A Polícia Civil do Rio Grande do Norte concluiu nesta sexta-feira, 29, o inquérito que apura a morte de 26 presos em janeiro de 2017 na Penitenciária de Alcaçuz e vai indiciar 74 detentos pelo Massacre de Alcaçuz, como ficou conhecida a matança.
A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) vai revelar os nomes dos indiciados e os detalhes da investigação. A coletiva de imprensa será realizada ainda nesta sexta-feira, 29, na Delegacia Geral de Polícia Civil (DEGEPOL).
O caso
O G1 publicou uma reportagem especial sobre a matança um mês após o caso. De acordo com a publicação, por volta das 15h (horário de Natal), os presos do pavilhão 4, ligados ao Sindicato do Crime do RN, observavam “algo estranho” pelos “big brothers” – pequenos buracos escavados na parede que dão visão ao pavilhão 5, onde estavam detentos de uma facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Os inimigos andavam livremente, alguns com arma de fogo nas mãos, coletes à prova de bala e até bombas de efeito moral. Quase todos cobriam os rostos com camisas.
Diante da ameaça iminente, segundo o portal, alguns internos do pavilhão 4 decidiram subir no telhado. Minutos depois, o pavilhão 5 estava “virado”, ou dominado pelos presos, na linguagem deles. Os detentos já tinham invadido a sala da direção da unidade e o quarto onde os agentes guardavam armas. Mantendo alguns familiares como escudos, eles conseguiram se aproximar do portão que separa os dois pavilhões e, logo em seguida, invadiram a área rival. Iniciou-se aí a maior e mais violenta rebelião da história do sistema prisional potiguar.
Pelo menos 26 presos que estavam no pavilhão 4 e que não conseguiram subir no telhado, foram mortos no pátio. Quinze deles foram decapitados. Outros foram esquartejados ou tiveram os corpos mutilados. A penitenciária tinha capacidade para 620 detentos, mas estava com cerca de 1.150.