SELO BLOG FM (4)

Pesquisa desenvolvida no Instituto do Cérebro da UFRN mostra que o polvo têm dois estados alternados de sono

PESQUISA DA UFRN MOSTRA QUE POLVOS TÊM DOIS ESTADOS ALTERNADOS DE SONO. FOTO: DIVULGAÇÃO

Assim como os mamíferos, pássaros e répteis, os polvos também dormem. Essa é a conclusão de novo estudo de pesquisadores do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ICe/UFRN). Segundo a pesquisa, publicada na iScience, os polvos têm dois principais estados alternados de sono, muito parecidos com os estados REM e não-REM observados nas pessoas. Embora ninguém saiba com certeza, as descobertas levam os pesquisadores a sugerir que é possível que os polvos possam até experimentar algo semelhante aos sonhos.

“Não é possível afirmar que estão sonhando porque eles não podem nos relatar isso, mas nossos resultados sugerem que durante o ‘Sono ativo’ o polvo experimenta um estado análogo ao sono REM, que é o estado durante o qual os humanos mais sonham ”, disse a primeira autora e pós-graduanda Sylvia Medeiros, do ICe/UFRN. “Se os polvos realmente sonham, é improvável que vivenciem tramas simbólicas complexas como nós. O ‘sono ativo’ no polvo tem uma duração muito curta – normalmente de alguns segundos a um minuto. Se durante esse estado há algum sonho acontecendo, deve ser mais como pequenos videoclipes, ou mesmo gifs,” acrescenta.

Os pesquisadores costumavam pensar que apenas mamíferos e pássaros tinham dois estados de sono. Mais recentemente, foi demonstrado que alguns répteis também apresentam sono não REM e REM. Um estado de sono semelhante ao REM foi relatado também em lulas, um cefalópode parente do polvo. Isso levou o coordenador da pesquisa, professor Sidarta Ribeiro, chefe do Laboratório de Sono, Sonho e Memória do ICe/UFRN a se perguntar se eles também poderiam ver evidências de dois estados de sono em polvos, observando que os polvos têm o sistema nervoso mais centralizado de qualquer invertebrado e são conhecidos por terem uma alta capacidade de aprendizagem.

Para descobrir, os pesquisadores capturaram gravações de vídeo de polvos no laboratório. Eles descobriram que durante o ‘sono quieto’ os animais ficavam imóveis, com a pele pálida e as pupilas dos olhos contraídas em uma fenda. Durante o ‘sono ativo’, foi uma história diferente. Os animais mudavam dinamicamente sua cor e textura de pele. Eles também moviam os olhos enquanto contraíam as ventosas e o corpo com contrações musculares.

“O que o torna mais interessante é que este ‘Sono Ativo’ ocorre principalmente após um longo ‘Sono Quieto’ – geralmente mais de 6 minutos – e que tem uma periodicidade característica”, disse Sidarta.

O ciclo se repete em intervalos de cerca de 30 a 40 minutos. Para estabelecer que esses estados realmente representavam o sono, os pesquisadores mediram o limiar de excitação dos polvos usando testes de estimulação visual e tátil. Os resultados desses testes mostraram que em ambos os estados, ‘Sono Ativo’ e ‘Sono Quieto’, os polvos precisavam de um forte estímulo para evocar uma resposta comportamental em comparação com o estado de alerta. Em outras palavras, eles estavam dormindo.

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

Comente aqui