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Segundo psicóloga especialista em luto do Morada da Paz, “é normal surgir a sensação de revolta diante da morte”

NO BRASIL, ÓBITOS DECORRENTES DA COVID-19 ULTRAPASSAM 600 MIL E IMPACTAM INCALCULÁVEIS PARENTES E AMIGOS. FOTO: DIVULGAÇÃO

Lidar com a morte não se revela fácil. Atualmente, em meio a uma das maiores crises sanitárias já enfrentadas pela humanidade, o Brasil contabiliza mais de 600 mil mortes pela covid-19, de acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), sendo, portanto, incalculável o número de amigos e familiares diretamente afetados por essas perdas. Segundo a psicóloga especialista em luto do cemitério e crematório Morada da Paz, Beatriz Mendes, “é normal surgir a sensação de revolta diante da morte”.

Para passar por esse momento de maneira mais saudável, “é preciso processar a perda para, então, aceitá-la, ainda que isso seja doloroso”, ressalta ela, adicionando que o luto é um processo natural de resposta a uma quebra de vínculos. Assim, quando se perde alguém ou algo significativo na própria vida, mostra-se fundamental viver esse momento para viabilizar a aceitação das passagens.

Luto antecipatório

Em 17 de janeiro deste ano, em São Paulo, a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a receber a vacina contra a covid-19 no Brasil. A campanha de imunização se revela uma esperança no enfrentamento da pandemia.

Mesmo assim, muitas pessoas sofrem com o “luto antecipatório”. Esse termo é usado para definir a sensação de que, talvez, pessoas queridas não voltarão do hospital, o que aciona o gatilho do sentimento de perda e todas as consequências emocionais que a situação evoca, esclarece a psicóloga.

Aceitação

Os rituais diante da morte são muito importantes, uma vez que regularizam as experiências, fornecem um lugar seguro, desde um lugar físico, até um lugar afetivo importante para expressão das emoções, para que as pessoas possam vivenciar este momento juntas.

Por isso, ainda segundo Beatriz, a ida ao cemitério pode contribuir para a adaptação à perda. “O local no qual estão depositados os restos mortais simboliza o fim, mas também pode ser visto como um lugar de reencontro. Ademais, esse ritual contribui para a ativação da memória afetiva, criando, assim, a saudade”, frisa a psicóloga do luto.

Já para os que já partiram e foram cremados, seus entes queridos podem, de acordo com Beatriz, ter um local de contemplação em um local que desperte boas memórias, a fim de se “aproximar” daquele que já se foi e ressignificar sua partida.

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