A tensão entre os Estados Unidos e a China em meio à pandemia do novo coronavírus aumentou nesta terça-feira (17). As autoridades de Pequim protestaram depois de o presidente americano, Donald Trump, descrever a doença como um vírus chinês.
“Os Estados Unidos apoiarão fortemente as indústrias, como companhias aéreas e outras, que são particularmente afetadas pelo vírus chinês”, escreveu o líder republicano no Twittter na segunda-feira (16).
Em ocasiões recentes, membros do governo Trump também se referiram à pandemia como “coronavírus chinês” ou “vírus de Wuhan”.
A China reagiu nesta terça, dizendo estar indignada com a expressão, que considera preconceituosa.
Os Estados Unidos devem “cessar imediatamente suas acusações injustificadas contra a China”, disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang.
A agência chinesa estatal de notícias Xinhua afirmou que usar “termos racistas e xenófobos para culpar outros países pelo surto revela a irresponsabilidade e incompetência dos políticos, que apenas intensificam o medo do vírus”.
Os comentários de Trump foram criticados também dentro dos Estados Unidos, pois podem estimular a hostilidade contra imigrantes.
“Nossa comunidade asiático-americana —pessoas a quem você serve— está sofrendo muito. Elas não precisam de você para alimentar a intolerância”, escreveu no Twitter o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, cuja cidade é uma das mais afetados pelo vírus nos Estados Unidos.
O novo coronavírus foi detectado pela primeira vez na China, em dezembro de 2019. As autoridades disseram que ele apareceu em um mercado de Wuhan onde animais vivos são vendidos.
A China mantém reserva sobre a natureza do vírus e diz que sua origem é desconhecida.
Nos últimos dias, no entanto, diversas autoridades chinesas divulgaram teorias sobre uma suposta conspiração e apontaram que o coronavírus foi trazido para a China por militares dos EUA.
Folha de S. Paulo