
MEMEBROS DO RESGATE E CIVIS INSPECIONAM PILHA DE DESTROÇOS APÓS NOVA OFENSIVA DE ASSAD CONTRA REBELDES EM ALEPPO .
Pelo menos 21 pessoas, entre elas nove crianças, morreram depois que os bombardeios do governo sírio atingiram a província de Idleb e o Leste de Aleppo, na manhã desta quarta-feira. O ataque destruiu partes de um banco de sangue e de um hospital infantil dos arredores, cujos médicos e pacientes se abrigaram no porão para se protegerem da noite de bombardeios ao reduto rebelde. Um motorista de ambulância também morreu na investida que deve marcar o começo da ofensiva do presidente Bashar al-Assad ao último bastião urbano de opositores.
Trata-se do segundo dia de bombardeios, que já somam ao menos 32 vítimas na contagem de monitoradores de guerra, médicos e funcionários da emergência. Residentes relatam que a investida contou com foguetes disparados de jatos, bombas lançadas de helicópteros e artilharia do governo.
O Observatório Sírio para Direitos Humanos credita a ofensiva a aviões de guerra russos e sírios. Segundo a AFP, os russos agiram a partir do porta-aviões Almirante Kuznetsov, que chegou na semana passada às costas sírias para reforçar o dispositivo militar russo no país em guerra desde 2011. O Observatório, na província de Idleb (noroeste), lista a morte de seis civis, incluindo uma criança, em Kafar Jales.
— Os aviões militares russos atacaram toda a noite e até a manhã várias regiões de Idleb [uma província do noroeste da Síria] — afirmou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH. — Ao mesmo tempo, a aviação do regime bombardeou os bairros do leste de Aleppo.
O diretor do hospital infantil atacado, identificado apenas como Doutor Hatem, relatou no Facebook o ataque.
— Um terrível dia para o hospital das crianças. Eu, minha equipe e todos os pacientes estamos sentados em um único cômodo no porão agora, na tentativa de protegê-los — escreveu no Facebook Hatem, o diretor da unidade de saúde, um dos seis centros médicos danificados na Síria nas últimas 48 horas. — Tentamos sair do porão, mas não podemos porque os aviões ainda estão no céu.
ATAQUES A HOSPITAIS
A Associação dos Médicos Independentes registrou que o hospital infantil, assim como outros empreendimentos no Leste da cidade, foi atingido várias vezes este ano, o que situa 2016 no caminho de se tornar “o pior ano de ataques a hospitais” na História. De acordo com o Observatório, a mira dos bombardeios incluiu os distritos de al-Shaar, al-Sukkari, al-Sakhour e Karam al-Beik.
Moscou nega participação nos bombardeios: informa de que cumpre “moratória de ataques aéreos” em Aleppo no momento. Mas a ofensiva de terça-feira parece ter colocado fim à pausa de confrontos declarada pela Rússia em meados de outubro. Ibrahim Abu al-Laith, da defesa civil, contou mais de 40 explosões — “muito poderosas” — na área de al-Shaar.
— Os helicópteros não vão parar por um segundo — apostou Bebars Mishal, outro funcionário da defesa civil, um serviço de resgate voluntário que opera no reduto. — Agora, o bombardeio não vai cessar.
Na terça-feira, as tropas de Damasco iniciaram a escalada militar ao coordenar com aliados o arremesso de mísseis sobre rebeldes. Na ocasião, três hospitais em áreas controladas por rebeldes saíram de operação ao serem danificados na operação militar. Tanto Damasco quanto Moscou negam que mirem hospitais nas ofensivas.
O Globo
