O Comando Unificado de Incidentes (COEMORN) se reuniu nessa quinta-feira, 28, para dar prosseguimento ao diagnóstico sobre a questão do óleo no litoral potiguar. Na ocasião, os integrantes do comando assistiram explanação da professora Íris Regina Fernandes Poffo, que veio a Natal especialmente para tratar da viabilidade de instalação de barreiras de contenção nas áreas estuarinas e de mangue do litoral potiguar. Na ocasião, também foram apresentados os resultados da observação feita durante o mergulho dos pesquisadores da ONG Oceânica nos parrachos de Pirangi.
Em sua fala, a bióloga, professora e voluntária do Ibama, Íris Poffo, relatou que visitou áreas sensíveis do litoral, como manguezais e estuários, para traçar um perfil do litoral potiguar. Explicou que as áreas visitadas estavam limpas, e que, tendo em vista o volume de óleo depositado no Rio Grande do Norte, não faria sentido trabalhar com a instalação de barreiras de contenção nesse momento. “O óleo encontrado no litoral potiguar está bastante intemperizado e geralmente é encontrado em forma de pelotas pequenas. Não seria eficaz trabalharmos com barreiras, uma vez que essas são indicadas para volumes maiores e mais densos de óleo, o que não foi observado no RN”, esclareceu a professora.
Durante a visita, a bióloga esteve nas áreas ambientais sensíveis no litoral sul do Estado, na qual observou a dinâmica da Lagoa de Guaraíras, Rio Catu, Rio Curimataú, Rio Pirangi Sul e as áreas de mangues dos rios. “Em razão da característica do óleo que atinge a costa do Nordeste estar em subsuperfície, a instalação de barreiras de contenção não seria eficaz, principalmente na realidade do RN, que teve pouca incidência do resíduo”, constatou Poffo.
Outro destaque da reunião, foi a apresentação da ONG Oceânica, que compartilhou as informações sobre a expedição de mergulhadores aos parrachos de Pirangi e os Recifes de Ilha Verde e Pirambúzios, realizada na última terça-feira (26). A ação foi conduzida pela Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Marinha, Idema, Ibama, UFRN e ONG Oceânica, que monitoraram as regiões com duas equipes, cada uma com quatro mergulhadores. Segundo os pesquisadores, a área de corais visitada não apresenta sinais de óleo, mantendo uma extensa biodiversidade e abrigando animais não antes identificados, o que demonstra o equilíbrio ecológico da área.
Apesar dos resultados positivos, a pesquisadora Liana Mendes explica que o óleo ainda está presente na areia da praia, mesmo que não exista visibilidade. “Ao chegarmos em casa, percebemos um escurecimento da sola dos pés, que não era facilmente retirada com água e sabão, sendo necessário o uso de óleo de cozinha. Aí percebe-se, ainda, que tem algum resíduo na praia, mesmo bastante intemperizado. O monitoramento deve continuar, bem como as ações contínuas de limpeza”, conclui.
A reunião aconteceu na sede da Escola de Governo, as instituições atualizaram as informações e apresentaram os resultados das ações de enfrentamento do crime ambiental que atinge a Costa do Nordeste brasileiro. Fazem parte do comando, representantes do IDEMA, Defesa Civil, Projeto Cetáceos da Costa Branca/UERN, SESAP, MPF, MPE, IBAMA, SAPE, Marinha, Comitê de Bacias Hidrográficas, ONG Oceânica e Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Maxaranguape.