A poucos dias das eleições presidenciais marcadas para o próximo domingo (28), o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, direcionou seus ataques a veículos de imprensa internacionais. Em comício realizado em San Cristóbal na última segunda-feira (22), o chavista chamou agências como EFE, AFP, CNN e AP, além de emissoras locais, de “assassinos de aluguel”.
– Eles tentaram nos invisibilizar mil vezes, agora a operação é dirigida por assassinos de aluguel, assassinos de aluguel e da mentira, a agência EFE da Espanha, a agência AFP, a agência AP, CNN e várias emissoras de televisão daqui. Mais uma vez, nós conhecemos a história, eu já vi esse filme – declarou.
Na sequência, ele acusou os jornalistas de censurá-lo e manipularem informações sobre sua campanha. Ele concluiu sua fala com novas ameaças, garantindo que trata-se do “último erro que vão cometer em suas vidas”.
– Desde já estão gritando fraude. Ninguém vai manchar o processo político. Se atravessarem o sinal vermelho, vão se arrepender por 200 anos, e será o último erro que vão cometer em suas vidas, será seu último erro político, haverá justiça contra os fascistas! – acrescentou.
Em resposta, a Associação de Imprensa Estrangeira (APEX) pediu que Maduro não envolva a “imprensa internacional no debate político, nem em acusações infundadas”.
As falas do líder venezuelano ocorreram no mesmo dia em que seu governo censurou sites de notícias independentes. O ato foi denunciado pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP). Os portais afetados foram Tal Cual; El Estímulo; Runrunes; Analítico; Mediaanálisis e; VE Sin Filtro.
Segundo informações do Colégio Nacional de Jornalistas, nos últimos 20 anos, mais de 400 veículos de comunicação fecharam as portas no país.
“BANHO DE SANGUE” E “CHÁ DE CAMOMILA”
Nos últimos dias, Maduro vem subindo o tom e diversas de suas falas despertaram preocupação internacional. Em comício realizado no último dia 17 em Caracas, ele afirmou que, nestas eleições, será decidido entre a paz ou a “guerra civil fraticida”, e previu um “banho de sangue” caso perca o pleito.
No último sábado (20), o político renovou suas falas, assinalando que trata-se de uma decisão entre a paz ou um país “convulsionado, violento e cheio de conflitos”, citando novamente uma guerra civil.
As declarações foram tão radicais que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu aliado e defensor de longa data, sentiu-se na obrigação de reprová-las. Em entrevista a agências internacionais no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (22), o petista disse que ficou “assustado” com as declarações do colega e que ele “precisa aprender” a se retirar do poder caso leve um “banho de voto”.
– Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que, se ele perder as eleições, vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora – exortou Lula, mas somente cinco dia depois das ameaças de Maduro.
A resposta do venezuelano, por outro lado, veio rapidamente. Nesta terça (23), o sucessor de Hugo Chávez disse – sem citar o nome de Lula – para aqueles que ficaram assustados tomarem “um chá de camomila”.
– Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila (…) Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita – apontou.
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