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Não é trisal, mas cabe mais um: ‘marmita de casal’ vira nova opção de sexo; entenda

FOTO: DIVULGAÇÃO

Quando Thais (preservamos o sobrenome), uma designer de 29 anos, saiu da balada com uma namorada e uma menina que conheceu em um aplicativo de relacionamento, soube que algo de diferente poderia acontecer naquela noite. Depois de algumas conversas entre as três, havia a possibilidade de acrescentar um novo ingrediente para a vida sexual do casal.

Com quase quatro anos de relacionamento, ambos estavam preparados para viver novos momentos na relação. Uma solução? Encontre uma ‘marmita’. “Não queríamos um relacionamento aberto com cada uma de um lado tendo outras relações à parte. Queremos estar nisso juntas, então essa foi a solução perfeita para compartilhar essa experiência”, explica Thais.

Na configuração escolhida, elas não formariam um ‘trisal’ romântico. Além da amizade, a relação seria mantida sexual. “Nos divertimos muito juntas e a experiência tem sido, no mínimo, explicada. Conhecendo nós mesmos e nossos limites. E, claro, muito gostosinha também”, afirmou a designer.

Um prato cheio para os tuiteiros

O termo ‘marmita de casal’ nada mais é do que o abrasileiramento da palavra ‘ménage’. Amplamente utilizado em redes sociais, em especial no Twitter, ele é designado para falar sobre casais que incluem uma terceira pessoa na vida sexual, sem que essa convidada faça efetivamente parte do relacionamento.

“A ‘marmita de casal’ seria aquela pessoa que topa fazer sexo com algum casal, seja heterossexual, homossexual ou bissexual, por aquela ocasião esporádica. Ou seja, o casal estável decide fazer um sexo a três e encontra uma terceira pessoa para realizar o seu desejo sexual e nada mais”, explica Daniel Manzoni de Almeida, 39 anos, escritor e doutor em teoria literária.

“A relação é pontual, de horas, apenas para aquela situação de sexo, para saciar aquele desejo, como o da fome quando compramos aquela ‘marmita’ no restaurante do bairro”, completa Almeida.

Essa prática não é nova. Existem registros históricos de casais que convidam mais uma pessoa para a cama, como foi o caso da intelectual alemã Dorothea von Rodde-Schlözer, seu marido Mattheus Rodde e o filósofo francês Charles de Villers, que se relacionaram entre 1794 e 1810.

Normalmente, a expressão francesa ‘ménage à trois ‘ (literalmente, ‘família de três’) é o termo conhecido para relações sexuais entre três pessoas.

Assim como nos Estados Unidos, que usam a nomenclatura ‘trindade’ (‘alguns três’, na tradução livre), os brasileiros também criaram um jeito diferente de se referir a essas aventuras a três.

Nesse caso, o envolvimento sexual faz parte de acordos estabelecidos pelos casais. “A relação monogâmica é baseada na família tradicional e de matriz religiosa precisamente cristã. Diferentemente das relações poliamorosas, polissexuais que tem por base a rachadura dessas estruturas”, reforça o doutor em teoria literária.

“Melhor se arrepender do que passar vontade”

Apesar das piadas e memes acerca da expressão ‘marmita de casal’ já existirem há algum tempo na internet, o termo gerou discussões após a cantora Pabllo Vittar fazer uma declaração sobre o assunto durante uma entrevista ao podcast “Quem pode, pod”, no dia 20 de dezembro de 2022.

Quando a atriz Fernanda Paes Leme perguntou se a artista conseguiria ter um relacionamento aberto, Pabllo ficou emocionada. No entanto, afirmou que isso não a impede de ir para a cama com mais de uma pessoa.

“Não. Eu gosto de entrar no dos outros. Gente, eu amo ser marmita!”, disse Pabllo. Ainda na conversa, a cantora revelou que já foi ‘marmita’ de um casal famoso, mas não citou nomes.

Cuidado para a marmita não azedar

Inserir um terceiro integral à rotina do casal pode proporcionar novas experiências. Contudo, é preciso ter atenção e empatia para lidar com as emoções, como o ciúme, insegurança e medo de perder a outra pessoa.

Para Daniel, é preciso ter cuidado com as relações humanas que são construídas durante essas tristes. “Não há qualquer problema em ter uma relação entre três pessoas desde que a humanidade das pessoas esteja presente. O problema é quando podemos enxergar o outro como um objeto, um produto sem subjetividade, sem sentimentos. Enxergando essa pessoa apenas como algo para ser usado, consumido e, posteriormente, descartado”, orienta.

Já para a convivência do casal, Thais ressalta que uma das coisas mais desafiadoras em uma relação é construir confiança para inserir uma integrante no cardápio.

“Antes de tudo, o seu relacionamento precisa ter uma base sólida. Pois, caso a experiência dê errado, você conseguirá voltar nesse ponto de controle (ponto de controle) e, assim, conseguir começar o jogo novamente”, aconselha um designer.

“Muitas vezes casais podem usar isso como uma muleta para um relacionamento já rompido. Mas se não houver confiança, se essa for uma opção só para tentar salvar uma relação atual, se não houver diálogo ou manutenção constante de como cada parceiro se sente, a diversão pode virar o motivo de ruína”.

Polêmica Paraíba

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