A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ironizou neste domingo (27) a derrota da deputada Maria do Rosário (PT) que não conseguiu se eleger como prefeita de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
O prefeito de Porto Alegre (RS) Sebastião Melo (MDB) foi reeleito com 61,53% contra a petista que conseguiu 38,47% dos votos.
Mesmo com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ex-ministra dos Direitos Humanos não conseguiu votos suficientes para trocar o Poder Legislativo pelo Executivo.
No story do Instagram, Michelle compartilhou uma publicação dizendo:
Os institutos Ranking e Seta, que já haviam cometido erros consideráveis na reta final do primeiro turno, voltaram a fracassar em apontar um vencedor para a disputa em Natal no segundo turno. Os dois institutos, poucos dias antes da votação, apontaram a vitória de Natalia Bonavides (PT) com uma certa distância sobre Paulinho Freire (União Brasil) – quando abriram as urnas, o resultado foi o contrário.
No caso da Ranking Brasil Inteligência, o resultado foi de vitória de Natalia com 7,59% de vantagem. Ela surgiu com 53,79%, contra 46,21%. A pesquisa foi divulgada na sexta-feira e foi realizada os dias 23 e 24 de outubro.
O Instituto Seta, que divulgou quatro pesquisas na reta final e errou todas, Natalia Bonavides apareceu na última delas (no dia 25), com 51,3%, contra 48,7% de Paulinho Freire. A pesquisa foi realizada no mesmo dia do Ranking: 23 e 24 de outubro.
Por outro lado, a AtlasIntel, praticamente, cravou o resultado. Na reta final da campanha, o instituto colocou Paulinho Freire com 54,4% contra 44,3% de Natalia. A diferença ficou nos decimais.
Em um pronunciamento nas suas redes sociais, o senador Styvenson Valentim (Podemos) parabenizou o prefeito eleito Paulinho Freire, e ainda disse, “bye, bye bye QUERIDA. Vamos limpar o RN desse atraso que é Fátima e sua turma. Natal tá de parabéns. @paulinhofreirern vamos juntos”, escreveu o senador na legenda da publicação.
Protagonistas da disputa presidencial de 2022, PT e PL terminaram as eleições municipais de 2024 sem conseguirem eleger pelo menos um prefeito em todos os estados brasileiros.
O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sai das urnas passando em branco nas cidades de sete estados, enquanto a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro não terá gestores municipais em três unidades federativas (UFs).
Os sete estados que não terão nenhum prefeito do PT são Acre, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima. No caso do PL, a sigla ficará sem gestor municipal no Ceará, no Piauí e em Roraima.
Não por acaso, Ceará e Piauí são dois estados com governadores petistas – Elmano de Freitas e Rafael Fonteles, respectivamente – e nos quais o PT fez a maior proporção de prefeitos eleitos, com 25% e 22% das cidades sob seu comando a partir de 2025. Foram 50 municípios piauienses e 47 cearenses – na Bahia, a sigla venceu em 49 cidades, ou 12% dos municípios do estado.
No caso do PL, o melhor desempenho em número de prefeituras foi registrado em São Paulo, com 102 vitórias no primeiro turno e mais duas no último domingo, e em Santa Catarina, com 90 municípios, ou 31% do total do estado, governado por Jorginho Melo (PL). No caso paulista, o desempenho da sigla supera a do partido do governador Tarcísio de Freitas, cujo Republicanos fez 79 prefeitos (12% do total), e só fica atrás do PSD, com 202 (31%).
MDB e PP, os partidos mais capilarizados
Apenas dois partidos elegeram prefeitos em todos os 26 estados brasileiros: o MDB, segundo no ranking de mais cidades conquistadas, e o PP, terceiro nessa lista.
O campeão de prefeituras vencidas, o PSD, está presente em 24 UFs – ficou sem prefeitos eleitos em Alagoas e Roraima.
A história das duas siglas que venceram em pelo menos uma cidade por estado ajuda a explicar o resultado. Trata-se dos dois partidos mais longevos em atividade no Brasil e que preservaram estruturas políticas com décadas de atuação.
O MDB surgiu como oposição institucionalizada na ditadura militar e manteve a denominação após o fim do bipartidarismo, em 1981, enquanto o PP é o herdeiro direto do partido de sustentação do regime, a extinta Arena – primeiro surgiu como PDS e passou por mudanças de nome até o atual Progressistas.
