Aliado mais próximo do vice-presidente Michel Temer e cotado para participar de um eventual governo dele, Moreira Franco criticou hoje (1°), nas redes sociais, o discurso da presidenta Dilma Rousseff em ato do Dia do Trabalho promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Segundo Moreira Franco, Dilma “insiste na manipulação e na propaganda enganosa”.
Moreira Franco negou que um possível governo Temer restringirá o Bolsa Família, programa de transferência de renda do governo federal, aos 5% mais pobres da população. “A proposta da Travessia Social [programa de Michel Temer para a área social caso assuma a Presidência] é manter o Bolsa Família para todos! E melhorar para os 5% mais pobres”, afirmou.
Ele criticou ainda o momento escolhido por Dilma para anunciar um reajuste no Bolsa Família, que será de 9%. “O último aumento dado pelo governo foi em junho de 2014, véspera das eleições e sem considerar a inflação. E só agora anuncia um novo reajuste. O povo não é bobo.”
Além do Bolsa Família, a presidenta Dilma anunciou correção de 5% na tabela do Imposto de Renda Pessoa Física.
Na foto (em outubro de 2014) Aécio Neves e Marina Silva apareceram pela primeira juntos em São Paulo, durante campanha presidencial de 2014 (Foto: Nelson Almeida/AFP)
Os dois principais concorrentes da presidenta Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições presidenciais de 2014, Marina Silva e Aécio Neves usaram as redes sociais hoje (1°), quando é celebrado o Dia do Trabalho, para criticar o aumento do desemprego no país.
Aécio, senador e presidente nacional do PSDB, disse se solidarizar com os brasileiros desempregados. “Minha homenagem aos trabalhadores brasileiros. Lembrando que mais de 10 milhões perderam seus empregos em razão de uma política econômica que levou o país ao fundo do poço. É com esperança e reconhecimento que me solidarizo com cada um deles”, afirmou.
Ministério do Trabalho
Marina, porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade, partido fundado por ela, compartilhou imagem lembrando que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram 11 milhões de desempregados no país em março. Ela classificou este 1° de maio como “o pior Dia do Trabalhador deste século”.
Do lado do governo, o Ministério do Trabalho e Previdência Social divulgou balanço do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), criado para evitar demissões causadas pela crise, e destacou a valorização do salário mínimo.
Segundo o ministério, o PPE beneficiou 40,9 mil trabalhadores nos primeiros seis meses de vigência, enquanto o salário mínimo teve valorização real de 77,18% desde 2002.
Collor procura livro na estante do pai – 29-11-1992 / Orlando Brito
Na manhã do dia 2 de outubro de 1992, após 20 meses de um governo que sacudira o país, o casal Fernando e Rosane Collor, de mãos dadas e olhar altivo, se despediu do Planalto pela porta dos fundos. Na véspera, o Senado aprovara a admissibilidade do impeachment do presidente. Assim que o helicóptero decolou, quando sobrevoava o Lago Paranoá em direção à Casa da Dinda, o presidente afastado ordenou ao major comandante que desviasse o voo para que pudesse observar uma escola de tempo integral que construíra na Vila Paranoá e que era seu orgulho. Queria se despedir com a imagem do Centro Integrado de Atendimento à Criança (CIAC). O militar, então, disse-lhe:
— Excelência, sinto muito, mas o combustível e o plano de voo que temos só nos permitem ir até o destino previsto, a Casa da Dinda.
Fernando Collor não disse coisa alguma. Mas, segundo auxiliares, ao ouvir a negativa do major, percebeu que não comandava mais nada e que jamais voltaria ao Planalto. Estava certo. Sessenta dias depois, em 2 de dezembro, o plenário do Senado aprovou o parecer da comissão especial pela procedência da acusação.
RARAS VISITAS PARA UM CAFÉ
No dia 29 de dezembro, mesmo com uma carta de renúncia lida durante a sessão, o julgamento prosseguiu, e os direitos políticos de Collor foram cassados em votação nominal, no plenário do Senado, em sessão presidida pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Sidney Sanches.
Durante esse prazo de menos de três meses entre a admissibilidade e o julgamento final no Senado, Collor e Rosane atravessaram um calvário. Isolado na Casa da Dinda, magro e deprimido, Collor se apegou à religiosidade, incluindo a realização de rituais de umbanda, na esperança de voltar ao Planalto.
O então presidente afastado, ao contrário da guerra jurídica capitaneada hoje pelo PT e aliados da presidente Dilma Rousseff, não bateu de frente contra o processo na Câmara ou no Senado. Inconformado com o afastamento, tentou, sem sucesso, manter a rotina de despachos como na Presidência da República. Aproveitou parte da estrutura da biblioteca do pai, Arnon de Mello, do outro lado da rua da Casa da Dinda, e adaptou o que ficou conhecido como “Planaltinho”.
