O Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema/RN) registrou até essa terça-feira (27) a chegada de pelo menos 6 toneladas de lixo ao litoral do Estado. O dado é preliminar e deve aumentar nos próximos dias, com a pesagem de mais volumes que continuam sendo recolhidos.
Os resíduos, que incluem pedaços de plástico e até material
de origem hospitalar, começaram a ser encontrados nas praias no fim da semana
passada. A origem do material ainda é desconhecida, assim como os danos
ambientais.
A principal suspeita é que o lixo tenha sido trazido ao RN
pela força da correnteza após o lançamento de resíduos no mar em Recife (PE),
após inundações provocadas pelas chuvas. Além do Rio Grande do Norte, a Paraíba
também registrou a chegada dos resíduos.
Em parceria com as prefeituras dos municípios afetados e
organizações não governamentais, o Idema trabalha desde o fim da semana passada
no recolhimento do lixo e na destinação adequada dos resíduos. As amostras
estão sendo armazenadas para auxiliar as investigações. A Polícia Federal e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) abriram procedimentos para apurar como o material foi parar no mar.
Nessa terça (27), em entrevista ao programa “Repórter 98”, da 98 FM Natal, o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, divulgou em primeira mão a lista com os locais afetados até agora com a chegada do lixo no Rio Grande do Norte. São 13 localidades do litoral potiguar, que estão em quatro municípios.
O Idema recomenda à população que evite o banho nessas
praias e até caminhadas na orla, por causa do risco de ainda haver na areia
objetos cortantes, como agulhas, já que houve material hospitalar localizado
entre os dejetos.
A lista de locais atingidos pode aumentar, segundo o diretor
do Idema. “Ainda no dia de ontem recebemos informações, ainda que não oficiais,
da possível chegada de resíduos em Senador Georgino Avelino, que fica vizinho a
Nísia Floresta, e alguma chegada de resíduo aqui em Natal, por trás do Morro do
Careca”, afirmou o diretor do Idema.
ATÉ O MOMENTO FORAM COLETADAS 20 TONELADAS DE LIXO, APROXIMADAMENTE. OS RESÍDUOS CONSISTEM EM GARRAFAS PLÁSTICAS, CHINELOS, BOLSAS, PANFLETOS, RECIPIENTES DE MARMITA, PEDAÇOS DE ELETRODOMÉSTICOS E ATÉ SERINGAS DESCARTÁVEIS. FOTO: REPRODUÇÃO
O Consórcio Nordeste anunciou, na manhã desta terça-feira
(27), a criação de uma rede de apoio entre os Estados para combater o lixo do
mar e estabelecer medidas emergenciais devido ao aparecimento de uma grande
quantidade de resíduos no litoral do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Divulgada
por meio de nota, as iniciativas visam reforçar os trabalhos de análise do
material encontrado nas praias, identificação do responsável pelo descarte
irregular e reparação dos danos ambientais.
As medidas são o resultado de uma reunião realizada por
videoconferência na última segunda-feira (26), por secretários,
superintendentes e representantes das pastas do Meio Ambiente, que compõem a
Câmara Temática do Consórcio. O diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento e
Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Leon Aguiar, que propôs o encontro,
apresentou um panorama da crise ambiental. “Em Nísia Floresta, por exemplo, o
lixo encontrado é de característica urbana, com muitas embalagens de iogurte,
margarina, sapatos, envelopes plásticos e canudos; alguns, com marcas de
degradação. A maior preocupação está com os resíduos hospitalares, que ainda se
apresentam em alguns municípios, como Baía Formosa. Uma das possibilidades de
investigação é que o incidente possa ter relação com as últimas chuvas, que
provocou inundações”, relatou.
Aguiar falou, ainda, sobre uma etiqueta encontrada vinculada
ao município de Maragogi, Estado de Alagoas, e uma do município de João Pessoa,
na Paraíba, mas a maior parte está com identificações associadas ao Estado de
Pernambuco.