Outro partido com raízes no processo de redemocratização é o União Brasil, fruto da fusão entre PSL e DEM (ex-PFL). A sigla é a quarta em número de prefeituras conquistas neste ano, mas ficou sem vencer nenhuma cidade em três estados: Alagoas, Mato Grosso do Sul e Roraima.
As eleições municipais de 2024 terminaram com um gosto amargo para a esquerda em São Paulo. Além de perder na capital paulista, os progressistas também foram vencidos por candidatos conservadores na maioria das cidades do estado.
Mesmo com a figura de Lula na presidência, o PT, por exemplo, sai do pleito com apenas quatro prefeituras, sendo só uma delas na Grande São Paulo: Mauá, onde o prefeito Marcelo Oliveira conseguiu a reeleição na disputa contra Atila Jacomussi (União Brasil).
A direita, por outro lado, abocanhou cidades como a capital São Paulo, com a vitória de Ricardo Nunes (MDB) sobre Guilherme Boulos (PSol), e Guarulhos, com Lucas Sanches (PL), terminando à frente de Elói Pietá (Solidariedade).
Para Cláudio Couto, cientista político e professor da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), o saldo da eleição no estado mostra que a esquerda precisa ter uma “DR” e se reinventar caso queira se manter nas disputas. “Tem que discutir por que está batendo tanta cabeça, por que não consegue dialogar com novos eleitores. Inclusive, fazer uma autocrítica daquilo que não reconhecia”, destaca o professor.
Em entrevista ao Metrópoles, Couto analisou o resultado das eleições e falou sobre o avanço da extrema-direita, que fincou pé em São Paulo.
Confira abaixo a entrevista:
No primeiro mandato do Lula, o PT conseguiu eleger prefeitos em várias cidades da região metropolitana de São Paulo, construindo o que ficou conhecido como cinturão vermelho. Desta vez, o partido teve um desempenho bem aquém do passado. Por quê?
Ainda há um reflexo, sim, do movimento anti-esquerda que começou a ser germinado em 2013. Nas eleições de 2016, o PT perdeu 60% dos seus prefeitos e vereadores e nunca conseguiu se recuperar plenamente.
Em 2016, três coisas importantes aconteceram: o ápice da Lava Jato, a recessão econômica ganhando corpo e o próprio impeachment da presidente Dilma. Toda a conjugação de fatores fez com que acontecesse algo que não costuma ser usual, que é o nacional ter efeito direto sobre as eleições locais.
E o que houve de lá para cá, além disso, foi o surgimento e a consolidação de uma extrema direita. Isto somado ao conservadorismo criou um ambiente negativo para a esquerda eleitoralmente. O Lula foi uma exceção em 2022 porque é uma figura que tem votação própria. E o Lula não é o PT propriamente dito, então é preciso fazer essa separação.
Na capital paulista, o PT, pela primeira vez na história do partido, abriu mão de uma candidatura própria para apoiar o nome de Guilherme Boulos (PSol). Lula venceu em São Paulo em 2022, mas a transferência de votos não se concretizou da forma esperada. Por que o eleitor do Lula não quis depositar seu voto em Boulos?
Porque são eleições diferentes. O eleitor quando vota no município está olhando para o município. O padrinho nacional, ou a preferência nacional do eleitor, não se reflete da mesma forma no nível local.
O ponto é: não daria para levar a sério a possibilidade disso ser um definidor da eleição. Isso pode dar alguns votos, pode facilitar um eleitor a se identificar politicamente com o candidato, mas daí a haver uma transferência de votos é uma distância muito grande. Talvez seja um erro de avaliação de quem considerou que isso poderia ser um fator decisivo. Nunca teria sido.
O que resta pra esquerda em São Paulo depois do resultado destas eleições?
A esquerda, primeiro de tudo, tem que fazer uma DR. Tem que discutir por que está batendo tanta cabeça, por que não consegue dialogar com novos eleitores. Inclusive, fazer uma autocrítica daquilo que não reconhecia. A gente tem uma pesquisa que a Fundação do PT, a PSOL Abramo, fez em 2017, que já mostrava uma mudança nas periferias da cidade. O pessoal parece que não levou a sério. A esquerda precisaria ter uma atualização.
Isso se reflete, inclusive, com a dificuldade que tem a esquerda, e o PT em particular, de falar com uma nova classe trabalhadora que é essa dos precarizados, dos trabalhadores por aplicativo, e também aquela dos pequenos empresários das periferias da cidade. O PT não conseguiu se dirigir a eles. Tem também o crescimento do eleitorado evangélico, que também é refratário à esquerda.