Na tentativa de reverter a cassação, além de rezar na capela com imagens do milagreiro Frei Damião, um dos gurus durante sua campanha e mandato, Collor e Rosane participavam de rituais de magia negra no porão da Casa da Dinda, como ela revelaria anos depois em entrevista ao “Fantástico”.
Conta-se que no período de “freezer”, fora da Presidência, toda vez que alguém ligava e perguntava o tradicional “como vai?”; A resposta de Collor era sempre a mesma:
Dilma fará anuncio sobre o programa no Dia do Trabalho – Givaldo Barbosa / Agência O Globo
A presidente Dilma Rousseff anunciará neste domingo, em evento do Dia do Trabalho em São Paulo, um aumento escalonado nos benefícios do Bolsa Família. Segundo auxiliares da presidente, o reajuste será feito por faixas. O maior percentual será de cerca de 5%. Dilma, que está reunida com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no Palácio da Alvorada, estuda ainda correção das faixas do Imposto de Renda. A decisão de aumentar o benefício ocorre após o secretário do Tesouro, Otavio Ladeira, afirmar que não há espaço fiscal no Orçamento para a medida.
Assessores da presidente reconhecem que o “dinheiro é curto”, mas que, apesar das restrições financeiras, Dilma optou por fazer um reajuste “significativo”. Segundo um auxiliar, a presidente tem ordenado aos ministros que reforcem marcas da área social do governo, dando a “sinalização devida de que não pode haver retrocessos”. Fontes do Planalto têm afirmado que Dilma não promoverá, com o aumento, um rombo nas contas públicas. O impacto dessa medida será de no máximo R$ 1 bilhão.
— Não se está promovendo nenhum rombo e sim uma reafirmação de prioridades — diz um auxiliar presidencial.
Ontem, Barbosa foi perguntado sobre o Bolsa Família e disse que estava sendo estudado, mas que não havia decisão sobre o assunto. Com relação à correção das faixas do IR, caso feita, só valerá para as declarações feitas em 2017.
Imagem: Divulgação/ Publicidade
R$ 100 MILHÕES PARA PROPAGANDA
A duas semanas da votação no Senado que poderá afastá-la do cargo, Dilma Rousseff começou a anunciar medidas de última hora. Ontem, ela prorrogou o Programa Mais Médicos, liberou R$ 100 milhões para gastos com publicidade da Presidência e outros R$ 80 milhões para infraestrutura das Olimpíadas no Rio.
Na próxima semana, o governo promete liberar todo o orçamento da Polícia Federal previsto para o restante do ano, o equivalente a R$ 160 milhões. O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, deixou claro que a liberação dos recursos da PF vai garantir que a instituição não seja afetada em eventual saída de Dilma. Sem citar nomes, fez alusão a eventuais ingerências do governo do vice na PF e Lava-Jato:
— É muito simples. É possível que nós tenhamos uma presidenta suspensa de suas funções. E nós estamos querendo garantir que durante esse período excepcional de até 180 dias a PF funcione independentemente da crise política.
Apesar de ser réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Supremo Tribunal Federal (STF), alvo na mesma Corte de pedido de afastamento do cargo e de processo de cassação de seu mandato na Câmara por quebra de decoro, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), trabalha incansavelmente para influenciar o eventual governo Michel Temer com indicações em diversas áreas e pode ter êxito em algumas das demandas.
Para garantir que terá alguma ascendência sobre a gestão Temer e, assim, tentar sobreviver aos embaraços que enfrentará este ano na Câmara e no Supremo, Cunha tenta emplacar nomes para se sentarem bem perto do possível futuro presidente. É o caso de Gustavo Rocha, cotado para a Secretaria de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Advogado do PMDB por indicação do presidente da Câmara, Rocha foi nomeado para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no ano passado por influência de um de seus mais ilustres clientes, o próprio Cunha
O peemedebista também atua para emplacar o deputado Hugo Motta (PMDB-PB) na Esplanada e um nome do PRB, partido que lhe dá sustentação, na Agricultura. O nome que vem sendo proposto por Cunha é do deputado César Halum (PRB-TO). Motta mostrou sua fidelidade a Cunha quando, em fevereiro, enfrentou o então candidato governista à liderança do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), a pedido do presidente da Câmara. Já o PRB é um partido que tem caminhado afinado com Cunha quando, por exemplo, foi o primeiro da base a fechar questão totalmente favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Quem tem mantido o diálogo mais próximo com Cunha é o ex-ministro Geddel Vieira Lima, cotado para ser ministro da cota pessoal de Michel Temer na Articulação Política. Responsável por tocar as negociações com deputados e senadores, Geddel tem sido visto com frequência no gabinete da Presidência da Câmara nos últimos dias. O contato direto de Cunha com Temer, por outro lado, tem sido mais restrito neste momento.
