A Polícia Rodoviária Federal (PRF) solicitou a demissão do policial Ronaldo Bandeira, servidor da PRF em Santa Catarina, ao Ministério da Justiça.
O pedido foi feito após a abertura de um processo administrativo disciplinar (PAD) contra Bandeira, devido à divulgação de um vídeo no qual o policial, que também é professor em um cursinho, ensina os alunos a criar uma “câmara de gás” em uma viatura.
O método descrito por Bandeira é semelhante ao ocorrido no caso de Genivaldo Santos, no qual policiais da PRF em Sergipe asfixiaram um homem até a morte ao prendê-lo em uma viatura cheia de gás lacrimogêneo em 2022.
No vídeo que se tornou viral nas redes sociais, Ronaldo Bandeira está em uma sala de aula contando sobre o uso desse procedimento durante uma abordagem, em conjunto com outros policiais. Ele relata: “Estávamos na parte de trás da viatura, ele tentou quebrar o vidro com chutes. Ele continuou batendo o tempo todo”. Em seguida, Bandeira descreve que a polícia abriu o porta-malas e aplicou spray de pimenta no camburão, afirmando que a pessoa ficou calma. Ele então ouviu a pessoa dizer: “Vou morrer! Vou morrer”. Bandeira afirma ter sentido pena e ter dito: “Tortura!”, antes de fechar novamente o porta-malas, rindo. Ele conclui dizendo: “Sacanagem, fiz isso”.
De acordo com a corregedoria da PRF, a vítima do incidente descrito por Bandeira foi encontrada e confirmou as agressões durante a abordagem.
As conclusões do processo administrativo foram enviadas ao Ministério da Justiça, solicitando a demissão do policial com base nas agressões e no relato em sala de aula registrado em vídeo.
A defesa de Ronaldo Bandeira afirmou que irá recorrer da decisão.
Em agosto, o Ministério da Justiça demitiu os três policiais rodoviários federais envolvidos na abordagem que resultou na morte de Genivaldo Santos por asfixia. Os policiais foram presos em outubro de 2022 e devem ser julgados pelo júri popular.
A vítima relata agressões e o uso de spray de pimenta. O blog teve acesso ao depoimento da vítima, que afirma ter sido agredida e torturada por Ronaldo Bandeira e seus colegas durante a abordagem descrita na aula. No depoimento, a vítima menciona que um dos policiais disparou um taser (arma de choque) contra ele, acertando-o de raspão. Ao tentar fugir da abordagem, ele ouviu tiros de arma de fogo.
A corregedoria da PRF classificou o caso de Bandeira como violação funcional e considerou o comportamento do policial como extremamente reprovável, destacando sua falta de respeito pela dignidade humana e transformando a agressão física infligida à vítima em motivo de zombaria.
Blog Gutemberg Cardoso