A revista Veja publicou uma reportagem nesta sexta-feira, 8, revelando o rosto, nome completo, endereço e fachada da casa onde mora o porteiro do condomínio Vivendas da Barra. O porteiro exposto pela revista foi quem contou à Polícia Civil do Rio de Janeiro que um dos acusados pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes pediu para visitar a casa 58, onde vivia o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A reportagem irresponsável da Veja tem com foco na exposição da vida íntima de uma pessoa que hoje corre sério risco de vida. Em tom alarmista, a matéria “Achamos: o paradeiro do porteiro do condomínio de Bolsonaro” traz entrevistas apenas com os vizinhos e familiares do trabalhador, que o qualificam como um homem “discreto” e que não frequenta bares nem festas e nos fins de semana, também alegando que ele está mais calado depois que seu depoimento veio à tona.
O texto também explora as condições financeiras do porteiro e de sua família, descrevendo com detalhes a casa simples em que vive. “O sobrado em que vive, parecido com os outros da rua, tem dois andares e terraço. Quinze parentes convivem em cinco pequenos apartamentos de dois quartos, e no térreo, onde o portão costuma ficar aberto, membros da família mantêm uma oficina de carros improvisada. Um pequeno cartaz pregado no muro avisa que ali se vendem sacolés a 1,50 real”, consta na reportagem.
Ainda há menção de que o local fica próximo a uma favela que é “reduto das milícias que atuam na Zona Oeste carioca” e indica que o policial Ronnie Lessa, principal acusado de assassinar a vereadora, seja um dos chefes da região. A reportagem sustenta argumentos de que o porteiro se dobrou à pressão do miliciano para mentir à polícia sobre a visita de Élcio Queiroz à casa de Jair Bolsonaro.
Detalhes íntimos sobre o nome do porteiro, da esposa, idade, endereço, é amplamente explorado na matéria. De acordo com a reportagem da revista, “Assim que a reportagem se identificou, [o porteiro] se limitou a responder: ‘Eu não estou podendo falar nada. Não posso falar nada.’ Em seguida, virou as costas e fechou a porta.”
Intitulada “O PORTEIRO DO “SEU JAIR“, a reportagem foi matéria de capa da edição desta sexta-feira da revista, que também afirma inúmeras vezes que o porteiro mentiu à polícia, argumentando que sua versão foi confrontada pelos áudios da portaria vazados pelo filho do presidente, Carlos Bolsonaro, e que ele deve ser investigado pela Polícia Federal.
Com informações: Veja