Quem passa pelos principais corredores comerciais de Natal percebe que está cada vez mais visível o número de estabelecimentos comerciais que deixaram de funcionar nos últimos tempos. De acordo com a Junta Comercial do Rio Grande do Norte (Jucern), neste ano, até abril, 1044 unidades encerraram suas atividades no estado, enquanto que no mesmo período do ano passado foram 667.
O aumento no fechamento de empresas já era esperado pela Jucern, segundo a presidente do órgão, Samya Linhares Bastos. “Entrou em vigor em janeiro de 2015 nova legislação que desburocratiza o fechamento de empresas. Antes não podiam dar baixa com dívidas. Agora podem. Havia uma demanda reprimida que, devido a entraves burocráticos que não existem mais, evitava dar baixa, mesmo com a empresa parando a atividade”, explica.
Apesar disso, a Jucern registra um número de abertura de empresas maior do que o de fechamento. No primeiro quadrimestre deste ano, 2.211 empreendimentos formalizaram a abertura de firmas.
Os empresários explicam que a crise econômica tem obrigado muitas unidades a fecharem as portas e, nesse cenário de incertezas, as entidades que representam setores como o de comércio e serviços estão buscando encontrar alternativas para superar a difícil situação, estimulando novos negócios a quem perde o emprego.
Uns fecham e preferem esperar mais um tempo para possivelmente voltar com o negócio. Outros encerram as atividades definitivamente e até mudam de ramo. Alguns aproveitam a crise para executar reforma estruturais e há aqueles que fecharam para transferir o ponto. Todas essas são situações relatadas pelas entidades representativas como a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Jucern.
Nas últimas semanas uma lista com nomes de pelo menos onze estabelecimentos tem sido compartilhadas em grupos de redes sociais, apontando o aumento de pontos que deixaram de funcionar atribuindo o fenômeno à crise financeira. Entre estes, a Abrasel confirmou o fechamento de restaurantes como o Restaurante dos Mares, Galo do Alto, Filet, Cook & Luxo, Café Trieste, Pizzaria Domino’s, Gourmet Burger e Empório Gourmet.
“A gente vinha nos ultimos dois anos amargando uma queda de faturamento de 20% e a crise vem numa crescente, piorando no segundo semestre do ano passado. A queda chega a 40%. Em dezembro do ano passado, eu tive uma queda de 58% no faturamento”, relata o presidente da Abrasel, Max Fonseca, que fechou seu restaurante, o Galo do Alto, em Ponta Negra.
A justificativa para os fechamentos é clara, segundo Max. Com menos poder de compra da população, há menos dinheiro para consumo. Nos caso de bares e restaurantes, há o consumo fixo de trabalhadores que fazem refeições fora de casa e o consumo de lazer. “Este de lazer sofre mais. Aliado a isso tem o aumento nos últimos anos na mão de obra superior à inflação e alguns ítens de insumo”, conta Max Fonseca. A lucratividade no setor teve queda superior a 50%, relata.
Levantamento da Abrasel apontou que um a cada seis empresários avaliam encerrar o negócio ou repassá-lo nos próximos meses. Isso pode chegar a 150 mil em todo o país, segundo o estudo. Em 84% dos casos, o motivo apresentado é o prejuízo acumulado. Levantamento da Abrasel apontou que um a cada seis empresários avaliam encerrar o negócio ou repassá-lo nos próximos meses. Isso pode chegar a 150 mil em todo o país, segundo o estudo. Em 84% dos casos, o motivo apresentado é o prejuízo acumulado.
Reportagem: Novo Jornal