Apesar de um faturamento melhor nos dois primeiros meses do ano do que a média nacional, o endividamento ainda é uma preocupação do setor de bares e restaurantes do Rio Grande do Norte. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) apontou que 43% das empresas do setor, no Estado, operam com dívidas em atraso. O percentual é igual ao que foi constatado em nível nacional e, segundo a entidade, também se deve aos reflexos das dificuldades enfrentadas durante a pandemia da covid-19.
O vice-presidente da Abrasel no RN, Thiago Machado, diz que, as dívidas são uma preocupação ainda muito presente. “O endividamento ainda é alto no setor em geral. Isso foi atenuado na pesquisa. São dívidas que estão em impostos federais, municipais, estaduais. Dívidas com fornecedores, água, luz, gás, aluguel atrasado, enfim todas os aspectos”, enfatizou.
Entre as que enfrentam dificuldades, 59% devem impostos federais, 50% impostos estaduais, 47% empréstimos bancários, 31% encargos. trabalhistas e previdenciários, 31% serviços públicos (água, gás, energia elétrica), 17% taxas municipais, 14% devem a fornecedores de insumos e 17% estão com o aluguel atrasado.
O vice-presidente conta que muitos empresários precisaram contrair empréstimos para não fechar os empreendimentos durante a pandemia da covid-19, mas agora a conta chegou. “O ano de 2023 foi um ano muito difícil para o setor, 2024 vai continuar sendo um desafio, porque essas dívidas foram contraídas na pandemia. Houve o período de carência de empréstimos e agora estão vindo com parcelas altas”, explica.
Além disso, pontua que o mercado está retraído em todo o país. “O pessoal tem segurado o dinheiro, tem saído menos para gastar, mas o que conforta a gente é que a gente está um pouco melhor que a média nacional”, aponta.
Uma das medidas para não ficar no vermelho é o reajuste dos cardápios, até mesmo para compensar a inflação, contudo uma minoria tem conseguido.
No RN, apenas 12% dos bares e restaurantes têm conseguido aumentar seus preços acima da inflação, segundo a Abrasel. Outros 48% realizaram reajustes conforme ou abaixo da inflação, enquanto 40% não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses. “Isso é bem preocupante porque a margem de lucro diminui. Muitas empresas até estão operando no vermelho. Se for fazer uma análise de cardápio, algumas pessoas nem sabem, mas estão pagando para vender”, sugere Thiago Machado.
Além do temor de perder clientes, outro fator que faz com que os bares e restaurantes segurem os preços, segundo ele, é a concorrência, especialmente a desleal, o mercado informal.
Nacionalmente, os números não são tão discrepantes. Cerca de 40% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses, enquanto 51% realizaram reajustes conforme ou abaixo da inflação, diz a pesquisa. Em todo o país, apenas 9% dos bares e restaurantes têm conseguido aumentar seus preços acima da inflação. Além disso, 43% dos estabelecimentos relataram atrasos em seus pagamentos, evidenciando as dificuldades financeiras ainda enfrentadas por parte do setor.
O ano não começou bom. Janeiro, por exemplo, uma vez que 22% dos estabelecimentos alegaram prejuízos em relação a dezembro no RN, o que representa um crescimento de 9% em relação ao resultado de dezembro/novembro. Outras 38% operaram em estabilidade e 40% fizeram lucro. Ainda sobre o resultado do mês, 49% dos bares e restaurantes tiveram desempenho menor em janeiro do que em dezembro.
“É normal que em dezembro a gente tenha um incremento das festas de final de ano, o pessoal abre mais a mão para gastar com presentes, com confraternizações. Foi o melhor mês do ano de 2023, comparando a média. Aí vem janeiro com uma queda de 9% em relação a dezembro e aumenta a quantidade de empresas faturando abaixo do esperado”, pontua o vice-presidente da Abrasel/RN.
Apesar disso, bares e restaurantes no RN comemoram o desempenho no mês de fevereiro, puxado pelo carnaval. Das empresas que abriram (74%) durante os festejos, 40% disseram ter tido um aumento no faturamento em relação. Esse aumento ficou na média de 20,41%. Outros 12% tiveram um desempenho igual ao de 2023 e 36% ficaram abaixo. “A gente tem a semana do carnaval como acréscimo de vendas, mas o mês inteiro fica sacrificado por causa dessa margem que o cliente acaba segurando dinheiro para curtir no carnaval”, destaca Thiago Machado.
Tribuna do Norte