“Cidades Criativas como caminho para o Desenvolvimento Sustentável” foi o tema debatido, nesta segunda (29), pelo MPRN com entidades e sociedade civil organizada
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) realizou nesta segunda-feira (29), no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, em Candelária, a 29ª edição do seminário Motores do Desenvolvimento, promovendo a discussão sobre o tema “Cidades Criativas como caminho para o Desenvolvimento Sustentável”.
A parceria, uma ação inédita para a instituição ministerial, foi marcada por um evento prestigiado, com auditório lotado, que contou com a presença do governador do Estado, do prefeito de Natal, presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Carlos Thompson; deputados estaduais, vereadores da capital, bem como de prefeitos e de vereadores de outras cidades do interior do RN, além de candidatos nas próximas eleições, imprensa e representantes dos setores produtivos, instituições de ensino e de entidades públicas e empresariais do Rio Grande do Norte.
Debater soluções criativas para o desenvolvimento econômico do Estado e buscar uma forma de atuação ainda mais aproximada junto aos setores produtivos foram objetivos que motivaram o MPRN a promover esta edição do seminário Motores do Desenvolvimento, realizado em parceria com o jornal Tribuna do Norte, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Federação do Comércio (Fecomercio) e RG Salamanca Investimentos.
O procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis Lima, destacou, em seu discurso, que “é uma honra receber em nossa casa essa edição do Motores do Desenvolvimento. Receber aqui a elite política e empresarial, a imprensa, e os principais representantes de instituições públicas e privadas do Rio Grande do Norte.” “É um prazer ser parceiro neste time que pensa e propõe ideias para nosso Estado”, disse.
Para Rinaldo Reis, a participação do MPRN no evento mostra a disposição da Instituição de unir esforços em busca de uma sociedade mais justa. “Queremos mostrar que podemos estar presentes e contribuir também com sugestões de soluções. Nosso interesse é a efetividade, a busca do bem-estar social”, afirmou.
O prefeito de Natal, Carlos Eduardo, comentou que cidade criativa é acima de tudo uma cidade humana, que tenha a tecnologia como aliada, mas que isso não se sobreponha ao cidadão. “A tecnologia é bem-vinda, mas que não se sobreponha ao cidadão, isso sim eu considero inovação. O foco deve ser sempre o da convivência saudável”, declarou.
O governador Robinson Faria parabenizou o protagonismo Ministério Público e demais parceiros pelo seminário e classificou a participação do MPRN no Motores do Desenvolvimento como um paradigma que foi quebrado. “Nasce aqui um novo momento no Rio Grande do Norte, pois no lugar de se ficar apontando os erros um do outro, estamos aqui todos para contribuir e quem vai ganhar é o Estado”, comemorou.
O Motores do Desenvolvimento seguiu com a parte técnica e a realização de duas palestras: a primeira, com o diretor sênior para Assentamentos Humanos da ONU Habitat – Brasil, Alain Grimard, com o tema “Cidades inteligentes e Sustentáveis: tendência mundial para soluções locais”; e a segunda, com a consultora Ana Carla Fonseca Reis, Mestre em Administração e Doutora em Urbanismo pela Universidade de São Paulo, que falou sobre o tema “Cidades Criativas: Desafios e Oportunidades”. Todo evento foi transmitido ao vivo pelo portal do MPRN na internet no endereço: www.mprn.mp.br.
TENDÊNCIA MUNDIAL
Pela primeira vez em Natal e no Rio Grande do Norte, o canadense diretor da ONU iniciou sua palestra falando sobre os aspectos gerais de desenvolvimento das cidades e como ao passar dos anos se deu a padronização e perda de identidade e singularidade das cidades, com o consequente descontentamento da população. Ele citou a cidade de Caracas, na Venezuela, uma cidade dividida física e socialmente, como um modelo que se deve esquecer.
O especialista Alain Grimard apontou como novos ideais de cidade, entre outros, aquelas que valorizam os espaços abertos, com melhores densidades, maior integração social, com fim dos zoneamentos, com distâncias caminháveis e de bicicleta, que tenham entre carro e ônibus, além da recuperação da identidade cultural, social e dos valores urbanos.
Ele encerrou falando sobre aspectos que considera o tripé da urbanização, com planejamento, regulação e plano financeiro, informou que a ONU Habitat está apoiando o desenvolvimento de cidades brasileiras como Belém do Pará, com o monitoramento das zonas urbanas, e lembrou do Global Compact, um mecanismo voltado para empresas para encorajar a implantação de políticas de responsabilidade social.
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Primeira estudiosa brasileira a escrever sobre Cidades Criativas, a consultora Ana Carla Fonseca Reis questionou o público sobre por que repensar a cidade. Ela falou sobre riscos e tendências globais, como desemprego e falência da governabilidade. A palestrante citou pesquisas recentes, como a do Fórum Econômico Mundial sobre as marcas mais valiosas do mundo, que apresenta entre as mais valiosas empresas de tecnologia ou com capacidade diferenciada de contar boas narrativas, entre elas, Apple, Google, Coca-Cola, Microsoft, IBM, Toyota, Samsumg, G&E, McDonalds, Amazon, BMW, Mercedes e Disney.
A sócia-diretora da Garimpo Soluções deu o exemplo da Costa Rica, um país pequeno da América Central, limitado ao leste pelo mar do Caribe, que optou por não ter Forças Armadas, e se vale com competência dos recursos naturais e culturais para se posicionar no mundo. E também o Peru, vizinho brasileiro da América do Sul, que além do Machu Picchu, evidenciou sua gastronomia como um dos grandes carros-chefes do país na atração de turistas e desenvolvimento de sua economia.
Para Ana Carla Fonseca, é possível apontar uma cidade inclusiva, mas também uma cidade inteligente, uma cidade sustentável, e ainda uma cidade criativa. “Todas elas jogam junto”, ressaltou.
Ela informou que um levantamento feito pela Garimpo Soluções por pessoas em 13 países indicou características comuns que as cidades criativas devem ter. Primeiro, se renovar continuamente. Segundo, valorizar sua cultura, seus principais traços de identidade. E terceiro, fazer conexões. “A não é o chocolate, mas sim o bolo. Tem que resgatar seus ingredientes”, sugeriu pouco antes da mesa-redonda e do almoço.
DEBATE
Dentro da programação, foi formada uma mesa com participação da promotora de Justiça Gilka da Mata, coordenadora de conteúdo desta edição do seminário Motores do Desenvolvimento; do secretário adjunto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb), Daniel Nicolau Pinheiros; e dos dois palestrantes, com mediação do procurador-geral de Justiça Rinaldo Reis.
“Aqui é um momento mais de troca de informação e fico feliz por ter se revelado como extremamente inspirador, um evento fervoroso de ideias. A gente está indo em um caminho acertado e todos estamos convergentes em aprimorar nossas cidades”, comentou a promotora de Justiça do meio ambiente de Natal.
Para a representante do MPRN, direta ou indiretamente, todos querem uma melhoria na vida urbana das cidades e o Ministério Público uma instituição canalizadora em busca de soluções para a coletividade. “Não buscamos adversidades, as soluções podem ser consensualizadas, adequadas e sem penalidades”, reforçou.
Comentários