O diretor do Idema-RN, mencionou as orientações repassadas,
inicialmente, aos municípios para o descarte correto e que foram encontradas 3
tartarugas e um golfinho mortos, mas a necropsia realizada pela Projeto
Cetáceos Costa Branca da UERN, não associou ao incidente ambiental.
Em tratativas com as cidades atingidas, o Idema-RN recebeu a
informação da presença de vegetação característica de região de água doce, o
que indica também a probabilidade do incidente ter advindo das enchentes,
ocorridas recentemente no Nordeste, que podem ter arrastado resíduos
depositados em rios e córregos.
O secretário de Meio Ambiente de Pernambuco (SEMA-PE) e coordenador da Câmara Temática de Meio Ambiente do consórcio, José Bertotti, ressaltou que o encontro dos estados buscou adotar iniciativas concretas e articuladas. “O Consórcio Nordeste vai atuar conjuntamente contribuindo com Estados e Municípios atingidos. Apesar de ser um problema restrito a Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, nada assegura que não possa se estender a outros estados. Por isso, a necessidade do rastreamento e da boa política de resíduos sólidos, que prevê, orienta e educa. Este episódio não pode ficar sem respostas, alguém precisa ser punido”, destacou.
Ainda, segundo Bertotti, os municípios afetados com o
incidente ambiental devem seguir as orientações do Programa de Combate ao Lixo
no Mar, do Ministério do Meio Ambiente. Outra linha de trabalho, segundo José
Bertotti, será a busca do auxílio de universidades e instituições de pesquisa
para aprofundar as ações investigativas com o uso de mapeamento
georreferenciado.
Neste sentido, a Superintendente de Inovação e
Desenvolvimento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (SEMA-BA),
Clarisse Amaral, citou os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, que recentemente contribuíram com o estado da Bahia. “O know-how da
UFRJ é muito positivo, nas pesquisas por satélite das correntes oceânicas
durante a crise do óleo, também no Nordeste, eles ajudaram bastante. Faremos o
contato com eles para verificar possibilidade de colaborar neste incidente”,
disse.
Já o superintendente de Meio Ambiente da SEMAS-PE, Bertrand
Sampaio, declara que, em Pernambuco, todos os municípios litorâneos dispõem de
aterros sanitários. “As cidades possuem o Manifesto de Transporte de Resíduos e
o documento permite o rastreio e gravimetria, não só com a tipologia, mas
prevendo a quantidade e endereço do local de descarte”, explicou.
Ainda segundo o superintendente, é possível que as chuvas
intensas de 9 a 10 de abril, na Região Metropolitana do Recife, possam ter
contribuído com o ocorrido. Outra hipótese é a existência de Vórtices
Aquáticas; “mas é estranha essa possibilidade, em razão da grande quantidade de
lixo”, comentou Sampaio. Resíduos que
podem ser reciclados com a política de Educação Ambiental, como frisou Djalma
Paes (Pernambuco), diretor presidente da Agência Estadual de Pernambuco–CPRH.
“É preciso tratar e educar para o futuro”, como afirmou o subsecretário de
Projetos do Consórcio Nordeste, Sérgio Leite.
O superintendente de Administração do Meio Ambiente da
Paraíba (SUDEMA-PB), Marcelo Cavalcanti, falou que o material encontrado na
região é semelhante ao do Rio Grande do Norte. “Fizemos um sobrevoo com equipes
nas áreas de Goiana-PE a Pipa-RN e não localizamos manchas no oceano
relacionadas ao incidente. Na Paraíba, foram encontrados resíduos sólidos em
Conde, João Pessoa e Cabedelo. Contabiliza- se cerca de 12 a 14 toneladas, mas
estamos aguardando, ainda, comunicado oficial das prefeituras sobre os
quantitativos coletados. Fomos informados pela Capitania dos Portos que não há
nenhum registro de naufrágio na região. E uma outra informação é que também
existe muita vegetação de água doce junto aos resíduos”, pontuou Cavalcanti.
Até o momento, os Estados de Alagoas, Sergipe e Bahia não
encontraram registros do material vindo do mar. Participaram da reunião,
Fabiana Santos, Ailton Rocha e Robson Henrique, representantes das Secretarias
de Meio Ambiente de Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte, respectivamente.
