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PT fica sem prefeito em capitais pela primeira vez desde a redemocratização

A DERROTA DO PT NAS CAPITAIS TAMBÉM APONTOU UMA RENOVAÇÃO DE QUADROS DA ESQUERDA. FOTO: GUILHERME MENDES

Pela primeira vez desde as eleições municipais de 1985, a primeira após o fim da ditadura militar e a redemocratização do país, o Partido dos Trabalhadores (PT) não elegeu prefeito nas capitais. Em Macapá, única capital estadual onde a eleição foi adiada para dezembro, o candidato petista tem apenas 1% das intenções de votos, segundo as últimas pesquisas. A legenda perdeu nas duas capitais em que concorreu neste domingo, Vitória e Recife.

Os resultados deste domingo (29), aliados aos resultados do primeiro turno há duas semanas (15), mostram uma dificuldade do partido em se manter como uma força relevante em grandes centros estaduais, onde já teve amplo domínio no passado. Essa dificuldade poderá se converter em um problema para o partido se consolidar para as eleições presidenciais e estaduais de 2022.

Em 1985, cinco anos após sua criação, o PT conquistou sua primeira capital, Fortaleza, com Maria Luiza Fontenele. Em 1988, Olívio Dutra foi eleito em Porto Alegre e Luiza Erundina conquistou a maior cidade do país, São Paulo. Em 1992, a legenda avançou sobre quatro capitais (Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Rio Branco). Em 1996, o PT elegeu dois prefeitos em capitais (Belém e Porto Alegre).

A partir de 2000, o partido ampliou sua base nas capitais: naquele ano, seis capitais foram para o partido (Aracaju, Belém, Goiânia, Porto Alegre, Recife e São Paulo). Em 2004, primeiro ano após a eleição de Lula, o ápice do crescimento: uma em cada três capitais era do partido (Aracaju, Belo Horizonte, Fortaleza, Macapá, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Vitória). Em 2008, no segundo mandato de Lula, o PT fez seis prefeitos: Fortaleza, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Vitória.

Durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2014), o PT ainda manteve quatro capitais: Rio Branco, João Pessoa, Goiânia e São Paulo. A eleição de 2016 ocorreu meses após o impeachment de Dilma Roussef do cargo, e as seguidas investidas da Operação Lava Jato contra o partido cobraram um preço alto: naquela eleição, apenas Socorro Neri foi eleita em nome do partido. Agora, em 2020, Socorro concorre à reeleição pelo PSB – única capital onde o resultado desde domingo ainda não é conhecido.

A derrota do PT nas capitais também apontou uma renovação de quadros da esquerda. Prefeito pela primeira vez pelo PT, o deputado Edmilson Rodrigues retorna à prefeitura de Belém agora pelo Psol. Manuela D’Ávila (PCdoB) chegou ao segundo turno e teve votação expressiva em Porto Alegre. João Campos manteve a hegemonia do PSB em Recife. Em São Paulo, mesmo derrotado neste domingo, Guilherme Boulos (Psol) deixa eleição com outro tamanho, depois de uma votação surpreendente e de deixar o PT para trás, acumulando capital político para 2020.

Congresso em Foco

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