A morte do cachorro Joca, motivada por uma falha operacional no embarque do pet no porão de um avião da companhia aérea Gol, ligou o alerta para a necessidade de regulação do transporte de animais. O veterinário Rodrigo Rolim destaca os riscos em viagens que podem afetar a saúde dos pets, entre eles, a escolha incorreta da caixa de transporte, a duração do trajeto e a forma de transporte.
“As caixas têm que ser acomodadas de forma a ficarem em locais firmes, seguros de impactos e ventilados. Isso deve ser bem observado pelos tutores e questionando as companhias que o está transportando”, adverte.
Quando os pets são transportados na cabine, o ideal é que possam estar em caixas de transporte flexíveis acondicionadas embaixo do assento da frente do tutor. Já para os que vão no porão do avião, a caixa deve ser rígida para aguentar possíveis impactos, segundo o veterinário.
No caso de viagens em companhias rodoviárias, ou seja, de ônibus, Rodrigo explica que não é seguro que os animais sejam transportados no porão, por ser um ambiente abafado e escuro. “A depender da distância e tempo de viagem, os riscos que o cão ou o gato podem correr são de desidratação, hipoglicemia ou até mesmo algum mal súbito devido ao estresse”, disse.
O veterinário alerta que os cuidados essenciais que os tutores devem ter são a partir do planejamento de um transporte seguro dos pets e da escolha da caixa de transporte ideal, considerando resistência, conforto, ventilação e circulação de ar abundante.
“Dessa maneira, também, é necessário ambientar o pet na caixa alguns dias antes da viagem, dando reforços positivos, como petiscos e agrados, dessensibilizando e diminuindo qualquer trauma ou medo da caixa”, diz o médico veterinário.
Procurar um veterinário de confiança para fazer uma consulta prévia e conversar sobre as exigências e cuidados individualizados para o animal também é uma das medidas de segurança e planejamento para antes da viagem.
“O ideal é que se faça a viagem no tempo mínimo e com menos escalas aéreas possíveis. No caso do transporte terrestre, avaliar paradas em locais seguros estratégicos para o pet caminhar um pouco”, adiciona Rodrigo.
“Em hipótese alguma o pet pode ser sedado, pois não estará em observação contínua e pode ter algum mal súbito provocado pelo uso inadequado de sedativo. Mas pode-se aos poucos usar produtos homeopáticos que reduzem o estresse na viagem, do tipo florais e até mesmo um produto adaptativo borrifado na caixa antes do pet entrar, que traz sensação de segurança”, completa o veterinário.
Protesto em Natal
Pelo menos 13 cidades do País terão manifestações no próximo domingo 28 para cobrar justiça pela morte do cachorro Joca, após uma falha da companhia aérea Gol. Em Natal, um ato está sendo convocado por tutores para o Parque Ecológico de Capim Macio, a partir das 16h.
Uma convocação que circula nas redes sociais, assinada por movimentos sociais ligados aos direitos dos animais, afirma que o ato vai pedir mudanças nas regras para o transporte aéreo de animais.
Em outras cidades, o ato vai acontecer no aeroporto, mas como o terminal que serve a Grande Natal fica distante da área urbana, em São Gonçalo do Amarante, o ato foi programado para Capim Macio.
“Neste domingo, todos que respeitam os animais vão estar juntos numa grande manifestação no Brasil inteiro pelo Joca. Vamos fazer um encontro por justiça em todo o Brasil. Vamos juntos nos unir para tentar mudar as normas das companhias aéreas que ainda tratam os animais como bagagens. Ninguém precisa gostar de animais, mas todos precisam respeitar os animais”, afirma a convocação.
Joca, um cachorro Golden de 5 anos, embarcou dentro de uma caixa de transportes no porão de um avião da Gol na última segunda 22. O avião partiu de Guarulhos (SP) e o destino seria Sinop (MT), mas, por um erro da companhia, acabou indo para Fortaleza (CE). Joca foi enviado de volta a Guarulhos, mas não resistiu à longa viagem. O trajeto, que seria de até 2h30, durou 8 horas.