MAIS DE SEIS TONELADAS DE LIXO FORAM RECOLHIDAS EM PRAIAS DOS MUNICÍPIOS DE NÍSIA FLORESTA, TIBAU DO SUL, CANGUARETAMA E BAÍA FORMOSA, NO RN. FOTO: FERNANDA ZAULI
A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a
origem de toneladas de lixo que chegaram às praias de Nísia Floresta, Tibau do
Sul, Canguaretama e Baía Formosa, no Litoral Sul do Rio Grande do Norte desde o
dia 20 de abril. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio
Ambiente do estado (Idema) os municípios potiguares já contabilizam mais de
seis toneladas de lixo colhidas. O material também atingiu praias da Paraíba.
A Superintendência da PF no Rio Grande do Norte confirmou ao
G1 que abriu o inquérito nesta segunda-feira (26), mas informou que não comenta
investigações em andamento. O Ibama também realiza uma investigação sobre a
origem do lixo.
Uma reunião realizada nesta segunda-feira (26) entre
representantes de governos e órgãos ambientais na região Nordeste discutiu
contato com as prefeituras para a orientação da separação do lixo recolhido, a
ser utilizado como material de investigação. As autoridades também discutiram o
monitoramento das praias e possibilidade de interdição ou campanha de alerta à
população local atingida.
“Sempre que acontece
um evento dessa magnitude, necessitamos de um relatório para sistematizar todas
as informações, de todas as ações que estão sendo executadas, todas as medidas,
sugestões, informações com data e hora. A análise ainda é muito inicial, ainda
não temos tanta informação concreta. Sugerimos que os estados se reúnam com os
municípios costeiros para recolher as informações e possamos trabalhar com
informações mais detalhadas possível”, afirmou Leon Aguiar, diretor do Idema.
Municípios atingidos
Nesta segunda-feira (26), também houve reunião do Idema com os municípios de Nísia Floresta, Tibau do Sul, Canguaretama e Baía Formosa para tratar da logística dos descartes dos resíduos e obter relatórios da ação realizada até o momento. Os resíduos são variados, indo de garrafas plásticas, chinelos, bolsas, panfletos, recipientes de marmita e pedaços de eletrodomésticos a seringas descartáveis.
INSTITUTO AMBIENTAL RESSALTA A IMPORTÂNCIA DA SEPARAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE MATERIAL NO AUXÍLIO DAS INVESTIGAÇÕES. FOTO: REPRODUÇÃO
Na tarde desta segunda-feira (26), o Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte – Idema RN
se reuniu com os municípios de Nísia Floresta, Tibau do Sul, Canguaretama e
Baía Formosa para tratar da logística dos descartes dos resíduos e obter
relatórios da ação realizada até o momento. Os resíduos consistem basicamente
em garrafas plásticas, chinelos, bolsas, panfletos, recipientes de marmita,
pedaços de eletrodomésticos e até seringas descartáveis. Informações mais
recentes apontam que as cidades de Natal, Parnamirim e Senador Georgino Avelino também receberam
resíduos.
Em Nísia Floresta, foram registrados resíduos nas praias de
Búzios, Tabatinga, Barreta e Camurupim. Segundo o Secretário Adjunto de Meio
Ambiente do município, Bismarck Pereira, os primeiros registros do lixo foram
feitos na praia de Búzios, onde a equipe responsável pela limpeza colheu uma
estimativa de duas caçambas e 2 tratores do material, destinados no Campo de Santana,
o mesmo onde foi descartado o óleo do incidente ambiental em 2019. “O material
está acondicionado corretamente, sem acesso de pessoas não autorizadas ou
animais. No sábado (24) foi encontrado lixo em Tabatinga”, relatou.
Ainda segundo o secretário de Nísia Floresta, a maré cheia
está dificultando o trabalho de coleta e limpeza do ambiente. “Existe uma
preocupação com a área comercial atingida em Camurupim, possibilitando outra
crise do ponto de vista econômico. Além da preocupação do mau cheiro, que pode
atrair urubus”, acrescentou Pereira.
