O diretor legislativo da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais (Feneme), coronel Elias Miller, considera que o reajuste de 41% a policiais militares, proposto pelo governo de Minas Gerais, foi “irresponsável” e pode dificultar negociações da categoria com outros estados. “Eu acho que foi irresponsável. Ele poderia ter dado um aumento razoável, afunilou todo mundo”, comenta.
Atualmente no Ceará, onde participa com um grupo de senadores das negociações entre o governo local e a PM, o militar de São Paulo acredita que o aumento proposto pelo governador Camilo Santana (PT) foi de “razoável para bom”, mas foi recusado pela categoria porque o estado não aceitou anistiar os participantes do motim.
Ele explica que, como policial militar, é contra a anistia, mas é a favor, quando se trata de uma negociação. Miller afirma que essa prática é feita há anos e pode facilitar o fim do imbróglio, salvando vidas – entre 6h de quarta-feira (19) e 6h de quinta (20), o estado registrou 29 assassinatos.
O coronel acredita que o aumento aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, proposto pelo governador Romeu Zema (Novo), dificulta um pouco mais as negociações. “À medida que um estado que está falido dá um aumento de 41%, desmoraliza todos os outros governadores”, comenta.
Questionado sobre os outros estados onde também há pressão para um reajuste salarial da categoria, o diretor da Feneme afirma que na maioria deles há “movimentos naturais de recomposição salarial” e somente três – Ceará, Paraíba e Piauí – estão “mais incisivos”. Segundo Miller, as negociações “ficaram mais difíceis” após o reajuste mineiro. “Afunilou todo mundo”, repete.
Apesar de criticar o aumento de Minas, Miller defende que a categoria muitas vezes passa por uma “exploração escravagista” e cita o caso do seu estado como exemplo. “Eu sou coronel de São Paulo e ganho menos que um tenente de Minas e de Santa Catarina”, afirma.
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