Nos bastidores da medicina comenta-se que planos de saúde em Natal retardam a internação de usuários para “economizar”
Aviso aos navegantes: diante dos altos custos de manter pacientes do novo coronavirus em UTI’s ou Semi-UTI’s, planos de saúde estão retardando ao máximo a internação de usuários que estejam com a doença em fase inicial. Segundo comenta-se em alguns círculos médicos, a tática é postergar a internação para manter o paciente em casa por mais tempo possível, já que uma internação de pelo menos 10 dias em uma semi-UTI custa cerca de R$ 50 mil, segundo calcula o médico Enildo Alves, um nome de referência na hematologia potiguar e professor da UFRN por 40 anos.
“Tem que se dar um ‘basta’ nesses planos de saúde que não querem internar o doente para não gastar dinheiro. Pode citar que os planos de saúde de Natal, de um modo geral, estão evitando internar para não ter custos financeiros altos. Quando os pacientes precisam ser internados, não são internados, e vão pra casa morrer. Inclusive a letalidade no mundo inteiro é de cerca de 1% e aqui no Brasil é em torno de 7%. a 10 %. Por que morrem mais brasileiros? Porque não são bem tratados”, desabafa.
Semana passada, um natalense que contraiu o novo coronavirus, embora acompanhado por um médico amigo que lhe assistia, levou um “chá de cadeira” das 19 horas até a meia noite, numa sala de espera do hospital Memorial, para que um plano de saúde local autorizasse sua internação.
Mesmo doente, o cidadão só não voltou para casa por que o médico amigo que o acompanhava não permitiu.
CLOROQUINA
Aliás, o anúncio por parte da Unimed Natal de que está adotando a hidroxicloroquina em protocolo já no início dos sintomas, vem sendo criticado nos bastidores por médicos como o próprio Enildo Alves. ““Parem de receitar Cloroquina. Isso é um crime!”, diz o médico.
Em conversa com o BLOG DO FM, Alves destaca que o medicamento, além de não ser comprovadamente eficiente no combate ao novo coronavirus, provoca efeitos colaterais sérios na área cardíaca e pode levar até a cegueira. O médico lembra ainda que a Sociedade Brasileira de Cardiologia diz que não recomenda o uso do remédio.
“Eu vi um paciente de 52 anos usar esse medicamento e 40 horas depois morrer de parada cardíaca no Giselda Trigueiro. Isso tem que ser proibido o quanto antes”, ressalta e revela que os hospitais Giselda Trigueiro e da Hapvida são adeptos ao uso do medicamento.
“Existem outros medicamentos que podem ser utilizados para aliviar os sintomas. Como tamiflu, corticoide e remédios a base de zinco. Mas Cloroquina, não. Isso é um crime”, enfatiza.
AUMENTO DE CASOS
Enildo Alves também acredita que os casos de Coronavírus devem vão se multiplicar em Natal, podendo atingir até o final do próximo mês cerca de 70 por cento da população, já que o isolamento social está bem abaixo do patamar desejado.
“Um laboratório privado de Natal apresentou, em média, na última semana, 6 casos positivos para cada 10 exames realizados.
Ele destaca que é muito preocupante os números de casos de Coronavirus registrados no Rio Grande do Norte. “Os casos vão pipocar” adverte.
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