A dimensão do problema também pode ser medida analisando as
áreas de ninho e desova de tartarugas que foram atingidas, no caso do município
de Baía Formosa. A prefeitura foi comunicada por moradores do aparecimento do
lixo, na terça-feira (20), na praia de Sagi. Foi em Sagi, segundo a secretária
de Turismo e Meio Ambiente de Baía Formosa, Bernadete Leite, que foram
encontrados os primeiros tubos de sangue e material hospitalar, com o
aparecimento ainda frequente. De acordo com a secretária, o município necessita
de um apoio técnico para auxiliar na coleta dos materiais hospitalares, ainda
encontrados em grande quantidade. “Infelizmente, registramos muito material.
Até o momento onde foram coletados uma média de 3 caçambas de lixo”. Sobre o
lixo hospitalar, a Prefeitura contou com o apoio dos comunitários que
recolheram e trouxeram para a sede da Prefeitura. “Precisamos, urgentemente,
destinar este material para o descarte correto, mas por se tratar de provas de possível
crime ambiental, ainda estamos de posse deste material”, ponderou.
O recanto turístico e biológico de Barra de Cunhaú, no
município de Canguaretama, também sofre com a crise ambiental. Segundo o
secretário de Meio Ambiente e Urbanismo, Luciano Mousinho, cerca de 8 toneladas
de resíduos foram encontradas nas praias do município, além de uma espécie de
planta. “Registramos tudo o que foi encontrado e estamos elaborando um
relatório para entregar ao Idema e demais instituições. Hoje já não conseguimos
encontrar muito lixo, mas estamos estudando a possibilidade de inserir as
bandeiras de sinalização até que as praias estejam totalmente limpas”,
informou.
Os primeiros sinais do lixo em Tibau do Sul foram vistos na
quinta-feira (22), dia em que foi encontrada meia tonelada de lixo por uma
força-tarefa do município. Na sexta-feira (23), mais uma tonelada foi retirada
das praias. Em Tibau do Sul, foram
atingidas as praias de Minas e Sibaúma. De acordo com a secretária de Meio
Ambiente, Urbanismo e Mobilidade Urbana do município, Laíra Souza, há um temor
que os resíduos atinjam a área de desova de tartarugas e o berçário de
golfinhos, em Pipa. “Ontem ainda foi recolhido bastante material, mas está
diminuindo. Hoje fizemos a coleta, mas ainda não temos a contagem dos sacos”,
disse.
A Praia das Minas é um famoso ponto de desova de tartarugas,
mas os danos para vida marinha podem ir além disso. Há um considerável número
de tartarugas que residem na região e a vinda de uma grande quantidade de lixo
plástico se torna um risco a essas espécies pela ingestão desses objetos.
O diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, alertou para a
importância da separação e quantificação no auxílio das investigações para
fazer o mapa dos municípios atingidos. “Agradecemos a prontidão nas respostas,
e pedimos que seja feito o mapeamento diário e o descarte dos resíduos em lugar
reservado”, solicitou.
O órgão está medindo a balneabilidade das áreas afetadas,
mas alerta que sejam liberadas para banho quando não forem encontrados mais
lixo. “Estamos em comunicação com a Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca
– SAPE e recebemos vídeos de pescadores que encontram lixo no mar. Não sabemos a
quantidade de materiais densos que podem ficar submersos, é preciso continuar
avaliando e ficar atento ao aspecto visual”. O diretor-geral ofereceu 10 caixas
de bombonas aos municípios que estão tendo dificuldades para o descarte do
lixo.
O Governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente
e dos Recursos Hídricos (Semarh) e do
Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema),
promoveu uma reunião de articulação entre instituições para tratar da temática
do aparecimento de lixo na costa sul potiguar, bem como de estados vizinhos. A
reunião foi aberta pelo secretário João Maria Cavalcanti, que em sua fala,
agradeceu a presença dos representantes das diversas instituições presentes e
falou da importância da participação conjunta em relação ao tema.