Durante a campanha, Nunes bateu muito na tecla de que Boulos, além de radical, era inexperiente. Ele precisará construir uma história de gestor, ganhar um ministério, por exemplo, para ter chances em outra eleição?
Ele é um deputado com votação garantida. Quanto a isso, não há problema. Mas acho que são duas coisas que ele tem que resolver. Uma é, eventualmente, carregar para si alguma experiência. Embora a gente saiba que muita gente é eleita sem. Mas se credenciar como alguém que tem experiência no Executivo pode fortalecê-lo.
O segundo é deixar de ser visto como um radical por uma parcela do eleitorado que rejeita radicalismo. Enquanto ele não conseguir fazer isso, acho que vai continuar tendo dificuldades para campanhas majoritárias.
O governador Tarcísio de Freitas foi o principal fiador da campanha de Nunes, contrariando, inclusive, recomendação do próprio Bolsonaro em meio ao crescimento do Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas. Na sua opinião, a eleição fortaleceu uma autonomia de Tarcísio em relação a Bolsonaro?
De alguma medida, sim. Até por conta da maneira como o próprio Bolsonaro se comportou, apoiando sem apoiar. Ele tem no Nunes o seu candidato formal. Até indica o vice do Nunes, mas não se envolve. Tarcísio não titubeou quanto a isso.
Ele se empenhou na candidatura do Nunes desde o primeiro turno. Tarcísio sai fortalecido, como um cara que foi pé quente, capaz de ajudar o seu candidato a se eleger e esteve com ele na hora difícil. Ao contrário do Bolsonaro. Nessa briga pra ver quem tem espaço na extrema direita, o Tarcísio acaba ganhando em uma eventual disputa.
Além do Tarcísio, essa eleição também trouxe outro nome da direita, o Pablo Marçal, que chegou perto de conseguir vaga no 2º turno. Entre Marçal, Tarcísio e Bolsonaro, quem saiu mais forte da eleição em São Paulo?
O Tarcísio, sem dúvida nenhuma. O Bolsonaro evidentemente não é o mais favorecido. E o Marçal, eu dou por líquido e certo que vai se tornar inelegível. Ele cometeu tanta violação da legislação eleitoral e até de outras leis durante o período de campanha que eu diria que é inevitável.
Ele sai mais conhecido, isso sem dúvida nenhuma, mas ele se tornando inelegível, sai fragilizado. Por outro lado, ele mostra que tem um espaço ainda grande na extrema direita e que esse espaço não é cativo do Bolsonaro.
O PSD, de Gilberto Kassab, terminou o primeiro turno com o maior número de prefeituras, 203 municípios. Por outro lado, o PSDB conseguiu, agora, apenas 21. Cenário contrário ao de 2020. A sigla de Kassab pode estar ocupando o lugar que os tucanos tinham no eleitorado paulista?
Já ocupou, né? Nos últimos anos, teve uma grande migração de prefeitos que eram do PSDB para o PSD. O PSDB é um partido praticamente morto. Não só em São Paulo, mas em vários outros lugares.
E, aqui em São Paulo, quando entra o governo Tarcísio, o Kassab faz uma limpa nas prefeituras do interior que eram do PSDB. Não bastasse isso, ainda houve uma debandada de vereadores do PSDB e a sigla não elegeu ninguém para essa eleição.
O PSDB já estava declinante; o PSD só aproveitou a situação e pegou todo mundo. E o Kassab é um sujeito extremamente competente em articular, construir partido, expandir poder. Tem muito do mérito dele como organizador partidário.
Além do PSD, os partidos que mais cresceram em São Paulo foram o Republicanos, do governador Tarcísio de Freitas, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. É um sinal de força do bolsonarismo no estado? A extrema direita fincou um pé aqui?
Acho que sim. Mais no caso do PL do que propriamente do Republicanos, porque o último ainda é um partido meio heterogêneo, com mais característica do conhecido centrão.
A extrema direita cresceu primeiro pelo PL e um pouco pelo Novo que, somados, são 10% das prefeituras do país. No estado de São Paulo também houve um crescimento importante.
No entanto, ainda que sejam partidos que ganharam espaço, a gente está falando de 10%. Não é uma força majoritária e nem acho que será. O espaço majoritário segue sendo dos partidos que compõem o centro.
