
O presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, fez uma declaração contundente nesta sexta-feira, acusando o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de desrespeitá-lo durante uma reunião no Salão Oval da Casa Branca. O encontro, que tinha como objetivo discutir o futuro da guerra na Ucrânia e um possível acordo de paz, descambou para um embate público entre os dois líderes, expondo tensões crescentes na relação entre Washington e Kiev.
Em comunicado oficial divulgado horas após a reunião, Trump afirmou que o diálogo com Zelensky foi “muito significativo” e revelou aspectos que, segundo ele, só poderiam emergir em um contexto de “fogo e pressão”. No entanto, o tom da declaração rapidamente virou crítica. “Determinei que o presidente Zelensky não está pronto para a paz se a América estiver envolvida, porque ele sente que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações”, escreveu Trump. “Não quero vantagem, quero PAZ.”
O ponto central da controvérsia, conforme o presidente americano, foi o comportamento de Zelensky durante a reunião no Salão Oval, um dos espaços mais simbólicos do poder executivo dos EUA. “Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval”, declarou Trump, sem detalhar exatamente o que motivou a acusação. O presidente encerrou a nota com um ultimato: “Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz.”
Tensão no encontro
A reunião entre Trump e Zelensky, marcada para esta sexta-feira, já era aguardada com expectativa devido às divergências públicas recentes entre os dois líderes. Trump, que desde o início de seu novo mandato em janeiro de 2025 tem defendido uma abordagem de negociação direta com a Rússia para encerrar o conflito na Ucrânia, vinha pressionando Zelensky a aceitar concessões para um cessar-fogo. Por sua vez, o líder ucraniano tem insistido em garantias de segurança dos EUA e rejeitado qualquer acordo que enfraqueça a soberania de seu país.
Fontes próximas à Casa Branca indicam que o clima no Salão Oval azedou quando Zelensky teria questionado a postura de Trump em relação ao apoio militar americano, sugerindo que os EUA estavam mais interessados em explorar recursos minerais ucranianos do que em assegurar a paz. Trump, segundo relatos, teria reagido elevando o tom de voz e acusado Zelensky de ingratidão, apontando os bilhões de dólares em ajuda enviados à Ucrânia nos últimos anos.
Contexto delicado
A acusação de desrespeito vem em um momento crítico para as relações entre os dois países. Nos últimos dias, Trump intensificou suas críticas a Zelensky, chegando a chamá-lo de “ditador sem eleições” em referência ao adiamento das eleições ucranianas devido à lei marcial em vigor desde a invasão russa em 2022. Em contrapartida, Zelensky tem cobrado um papel mais ativo dos EUA nas negociações de paz, alertando que qualquer acordo sem garantias sólidas poderia abrir caminho para novos ataques russos.
A Casa Branca vinha negociando um acordo que daria aos EUA acesso a minerais de terras raras na Ucrânia em troca de suporte contínuo, mas as discussões parecem ter naufragado após o encontro de hoje. A declaração de Trump sugere que, por ora, ele está disposto a dar um passo atrás na mediação do conflito, colocando a responsabilidade sobre Zelensky para retomar o diálogo.
Repercussão
A oposição nos EUA já começou a reagir. Líderes democratas criticaram Trump por “abandonar um aliado em meio a uma guerra”, enquanto aliados do presidente elogiaram sua postura firme. “Trump está certo em exigir respeito. Os EUA não podem ser tratados como um caixa eletrônico por nações que não apreciam nosso apoio”, disse um senador republicano próximo ao governo.
Na Ucrânia, o governo ainda não respondeu oficialmente à declaração de Trump, mas analistas preveem que a relação bilateral pode entrar em uma fase de esfriamento. Enquanto isso, o mundo observa se o impasse no Salão Oval terá impactos duradouros na busca por uma solução para a guerra que já dura três anos.
Diário de Notícias Brasil