“Manifestei na semana passada, a vontade de promover uma
reunião para alinhar informações e convidar colegas de estados vizinhos para
vermos a possibilidade de um rastreamento desses resíduos que vêm sendo
trazidos pela corrente marítima nos últimos dias. Inclusive, acredito que esse
episódio vem ressaltar, ainda mais, a necessidade de tratarmos sobre o Marco
Regulatório do Saneamento, tão oportuno nesse momento”, disse o secretário.
Para o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, o que estamos
vendo é um reflexo da falta de uma sensibilização macro das pessoas em relação
ao descarte adequado do lixo e ao cuidado com o meio ambiente, de maneira
geral. O Idema ressalta a importância de se manter o contato entre as instituições
para se alinhar informações que sirvam de subsídios para a investigação.
“Podemos ver as dificuldades que os municípios enfrentam em relação aos
resíduos sólidos. Estamos diante de uma problemática que foge da situação das
prefeituras, pois ela extrapola até os limites do Rio Grande do Norte. Quando
se fala do mar, temos uma área de abrangência fora da capacidade do Estado e
temos que atuar de forma interativa e sistêmica. Precisamos da presença da
estrutura do Governo Federal para podermos encaminhar efetivamente para a
solução do caso”, disse o diretor.
Durante a reunião, foi ressaltada a importância do estudo
gravimétrico para se ter subsídios durante os trabalhos e posteriores
resultados, possibilitando ver o tipo de material e consequentemente as suas
origens. Este método quantitativo consiste na separação e pesagem dos materiais
por tipologia e o cálculo dos percentuais de cada material em relação ao peso
total da amostra.
O superintendente da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
Sustentabilidade de Pernambuco (SEMAS/PE), Bertrand Sampaio de Alencar, afirmou
que “o Governo do Estado de Pernambuco tem a disponibilidade em contribuir com
o Rio Grande do Norte no que for de informações sobre o derramamento de lixo.
Estamos preocupados, estudando e realizando várias hipóteses. A análise
quantitativa e qualitativa é muito importante nessa investigação, nesse
rastreamento de onde poderia está chegando esses resíduos. Essas informações
nos ajudarão nas análises para chegarmos em um denominador comum”, disse o
superintendente.
Como pontos de pauta, foram abordadas as seguintes questões:
o contato com as prefeituras para a orientação da separação do lixo recolhido,
a ser utilizado como material de investigação; respostas oficial dos órgãos
envolvidos no âmbito da orla marítima; a possibilidade de investigação via
satélite, em imagens de boa resolução da última semana, dada a significativa
quantidade de lixo no mar; o monitoramento das praias e possibilidade de
interdição ou campanha de alerta à população local atingida.
O coordenador do Projeto Cetáceos, da UERN, Flávio Lima,
afirmou que os animais encontrados sem vida no RN, até o momento, não possuem
ligação direta com este episódio de lixo. “Os animais que apareceram mortos, um
golfinho e duas tartarugas, não têm relação direta, segundo análise da causa
morte. A UERN tem a obrigação de repassar as informações ao público, estamos
totalmente envolvidos nesse processo e disponíveis para qualquer dúvida”,
disse.
O diretor do Idema, Leon Aguiar, ressaltou a necessidade da
separação do lixo e falou sobre a as orientações emitidas pelo Instituto
Ambiental no último sábado (24), orientando as prefeituras com os resíduos. Uma
das orientações é não permitir o banho nessas áreas que foram encontradas os
lixos.
“Sempre que acontece um evento dessa magnitude, necessitados
de um relatório para sistematizar todas as informações, de todas as ações que
estão sendo executadas, todas as medidas, sugestões, informações com data e
hora. A análise ainda é muito inicial, ainda não temos tanta informação
concreta. Sugerimos que os estados se reúnam com os municípios costeiros para
recolher as informações e possamos trabalhar com informações mais detalháveis
possível”, afirmou Leon.
