Com um olho no calendário do impeachment de Dilma Rousseff e outro nos sinais de agravamento da crise nos caixas da União, de estados e municípios, que se espraiam pela economia, Michel Temer começou a perceber que não haverá dia fácil no Palácio do Planalto. (Infográfico: a farra dos governos estaduais)
O vice poderá se tornar titular na segunda quinzena de maio. É para quando se prevê uma decisão do Senado favorável à abertura de processo contra a presidente por crime de responsabilidade — a maquiagem das contas para ocultar despesas de R$ 90 bilhões acima da receita. Dilma deixaria a Presidência até novembro, quando ocorreria seu julgamento definitivo. Se derrotada, o vice cumpre o restante do mandato.
O caixa dos governos federal, estaduais e municipais foi implodido pela incúria administrativa: os gastos cresceram numa velocidade muito maior que a arrecadação de tributos, impulsionada pelos novos impostos na última década.
O desequilíbrio nas contas conduziu o país a uma recessão inédita. A arrecadação tributária cai (-8,1% no primeiro trimestre), enquanto as despesas se mantêm elevadas. Com déficits contínuos, os governos passaram a adiar pagamentos.
Agora, se tornou real o perigo de calote governamental em série. O risco foi ampliado pela paralisia do governo e do Congresso, que há meses dedicam tempo integral ao processo de impedimento da presidente. Essa preocupação tem permeado as conversas de Temer com economistas de peso que podem, inclusive, integrar sua equipe no futuro. Ontem, ele se reuniu com o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
Informações: O Globo