O presente e o futuro da Oftalmologia no Brasil são aprofundados no 25º Congresso Norte-Nordeste de Oftalmologia, evento que reúne mais de mil participantes entre médicos, residentes e expositores em um hotel na Via Costeira de Natal. O Congresso, além de ser a oportunidade para os especialistas trocarem conhecimento sobre doenças, tratamentos e casos clínicos, também se debruça sobre uma das áreas da medicina que mais tem evoluído tecnologicamente, com palestras e cases de novas tecnologias que revolucionam a área.
Um dos ramos que tem contribuído para essa evolução da medicina como um todo é a Inteligência Artificial, que seria o recurso dos computadores imitarem a capacidade humana de pensar. “A Inteligência Artificial vem ganhando corpo nos últimos 10 anos, principalmente com a revolução dos computadores, e com a interdisciplinaridade. A partir do momento em que as empresas começam a promover a interdisciplinaridade entre os engenheiros da computação, entre a medicina, usando o big data, que é essa grande quantidade de dados organizados, começamos a ter algoritmos de Inteligência Artificial para apoio à decisão médica” destaca o oftalmologista João Marcelo Lyra, do Alagoas.
Um dos softwares que usam Inteligência Artificial auxilia os médicos na análise de risco para decisão de fazer ou não a cirurgia refrativa, procedimento usado para a correção da visão. “O paciente tem um grau e consulta o oftalmologista para saber se pode operar ou não. Com o software, o especialista vai calcular o risco de retornar o grau com base na imagem da córnea, na idade do paciente e no impacto da cirurgia”, aponta João Marcelo. O especialista, no entanto, afirma que o software é de apoio, ele não substitui a decisão médica, mas contribui com informações precisas para avaliação.
Com algoritmos de Inteligência Artificial, um mundo de possibilidades se abre na medicina. João idealiza um momento em que, junto com a telemedicina, a IA vai permitir o diagnóstico mais rápido e preciso, que irá possibilitar tanto o médico como o paciente uma economia de consultas e exames e, consequentemente de tempo. “Apenas 10% a 12% dos pacientes vão ter doenças, então se gasta muito tempo fazendo triagem de casos que são normais. No futuro essa triagem pode ser realizada por máquinas, e vamos fazer uma medicina mais assertiva”, destaca.
Para o palestrante do evento, o oftalmologista Jorge Rocha, da Bahia, a Inteligência Artificial entrará em todas as frentes da Medicina 4.0. “Essa tecnologia auxilia para processar a grande quantidade de dados que usamos, para gerenciar a saúde pública, além da facilidade que temos com ela na clínica diária”, esclarece. “Não tem como o médico ser contra, tem que adaptar-se para proporcionar uma medicina melhor para os nossos pacientes”, finaliza Jorge.
Cirurgia 3D
Há cerca de dois anos as cirurgias oftalmológicas foram incrementadas com a tecnologia 3D – assim é chamado o novo sistema de visualização ocular para o momento da operação. As cirurgias tradicionais utilizam o microscópio. Já na cirurgia em 3D, o aparelho é acoplado na ocular do microscópio e a imagem é transmitida para uma tela de televisão de 55 polegadas. Ao invés de olhar para o paciente, o oftalmologista realiza a operação visualizando a imagem na TV, explica David Lucena, oftalmologista e presidente do Conselho Norte-Nordeste de Oftalmologia.
“A grande diferença entre a forma tradicional e em 3D é a profundidade de foco. Isso vai trazer mais segurança para o cirurgião na realização das manobras e consequentemente menos risco de complicações para o paciente”, ressalta o médico. Lucena relata também que a 3D pode ser utilizada em qualquer área da oftalmologia cirúrgica, no entanto, atualmente está sendo mais utilizada em cirurgias de catarata e, principalmente, retina.
Congresso de Oftalmologia
O 25º Congresso Norte-Nordeste de Oftalmologia teve início nesta quinta-feira (28) e segue até sábado (30) no hotel SERHS Natal Grand Hotel. É uma oportunidade para atualização a respeito dos temas ligados a uma das áreas da medicina que mais evoluíram nos últimos 50 anos e é uma das três especialidades médicas mais procuradas entre os futuros profissionais de saúde. À frente da presidência do evento estão os especialistas Marco Rey e Nelson Galvão. O evento conta com uma vasta programação científica durante os três dias, além de apresentações de trabalhos científicos com defesas orais e pôsteres.