Principais encaminhamentos:
Alinhamento com os municípios na sistematização de
informações existentes até o momento; necessidade de tentar isolar esse resíduo
para se ter uma investigação com elementos suficientes; importância dos Estados
vizinhos que foram afetados, fazerem o mapeamento das localizações, com data,
hora, quantificação e armazenação; colaboração dos parceiros com informações
sobre fauna marinha; continuação das atividades de monitoramento, através do
Programa de Balneabilidade; ampliação das orientações aos municípios sobre o
manuseio e armazenamento dos resíduos.
Ainda segundo o diretor Leon Aguiar, fortalecer a
comunicação e o diálogo entre as instituições são fundamentais para o
enfrentamento da situação, e também as orientações para os municípios que já
vêm sofrendo com a pandemia, fazem parte dos principais encaminhamentos.
“Evitar informações desencontradas, com dados e ações concretas e articuladas.
Precisamos de informações reais para repassarmos orientações seguras. No Idema,
estamos iniciando um relatório com as informações que vem chegando desde a última
sexta-feira (23), para ajudar no trabalho ao longo do tempo. Acredito que os
Estados possam fazer o mesmo, além de uma reunião com os municípios atingidos e
orientações necessárias para eles. Somente após isso, é que poderemos construir
um relatório em conjunto, como fizemos no evento do óleo nas praias. Trabalhar
de maneira multidisciplinar e interdisciplinar. É um momento de fortalecer os
cuidados com o meio ambiente, e isso depende, cada vez mais, da
responsabilidade da população no tocante aos resíduos que ela gera”, finalizou
o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar.
Além do Idema, outras instituições que participaram da
reunião foram: SESAP, SUDEMA/PB, SEMAS/PE, ABES/SE, ABES/RN, SETUR/RN,
SEIRHMA/PB, UFBP, FAPERN, IFRN, UFRN, PCCB/UERN, SEMA/PB, Defesa Civil/RN, CTRS
Região NE, CEMAM, SEMARH, BRASECO, assessorias da Dep. Natália Bonavides
(PT/RN), e do Sen. Jean Paul (PT/RN), Polícia Militar, SAPE/Pesca-RN, e
Instituto de Pesquisa e Ação-Inpact/Paraíba.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
(Idema) emitiu uma nota técnica solicitando que as prefeituras de municípios
que tiveram praias atingidas por lixo, de origem ainda desconhecida, adotem uma
série de medidas como forma de prevenção.
No documento, o Idema orienta que os municípios permaneçam
alertas para a chegada de quaisquer resíduos ou materiais diferentes nas
praias. Caso algo seja identificado, o instituto recomenda que seja
imediatamente notificado à Defesa Civil.
Veja a nota na íntegra:
O Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema junto a sua equipe do Núcleo de Monitoramento Ambiental, está acompanhando a situação e irá avaliar as condições de balneabilidade das águas dos trechos afetados com o lixo, com origem ainda desconhecida, que apareceu no litoral potiguar.
O órgão ambiental emitiu um Ofício com orientações para as Prefeituras dos Municípios Costeiros do Rio Grande do Norte e esclarece o seguinte:
Considerando o evento do surgimento de grande quantidade de resíduos sólidos nas praias do Litoral Sul do RN, incluindo resíduos de serviços de saúde;
Também considerando que em tais situações há grande risco de transmissão de doenças com o uso das águas para recreação de contato primário, como contato direto e prolongado com a água através de natação, mergulho, esqui-aquático, etc, além do contato direto com as areias das praias;
E considerando que de acordo com a Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama nº 274/2000, que define os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, Art. 2º, § 4º, as águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado, for verificada uma das seguintes ocorrências: presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação;
Além disso, considerando que a situação atual se enquadra exatamente no Art. 2º, parágrafo 4º e alínea d, da Resolução Conama nº 274/2000, tornando as águas impróprias para recreação de contato primário.
Solicitamos que essas prefeituras possam adotar as seguintes ações:
1. Interdição dos trechos das praias que ainda possuam resíduos sólidos;
2. Se possível, colocação de bandeiras vermelhas indicando que a praia está imprópria para banho, até a total limpeza das praias, aguardando alguns dias, de modo que se tenha certeza que não estão chegando novas quantidades de resíduos nas praias;
3. A limpeza das praias deve ser realizada o mais rápido possível para que esse material não volte para o mar, tampouco o material mais pesado fique submerso na areia;
4. E que os resíduos possam ser armazenados temporariamente em algum local reservado no município para auxiliar nas investigações da origem.
