar, na igreja, nas sociabilidades em geral.
O governo e a esquerda, opina Medeiros, penam para valorizar o que têm de bom no cardápio de números macroeconômicos.
O aumento de 9,3% na renda per capita domiciliar em 2024 é extraordinária, mas o ator que poderia se mobilizar em torno desse dado não se mobiliza. Só a extrema direita faz essa disputa. As pessoas só ouvem uma mensagem — afirma.
Além disso, existe entre aliados de Lula a leitura de que o preço da comida acaba corroendo a melhora na renda, já que passa a ideia de que o governo “dá com uma mão e tira com a outra”.
É com base nessa lógica que Lavareda usa o governo de José Sarney como exemplo. A hiperinflação que marcou aquele período eclipsou o crescimento do PIB acima de 4% na média, com direito a evolução superior a 7% nos dois primeiros anos. O que fica como memória é o poder de compra inviabilizado pela variação de preço.
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