Quase um ano depois do início do vazamento de óleo que atingiu a costa brasileira, o governo federal não apenas não conseguiu encontrar e punir os responsáveis como ainda está como uma dívida milionária com a Petrobras por conta do episódio.
Dados obtidos pelo GLOBO com base na Lei de Acesso a Informação mostram que a União deve R$ 43 milhões à empresa, pelos diversos serviços prestados no combate a um dos maiores desastres ambientais do país.
Segundo levantamento do Ibama até março passado, foram detectadas manchas de óleo em mais de 1.013 locais em todos os estados da região Nordeste e também na costa do Espírito Santo e Rio de Janeiro.
As autoridades chegaram a atribuir a responsabilidade pelo vazamento ao navio de bandeira grega Bouboulina, da empresa Delta Tankers. Os responsáveis pela embarcação, no entanto, negaram qualquer envolvimento. À época, estimava-se que a multa aos responsáveis poderia chegar a R$ 50 milhões.
Ao longo da crise, que começou em agosto e se estendeu até o fim do ano, o governo federal recorreu à Petrobras para tentar conter o avanço das manchas de óleo na costa, monitorar a chegada delas às praias e recolher o material que chegou à areia. Essa ajuda, no entanto, não foi de graça. Segundo levantamento obtido pelo GLOBO junto à Marinha, o governo federal deve R$ 43.285.315,43 à Petrobras.
O valor é referente ao empréstimo de embarcações, cessão de mão de obra, utilização de drones e aeronaves. Só em pagamento de horas-extras a funcionários da estatal, o governo deve R$ 20,4 milhões. Outros R$ 3,1 milhões são para o pagamento de 128 horas de voo custeadas pela Petrobras em aeronaves dela ou alugadas pela companhia.
Procurada, a Petrobras disse que o pagamento da dívida será feito “após o cumprimento de trâmites administrativos”. Em nota, a estatal disse ter recolhido 500 toneladas de resíduos em mais de 1,1 mil quilômetros de praias em sete estados.
O Globo