Por fim, o Idema orienta que todos os municípios costeiros se mantenham alertas para a chegada de quaisquer resíduos ou materiais diferentes nas praias, caso ocorra, notificar a Defesa Civil do Estado, 98120-1297, e o Instituto, por meio do serviço ‘Alô Idema’, através do 0800.281.1975, do telefone 3232-7004 e também do e-mail aloidema@gmail.com.
ESPECIALISTA DIZ QUE SÓ SERÁ POSSÍVEL RELACIONAR MORTES AOS RESÍDUOS APÓS NECROPSIA. FOTO: AYRTON FREIRE
Três tartarugas foram encontradas mortas entre a sexta-feira
(23) e o sábado (24) nas praia de Tabatinga e Búzios, em Nísia Floresta, no
litoral sul do Rio Grande do Norte.
A praia é uma das que registrou grande quantidade de lixo
encontrada na beira do mar na sexta-feira (23) – só no município, mais de 2
toneladas foram recolhidas.
De acordo com o secretário adjunto de Meio Ambiente de Nísia
Floresta, Bismarck Sátiro Pereira, essa duas delas foram encontradas em
Tabatinga e uma em Búzios, que são praias vizinhas. Na sexta, um golfinho
também foi achado sem vida na areia da praia de Tabatinga por moradores.
“Entre os animais de maior porte que foram encontrados
sem vida, essa aqui é a terceira tartaruga. Só hoje (sábado) foram duas. E
ontem (sexta), tinha uma encalhada na areia da praia”, disse o secretário,
que relatou ter recebido a notificação de moradores sobre o golfinho, mas não
encontrou o animal.
De acordo com o professor da UERN, o biólogo Flávio Lima,
que é coordenador do Projeto Cetáceos, que acompanha a vida marinha no estado
com resgate e reabilitação dos animais, é precoce apontar a relação entre o
lixo encontrado e os animais mortos, já que ainda não foi feita uma necropsia.
“Neste momento, é muito prematuro correlacionar a morte
desses animais com esses resíduos que estão aparecendo nas praias”. A
equipe do projeto foi até o local para recolher os animais.
O professor aponta, no entanto, que historicamente a
ingestão de lixo é uma grande causa de morte dos animais do litoral potiguar.
“Nós não temos ainda elementos para associar a morte dos animais a esses
fatos, porém sabe-se que nós temos uma série histórica de 20 anos de estudo
aqui no RN em que a principal causa da morte de tartarugas é por ingestão de
lixo humano, doméstico”, falou.
Uma das tartarugas mortas também foi registrada pela ONG Oceânica, que trabalha para conservação dos ambientes da costa marítima.
Nessa quarta-feira (21), a Praia das Minas, famoso ponto de desova das tartarugas na Praia da Pipa, amanheceu repleta de lixo urbano de origem desconhecida. O lixo foi trazido pela ação das ondas e surpreendeu pela quantidade de plásticos e de lixo hospitalar, como seringas.
A Prefeitura de Tibau do Sul deslocou uma equipe de limpeza
para o local, que realizou um trabalho junto com voluntários da organização
Tribo Bahia Ambiental para retirada de meia tonelada de lixo da praia, até o
momento.
A Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Mobilidade Urbana
do município enviou uma bióloga para avaliar o prejuízo para o bioma local, e
um relatório está sendo preparado, inclusive com dados que possam auxiliar na
identificação da origem do lixo. O relatório será concluído ainda nesta
quinta-feira (22).
“Essa foi uma ação criminosa e que gera danos gravíssimos
para uma área de preservação, uma das mais importantes para sobrevivência de
espécies marítimas”, alertou a Secretária de Meio Ambiente, Laíra Sousa.
Até o final da tarde desta quarta-feira ainda restava lixo
na praia, e a ação de limpeza continuará até que a situação volte ao normal.
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