Os Estados Unidos declararam estado de emergência nacional na tarde desta sexta (13) devido à crise do novo coronavírus.
A medida permite ao Executivo usar US$ 50 bilhões para combater a pandemia, que poderão ser solicitados por estados, localidades e territórios para “a nossa luta conjunta contra essa doença”, disse Trump em declaração na Casa Branca.
“Para usar todo o poder do governo federal para esse esforço de hoje, estou declarando oficialmente uma emergência nacional —duas palavras muito grandes”, completou.
Trump pediu que os estados ativem centros de emergência para ajudar a combater o vírus. Até 500 mil novos testes de coronavírus serão disponibilizados com a nova medida.
Ele também disse que famílias retornando da Europa serão submetidas a procedimentos extras de segurança e terão que ficar em quarentena auto-imposta.
A norma que baliza a decisão anunciada por Donald Trump é a Lei Stafford, de 1988, da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês), que serve tanto para ajudar governos estaduais e municipais em caso de catástrofes naturais quanto na coordenação de uma resposta federal.
Apesar de, até agora, ter sido usada por Trump basicamente para desastres naturais —como no episódio das queimadas na Califórnia—, o recurso também pode ser aplicado no caso de uma pandemia.
A presidente do Senado, Nancy Pelosi, afirmou na quarta (11) que a Casa vai aprovar uma lei que vai fornecer testes gratuitos de coronavírus para as famílias americanas, incluindo quem não tem seguro de saúde.
Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, vinha pressionando o presidente em relação à aplicação da medida.
O anúncio nesta sexta mostra mais uma reação concreta de Trump à disseminação do coronavírus.
Na quarta, restringiu a entrada de viajantes vindos da Europa, decisão considerada uma guinada brusca para corrigir a rota da resposta à pandemia pelo governo americano, criticado por ter feito pouco caso quando soaram os primeiros alarmes.
A administração de Trump é acusada de ter desmontado aparatos de emergência, desacreditado cientistas que trabalhavam para o governo e motivado, assim, uma fuga de cérebros —uma situação que torna mais difícil, hoje, a contenção da crise.
A estimativa é de que ao menos 1.600 cientistas tenham deixado as agências públicas durante os dois primeiros anos do governo do republicano.
Há anos cientistas alertam para a possibilidade de uma epidemia de tamanhas dimensões. Tanto que, em 2014, depois da crise do ebola, o então presidente americano Barack Obama criou um time de segurança nacional na Casa Branca para lidar com o risco de epidemias.
Essa equipe, no entanto, foi eliminada em 2018 pela administração Trump.
Por fim, o que seria apenas uma reunião diplomática com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, no resort do americano em Mar-a-Lago, no sábado (7), tornou-se a possibilidade de o líder americano ser portador de coronavírus, pois o secretário de Comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten, que estava na comitiva brasileira, teve confirmado o diagnóstico de coronavírus na quinta-feira (12).
A notícia alarmou diversas autoridades brasileiras e americanas que tiveram contato com ele durante a visita de Bolsonaro à Flórida. A Casa Branca anunciou nesta quinta que não há necessidade de Trump, 73, e o vice, Mike Pence, 60, fazerem o teste para saberem se estão contaminados.
Judith Wasserheit, professora de medicina na Universidade de Washington, em Seattle, em entrevista ao New York Times, porém, discorda da decisão. “Devido às funções importantes que o presidente e o vice-presidente desempenham, seria sensato ter uma tolerância para realizar testes, independentemente do status dos sintomas”, diz ela.
Folha de S. Paulo