O maior impacto da divulgação dos Panama Papers deu-se, como seria de esperar, nos países onde chefes de governo ou seus parentes e auxiliares diretos apareceram como proprietários de offshore suspeitas. Naqueles, bem entendido, cujos governantes não detêm poder absoluto, como o rei saudita Salman e demais monarcas do Golfo.
A reação mais rápida foi a da Islândia. No próprio domingo 3 da divulgação, o primeiro-ministro Sigmundur Gunnlaugsson foi apanhado de surpresa pela pergunta sobre sua offshore Wintris.
Estima-se que 23 trilhões de dólares, 15% da riqueza privada mundial, estão escondidos em paraísos fiscais. Confidencialmente, mas em geral dentro das leis que ela mesma impõe a governos e parlamentos, uma pequena elite se furta a contribuir para a sociedade, apesar de deter uma fatia desproporcional da riqueza nacional, enquanto as massas arcam com taxas mais altas e serviços deteriorados, em boa parte para salvar banqueiros e empresários de seus próprios erros.
É uma engrenagem vital do sistema internacional de concentração de renda posto em movimento pela globalização e pelas reformas neoliberais, principalmente o livre movimento de capitais, desde os governos de Ronald Reagan e Margaret Thatcher.