Mensagens da rede interna usada por procuradores revelam a insatisfação de integrantes do Ministério Público Federal (MPF) com um celular iPhone SE, cujo preço no mercado varia entre R$ 2,6 mil e R$ 3,6 mil, que seria fornecido a eles pela instituição.
Segundo reportagem de Vinicius Sassine na Folha de S.Paulo, que teve acesso às mensagens, o procurador Marco Tulio Lustosa Caminha, que atua no Piauí, escreveu a seguinte mensagem no dia 9 de fevereiro: “Darlan e colegas, recebemos aqui no estado um email perguntando se queremos receber somente um chip da claro, ou continuar recebendo um chip com o aparelho, COM O ALERTA QUE SE A OPÇÃO FOR ESTA ÚLTIMA O APARELHO SERÁ UM IPHONE SE!!!”.
E prosseguiu: “É isso mesmo, Darlan??!!! Você acha mesmo que depois de mais de três anos com um iphone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais outros 30 meses um iphone SE?? Acho que ninguém aqui é moleque, Darlan!!”.
Segundo o procurador, 40% de seu trabalho é feito pelo celular. “Isso é um insulto!! Não quero esmola! Acho que ninguém aqui quer esmola!! Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia… Que bagunça é essa?? Estão querendo nos humilhar??!! Não aceito humilhação, Darlan. Acho que devemos ser respeitado!!!”.
A mensagem de Caminha foi endossada pela procuradora Ana Paula Ribeiro Rodrigues, que atua no Rio de Janeiro. “É incrível essa notícia trazida pelo Marco Tulio. Torcendo para que haja algum equívoco nisso”, afirmou.
A procuradora afirmou ainda que “em alguns casos, a opção não aceitar a esmola não se coloca”. “Essas notícias chegam nessa situação de penúria, em que a gente fica desesperado atrás de acumulações para poder complementar o salário. Isso para os ‘privilegiados’ que conseguem chances de acumular”.
Cada integrante do MPF também tem direito a um notebook no valor de R$ 4.500 e a um tablet funcionais.
Além dos aparelhos eletrônicos, procuradores costumam receber diversos benefícios junto com o salário de de R$ 33,6 mil, como auxílio-alimentação (R$ 910), abono pecuniário (de até R$ 29,9 mil) ou gratificação por acúmulo de ofício (de até R$ 7,5 mil). Com isso, em alguns casos, o rendimento mensal ultrapassa os R$ 100 mil.
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