O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, 3, não achar “nada de mais” que uma autoridade do Poder Executivo conceda carona em uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) durante uma viagem oficial. Em maio, como revelou o jornal Folha de S.Paulo, a mulher do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pegou carona para passar férias em Paris, na França, onde o chanceler participaria de encontro da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Ela, que foi e voltou com a aeronave oficial, ficou em Paris como turista, sem pagar passagem e compartilhando o quarto com o marido. A hospedagem foi custeada pelo governo, uma vez que Ernesto estava em missão oficial.
“Se um avião presidencial nosso vai para algum lugar a serviço, não vejo nada demais levar alguém no avião. Não vejo nada demais nisso aí. Agora, se está errado, se tiver alguma norma dizendo o contrário, eu vou conversar com ele”, disse o presidente.
Poucos dias antes de assumir o Palácio do Planalto, Bolsonaro distribuiu uma cartilha com normas e procedimentos éticos. No capítulo sobre voos oficiais, o documento estabelece que somente o ministro e a equipe que o acompanha no compromisso podem utilizar as aeronaves.
O presidente lembrou que, em julho, um helicóptero da Presidência da República foi autorizado por ele a transportar seus parentes, como primos e sobrinhos, para o casamento de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), realizado no Rio de Janeiro.
“É a mesma coisa quando uma irmã minha, um primo, uns três ou quatro entraram em um helicóptero no Rio de Janeiro. Eu estava indo a um casamento e o helicóptero estava vazio. Eu apanhei para caramba de vocês e o gasto ia ser feito”, afirmou.
O presidente disse ainda que, de vez em quando, dá caronas no avião presidencial e ressaltou que pessoas humildes e pobres têm prazer em andar em um helicóptero oficial. “Você sabe o que é o prazer de uma pessoa humilde, pobre, entrar em um helicóptero presidencial? Eu tenho levado de vez em quando pessoas em carona no avião”, ressaltou.
ASSISTA:
O decreto 4.244/2002, que dispõe sobre os voos da FAB, permite o uso da frota “somente” para o transporte de vice-presidente, ministros do Estado, chefes dos três Poderes e das Forças Armadas, salvo nos casos em que há autorização especial do ministro da Defesa.
A norma não autoriza expressamente o embarque de pessoas sem cargo ou função pública. Ernesto e a esposa se hospedaram no Hotel Bedford, localizado no centro histórico de Paris, a menos de três quilômetros da avenida mais famosa da cidade, a Champs-Élysées. Tradicional, o hotel é conhecido por ter abrigado o imperador brasileiro Pedro 2º e o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos.
Segundo o site do estabelecimento, as diárias variam de 160 euros (R$ 734) a 490 euros (R$ 2.250) mais taxas, que mudam de acordo com o número de ocupantes.
A assessoria de imprensa do Itamaraty confirma que a mulher do ministro foi para a França de férias, tendo se hospedado com o marido, mas disse que os custos de alimentação foram bancados por ela.
Com informações: FOLHAPRESS