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire – (Foto: Jorge William)
Depois de se reunir com o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, e com o senador Cristovam Buarque, o vice-presidente Michel Temer sinalizou dar ao partido, em seu eventual governo, o Ministério da Cultura, que seria comandado por Freire. O Solidariedade, por sua vez, passou a demonstrar interesse no Ministério do Desenvolvimento Agrário, que estava sob risco de extinção. O nome levado a Temer foi o do deputado Zé Silva (MG).
O DEM pode comandar o Ministério da Educação, provavelmente com o deputado Mendonça Filho (PE). Há resistência entre os peemedebistas pelo perfil não ligado à área, mas integrantes do DEM destacam a experiência de Mendonça como gestor público, por ter sido governador de Pernambuco. O presidente do partido, José Agripino (RN), deve se reunir na próxima semana com Temer.
Com a indicação do senador José Serra (PSDB-SP) bem avançada para o Ministério das Relações Exteriores, Temer resolveu dar uma segunda pasta para o PSDB. Ela deverá ficar com um representante do partido na Câmara e, hoje, o nome mais forte é o do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que deu o voto decisivo para a abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Além de Araújo, são considerados Antonio Imbassahy (BA) e Carlos Sampaio (SP). O convite deve ocorrer na próxima terça-feira, após o presidente do PSDB, Aécio Neves, entregar ao vice um documento de dez pontos com as premissas do partido para o novo governo.
Janaína Paschoal falou na Comissão do Impeachment durante uma horaFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Em uma das sessões da comissão do impeachment no Senado que entraram pela madrugada nos últimos dias, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pregou uma peça em um dos autores da denúncia contra a presidente Dilma Rousseff, a advogada Janaína Paschoal.
Ao elaborar sua pergunta, o senador, contrário ao impeachment, leu um documento que versava sobre a edição dos decretos suplementares de crédito editados em 2015, um dos pilares que embasam a denúncia contra a petista, e pergntou a Janaína sua opinião. Não mensionou que tinha sido assinados pelo vice, Michel Temer.
A advogada confirmou que tais decretos configuravam crime de responsabilidade e deveriam ser punidos com o impeachment. “Vossa Excelência acaba de expor as razões por que também será necessário pedir o impeachment do vice Michel Temer. O que eu descrevi, agora há pouco, foram atos cometidos pelo vice”, disse Randolfe.
A revelação constrangeu Janaína que, pouco antes, havia dito não haver elementos para que o vice fosse denunciado.
Como suplente na comissão especial do Senado, a senadora Fátima Bezerra, do PT potiguar, provavelmente não votará sobre o recebimento ou não da denúncia e o afastamento da presidente Dilma do cargo, por 180 dias. A escolha da comissão será votada nesta segunda-feira (25) e a abertura dos trabalhos se dará logo em seguida. No plenário, na articulação entre colegas e junto as bases eleitorais que o voto e a ação política da senadora se dá em favor da presidente. Ela tem o único voto contra o impeachment, entre os três senadores potiguares, e acredita que no Senado “o debate possa ser mais sério e mais responsável” do que na Câmara dos Deputados.
O governo não tem a maioria necessária para que a denúncia seja negada e o afastamento da presidente evitado. Diante dessa possibilidade, a senadora repete o aviso que já foi dado pelo ex-presidente Lula, de quem é uma fiel seguidora: “lutaremos até o fim em defesa do Estado Democrático de Direito e da soberania do voto popular. No âmbito estadual, apesar de ter se afastado do governo Robinson, não deixou de ficar “surpresa” com o que considera “traição” do deputado Fábio Faria, pelo apoio ao impeachment.
“A votação na Câmara dos Deputados envergonhou a sociedade brasileira e a comunidade internacional. Ficou claro que o julgamento foi essencialmente político, que não há base legal para o impeachment. Acredito que muitos senadores e senadoras não vão querer se igualar aos parlamentares que protagorizaram um verdadeiro circo de horrores na Câmara. Além disso, Temer já é rejeitado pela maioria do povo brasileiro como vice-presidente. Está cada vez mais nítido que um governo sem o respaldo do voto popular não tem condições de enfrentar a crise. Penso que as senadoras e os senadores estão atentos e reflitirão sobre isso”.
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