Agora, que a extrema direita, que praticamente não existia, surgiu por aqui de um tamanho razoável, não há como não reconhecer. É um fato.
O saldo das eleições municipais de 2024 para o Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode ser considerado positivo se forem levados em conta os números de prefeitos e vereadores eleitos pela legenda neste ano. Ao todo, o PL elegeu 517 prefeitos e 4.924 vereadores pelo Brasil. Em ambos os casos, as quantidades foram maiores que o pleito de 2020.
Há quatro anos, ainda sem a presença de Bolsonaro em seus quadros, o PL elegeu 351 prefeitos. Ou seja, o aumento em 2024 foi de 47,3% na comparação com a eleição municipal anterior. Já no balanço do número de vereadores, a sigla tinha conseguido eleger 3.464 parlamentares municipais em 2020, o que significa que em 2024 o acréscimo foi de 42,1%.
No topo do ranking dos partidos que mais elegeram prefeitos neste ano ficaram o PSD, com 891; o MDB, com 864; o PP, com 752; e o União Brasil, com 591. O PL ficou na quinta colocação. Já o PT, apesar de ter conseguido atingir 252 prefeituras, ficou apenas na nona colocação entre as legendas com mais gestores municipais.
No rol de siglas com mais vereadores, por sua vez, quem ficou na liderança em 2024 foi o MDB, com 8.050 parlamentares municipais eleitos. Na sequência, ficaram o PP, com 6.904; o PSD, com 6.559; o União Brasil, com 5.445; e o PL também na quinta colocação, a exemplo do que aconteceu com as prefeituras. O PT, por outro lado, ficou em oitavo, com 3.116 vereadores eleitos.
O deputado estadual Evandro Leitão (PT) venceu o deputado federal André Fernandes (PL) no segundo turno da eleição em Fortaleza. A capital cearense foi palco da principal disputa entre o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, neste segundo turno.
O resultado salva o PT de um novo vexame como aconteceu em 2020, quando o partido não elegeu nenhum prefeito em capital. Fortaleza é a quarta maior cidade brasileira e a maior do Nordeste. Evandro alcançou 50,38% dos votos válidos, contra 49,62% de Fernandes.
Evandro foi uma aposta do ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana. Ele enfrentou a rejeição da base mais à esquerda do PT, que queria a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT) como candidata do partido.
Camilo chegou a tirar férias entre o final de setembro e o começo de outubro para apoiar as candidaturas do governo no Ceará. Ele também contou com o apoio do líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), para assegurar que Leitão seria o postulante à prefeitura de Fortaleza.
Esse resultado, aliás, fortalece Guimarães para suceder Gleisi Hoffmann na presidência do PT.
Evandro saiu do PDT após a briga entre o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o senador Cid Gomes (PSB-CE), no final de 2022, para ir ao PT e virar o candidato do partido à prefeitura de Fortaleza.
PT e o PSB se consagram como as principais forças no Estado, substituindo o PDT no papel. O PL, que foi para o tudo ou nada na cidade, acaba este pleito sem vencer em nenhuma das 184 cidades do Ceará.
Somados, PSB (65) e PT (47), venceram em 112 municípios. Já o PDT teve o resultado mais desastroso, saindo de 67 prefeituras, em 2020, para apenas cinco neste ano. O PL tinha 13 prefeitos no Ceará quando estava na base petista naquele ano e agora não tem mais nada, após a guinada à direita dada após a chegada de Bolsonaro à sigla.
A candidatura de Evandro é resultado direto da briga entre o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o senador Cid Gomes (PSB-CE). A disputa entre os irmãos levou à saída de Cid e de mais aliados do PDT. Evandro, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, foi um deles.
A abstenção de eleitores natalenses voltou a crescer no segundo turno das eleições municipais. Cerca de 150 mil pessoas não foram às urnas votar neste domingo (27), representando 26% do eleitorado total.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RN), os números superaram o registro do primeiro turno, quando 145.176 eleitores não votaram, o que representou 25,22%, a maior taxa do Nordeste.
Vale ressaltar que dos 575.629 natalenses aptos a votarem, 425.565 compareceram às urnas. No Brasil, a ausência de eleitores chegou a 29,26%.
O maior índice foi registrado no estado de Goiás, com 34,43% de ausências. São Paulo também bateu recorde de abstenção, segundo confirmação do Tribunal Regional Eleitoral do estado: foram 31,42%.
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