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Políticos, ministros e agro comemoram fim do tarifaço sobre carne, café e mais produtos brasileiros

FOTO: VINICIUS LOURES

Parlamentares, ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a bancada ruralista celebraram o fim das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros como carne e café. A queda do tarifaço em vigência há quatro meses consta em uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump nesta quinta-feira (20/11).

Majoritariamente de oposição, políticos representantes do agronegócio brasileiro expuseram sentimento de vitória com o avanço na negociação. Figura entre eles a ministra da Agricultura da gestão Bolsonaro (PL), e hoje senadora, Tereza Cristina (PP-MS). “Temos agora o resultado pelo qual todos os negociadores brasileiros trabalharam, alinhando-se com a dinâmica própria do mercado interno americano, que falou mais alto”, se manifestou nas redes sociais. “Quem ganha é o agronegócio, a indústria e o povo brasileiro”, acrescentou ela, também diretora da Frente Parlamentar de Agropecuária (FPA).

Também pela bancada ruralista do Congresso Nacional falou o presidente da frente, deputado Pedro Lupion (Republicanos-PR). Dispensando citações e referências à diplomacia brasileira, ele celebrou o resultado da articulação e firmou compromisso com o setor de madeiras, ainda afetado pelas tarifas. “Vitória importante hoje. Resultado da competência do agro brasileiro”, declarou.

As manifestações elogiosas à negociação capitaneada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Indústria partiram de ministros de Lula. Gleisi Hoffmann, à frente da Secretaria de Relações Institucionais, disse que a retirada das sobretaxas representa a derrota dos “traidores da pátria”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao filho dele, o deputado autoexilado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontados como os responsáveis pela articulação pró-tarifaço.

“Essa é uma grande vitória do presidente Lula na defesa do país”, escreveu. “Lula soube conversar com seriedade e altivez com Donald Trump, confirmando que é um verdadeiro líder”, acrescentou. “[Derrota] daqueles que comemoraram o tarifaço contra o país, como o governador Tarcísio de Freitas e outros mais”, completou encerrando sua declaração.

Colega de partido de Tarcísio, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, também comemorou a decisão dos Estados Unidos, atribuindo-a à articulação do presidente Lula. “Mais uma vitória do diálogo e da diplomacia! Parabéns ao presidente Lula e à equipe por conseguirem reverter o tarifaço e fortalecer a posição do Brasil no comércio internacional”, publicou em uma rede social.

Parlamentares da base de Lula no Congresso reforçaram os elogios à atuação do governo brasileiro. “Grande dia para o Brasil. Uma vitória do presidente Lula, que mostrou capacidade de negociação, mas, sem jamais abrir mão da soberania nacional”, afirmou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). “A retirada das tarifas é resultado direto das negociações entre os governos do Brasil e dos EUA e beneficia diversas cadeiras produtivas nacionais”, disse a também senadora Leila do Vôlei (PDT-DF).

Eduardo Bolsonaro ignora nota de Trump e nega mérito da diplomacia

O deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que “a diplomacia brasileira não teve qualquer mérito” na retirada de tarifas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros. Ele sinalizou que a decisão foi política para “conter a inflação americana”, já que o presidente dos EUA, Donald Trump, “precisa entregar resultados rápidos para que a população” sinta antes das eleições parlamentares do país, marcadas para novembro de 2026.

Na declaração, o deputado ignorou a menção feita por Trump às negociações com Lula pelo fim do tarifaço. O norte-americano abriu canal de negociação durante a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 23 de setembro. Na ocasião, Trump e Lula se esbarraram no corredor do evento e combinaram um encontro para tratar de temas pendentes entre os dois países.

Eles conversaram por telefone em 6 de outubro e, em 26 de outubro, se encontraram pessoalmente na Malásia. No anúncio da retirada de tarifas na noite desta quinta-feira, o norte-americano citou o contato com o presidente brasileiro.

“Em 6 de outubro de 2025, participei de uma conversa telefônica com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas no decreto executivo 14323 (que trata das taxas). Essas negociações estão em andamento”, disse.

Ainda no anúncio, Trump relatou que recebeu informações de que certas importações agrícolas brasileiras não deveriam mais estar sujeitas à sobretaxa porque, “entre outras considerações relevantes, houve progresso inicial nas negociações com o governo do Brasil”.

“Após considerar as informações e recomendações que me foram fornecidas por esses funcionários (dos EUA) e o andamento das negociações com o governo do Brasil, entre outros fatores, determinei que é necessário e apropriado modificar o escopo dos produtos sujeitos à alíquota adicional de imposto (…). Especificamente, determinei que certos produtos agrícolas não estarão sujeitos à alíquota adicional”, anunciou.

Entre os produtos beneficiados, estão carne bovina, café, açaí e cacau. Em 14 de novembro, Trump já havia reduzido as chamadas “tarifas recíprocas”, na ordem de 10% sobre diversos países, incluindo o Brasil. Com isso, a alíquota dos EUA sobre alguns produtos brasileiros cai para zero.

O Tempo

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