As inquietações, cheias de nostalgia, lembranças e esperanças do escritor Mário Ivo e do jornalista e professor Jânio Vidal, diante dos escombros do que foi o prédio do Diário de Natal, na Avenida Deodoro, deveriam incomodar mais gente.
Todos.
Como se consegue dormir com um barulho deste tamanho?
Lá foi um jornal, um cinema, uma rádio.
Lá foi, por certo tempo, o centro de poder. Lá teve romaria de poderosos de plantão.
Lá teve beija-mão.
Lá teve lutas heróicas e vitoriosas em defesa da natureza e pela preservação de Natal.
Também teve desavenças e incompreensões.
Por lá passaram alguns dos maiores talentos da comunicação.
Jornalistas, radialistas, fotógrafos. Inúmeros profissionais da área.
Muitos dos que trabalharam por lá ainda estão no batente.
Morre assim a história de todos eles?
Teve auditório, cantores e cantoras, gente famosa e nem tanto.
Por lá muitos assistiram seus filmes prediletos.
Se emocionaram, se apaixonaram, se divertiram.
E todos, certamente, com a mesma pergunta:
Como permitiram isso acontecer?
O que será possível fazer para salvar uma parte da história de Natal e do RN?
Não é possível fazer mais nada?
Nem um ato de protesto e alerta diante do entulho do que já foi muito vivo, vibrante, energético, explosivo, e pacato?
Unir sindicatos de trabalhadores e patrões, meios de comunicação, poder político, jurídico, econômico, o homem simples da rua.
Juntar o escambau.
Bem que Natal e o RN poderiam dar um exemplo raro para o Brasil de convergências nestes tempos tão aflitos e intolerantes.
Certezas são poucas.
Nem interessa saber se há questões legais. ações judiciais, brigas patrimoniais ou imobiliárias.
O certo é que alguém precisa convocar a cidade e o Estado para uma reação.
Salvar o que for possível salvar.
Tem ideia do que fazer?
Não, Nenhuma.
E muitas.
Mas, nos destroços daquela solidão, somente um grito se impõe.
Salvem a história!
Por Rocardo Rosado/ FatorRH