Em entrevista à BBC, publicada nesta quarta-feira, 25, o escritor Paulo Coelho falou abertamente o que pensa sobre Jair Bolsonaro e afirmou que está cumprindo um “compromisso histórico” ao discursar seu posicionamento em relação ao presidente sem pudor. “O compromisso histórico é não ficar calado. Eu tenho que falar. Vou perder leitores? Vou. Tenho perdido? Devo estar perdendo? Não sei. Eu não fico contabilizando”, afirmou.
Segundo o escritor, que vive em Genebra, “as pessoas ficam muito constrangidas em perguntar sobre o Brasil. Elas não perguntam. Eu tenho que dar uma entrada para as pessoas perguntarem. Eles vêm e dizem: ‘Ah, pois é, você viu que ele ofendeu a primeira-dama francesa’. Aí eu tenho que falar alguma coisa. Mas eu procuro evitar a conversa Brasil porque eu não posso no momento falar bem do meu país, e falar mal é muito chato”, disse.
Coelho ainda afirma que, ao longo dos 72 anos de vida, nunca viu nada igual ao atual cenário vivido no Brasil. “Eu já vivi ditadura, democracia, muitas fases do Brasil, mas nunca vi o que está acontecendo agora. É um delírio. Necessitava (Howard Phillips) Lovecraft, um escritor de ficção científica, para descrever o Brasil. Fico muito triste com o que está acontecendo”.
Para ele, parece que o Brasil virou um Estado de negação. “As pessoas negam a realidade. ‘Ah, vou me fechar aqui e não quero ver o que está acontecendo’. Isso é muito triste. Veja, você tem um chanceler, Ernesto Araújo, que é um cara completamente despreparado. Não tem maturidade, não tem experiência, não tem nada que justifique a posição que ocupa. E o cara diz qualquer coisa. ‘Ah, eu fui à Itália, estava frio, então não tem aquecimento global’. Meu amigo, um dos sintomas do aquecimento global é o frio”, ensina.
“Uma inveja positiva”
O escritor mais traduzido do mundo revelou que sentiu uma certa inveja do Felipe Neto, quando o influenciador digital comprou 14 mil exemplares de livros com a temática LGBT e distribuiu na Bienal do Livro.
“Não só elogiei, senti uma certa inveja positiva. Disse: porra, o cara teve essa ideia e eu não tive. Eu disse, porra, eu queria ter tido essa ideia. Mas aí ele começou a ser ameaçado. E eu resolvi me posicionar para que a pessoa seja defendida. Na época da repressão, digo no governo militar, quando as pessoas eram presas, elas eram agarradas na rua, sei lá, em qualquer lugar, e elas tinham que gritar o nome para que todo mundo soubesse que a pessoa estava sendo presa. Porque uma vez que as pessoas sabem, isso já é um escudo de proteção. A mesma coisa valia para o Felipe Neto. Não vamos deixar que as coisas sejam assim, não”.
Com informações: BBC News
2 Comentários
Ler Paulo Coêlho é o mesmo que encher os olhos de cocô.
Todo maconheiro fala mal de nosso presidente.