Quantos mais exames o médico pede, mais você está protegendo sua saúde? Pode não ser bem assim. Sociedades médicas brasileiras – de Cardiologia e de Medicina de Família – estão trazendo para o Brasil uma campanha internacional que tenta mostrar os riscos do que chamam de “epidemia de diagnósticos”.
Ela seria causada por um excesso de exames, que poderia levar a uma “overdose” de tratamentos desnecessários e, em alguns casos, danosos. Mas como saber se uma prescrição está correta? A ausência de uma resposta exata gera discussão entre médicos e dúvidas entre pacientes.
“Com exames mais sofisticados, os diagnósticos e tratamentos aumentaram. Mas a mortalidade não caiu para nenhum tipo de câncer, nem para doenças cardiovasculares, segundo pesquisas. Certos procedimentos têm efeitos colaterais piores que algumas formas das doenças”, afirma André Volschan, coordenador do Centro de Estudos do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro.
Lista de exames
Para evitar mal-entendidos entre os médicos, a campanha no Brasil, que ganhou o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), adotou a estratégia da norte-americana, impulsionada pelo Conselho Americano de Medicina Interna. A ideia não é impor condutas aos doutores, mas estimular as sociedades médicas a criarem suas listas de procedimentos a serem evitados.
Em sua lista, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que seja deixada de lado uma intervenção que movimenta um mercado de US$ 10 bilhões por ano: a colocação de “stents” em pacientes assintomáticos – pequenos tubos que abrem vasos entupidos por placas de gordura no coração.