
O tenente reformado da Polícia Militar da Bahia, Amauri dos Santos Araújo, foi condenado nesta quarta-feira (17/9) a 33 anos de prisão, sendo 30 anos de reclusão em regime fechado e 3 anos de detenção, pelo assassinato da namorada, a dentista Ana Luíza Souto Dompsin, de 25 anos. O crime ocorreu em março de 2021, em Divisa Alegre, no Vale do Jequitinhonha, onde a vítima morava e trabalhava. A decisão ainda cabe recurso.
O júri reconheceu todas as qualificadoras apresentadas pelo Ministério Público: motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima, crime cometido contra mulher em contexto de violência doméstica e familiar, além da adulteração da cena do crime — já que o réu tentou simular um suicídio para induzir os peritos ao erro.
A promotora Larissa Prado disse que, durante o julgamento, o réu manteve a tese de que a namorada havia tirado a própria vida. “Foi uma luta grande. O réu usou de todos os recursos possíveis para adiar. Tivemos tentativas frustradas de julgamento e um verdadeiro teatro. Graças a Deus conseguimos alcançar o resultado. A Justiça prevaleceu”, afirmou.
A advogada Camila Ferreira de Sousa, assistente de acusação, destacou o impacto da decisão para os familiares da vítima. “A família está mais leve com a condenação, porque vivia uma luta há anos. Sentimos que a Justiça foi feita. É uma vitória diante de tantas retaliações sofridas”, disse.
Prima da dentista, Camila Souto Mendes descreveu a decisão como um alívio. “Já chorei horrores, mas esse choro agora é de alívio, porque tirou um peso das nossas costas. Foram quatro anos e seis meses de luta por justiça. Ele tentou impedir de todas as formas, mas a sentença traz a chance de vivermos o luto da Ana”, afirmou.
O crime
Conforme a promotora Larissa Prado, Amauri começou a se relacionar com Ana Luíza entre 2019 e 2020. Testemunhos e provas apresentados no julgamento revelaram episódios de violência anteriores, como quando ele apontou uma arma para a cabeça dela e outra ocasião em que fraturou a mão da jovem, tentando justificar depois como uma queda.
Segundo a acusação, no dia do crime, após uma discussão na casa da dentista, o policial atirou contra a nuca de Ana Luíza. Em seguida, alterou a cena para tentar convencer a polícia de que se tratava de suicídio. Os laudos periciais, no entanto, apontaram que o disparo foi feito por trás da cabeça da vítima.
Defesa
A reportagem tentou contato com a defesa de Amauri dos Santos Araújo, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
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