Em razão das recentes notícias de registro de uma espécie de coral exótico nocivo nos litorais de Pernambuco e Ceará, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema, juntamente a equipe do Monitoramento Ambiental e Turístico (EcoRecifes/Fundep) e apoio da empresa Maracajaú Divers LTDA, iniciou no último sábado (8), uma série de vistorias aos naufrágios que estão na Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC). A ação teve como principal objetivo buscar possíveis registros da espécie Tubastraea spp, também conhecida como “Coral-Sol” em duas embarcações naufragadas há mais de 50 anos no interior da APARC.
O coral tem uma beleza peculiar, com cores fortes que variam do laranja ao amarelo. Quem mergulha e se depara com o coral-sol embaixo da água fica maravilhado com sua beleza, mas poucos sabem que ele é uma praga que está contaminando o litoral do Brasil. O Idema pede apoio de toda a sociedade, especialmente profissionais do mergulho, turismo e pesquisadores, para notificarem este órgão em caso de visualização de agrupamentos do coral-sol. O contato pode ser feito através dos e-mails: [email protected] e [email protected]
De acordo com a Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB), “espécie exótica” é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural. “Espécie exótica invasora”, por sua vez, é definida como aquela espécie exótica cuja introdução e dispersão ameaça a biodiversidade, incluindo ecossistemas, habitats, comunidades e populações.
“O monitoramento precisa ser feito, sem dúvida. Essa espécie cresce muito rápido, sufoca outras espécies, é muito agressiva e eficiente na reprodução, o que acaba eliminando as espécies nativas através da competição, causando desequilíbrio em todo o ambiente. A APARC tem grande relevância do ponto de vista socioeconômico, mas, sobretudo, abarca uma biodiversidade sem igual”, explicou o supervisor do Núcleo de Gestão de Unidades de Conservação (NUC/Idema), Rafael Laia.
Segundo o técnico do NUC e mergulhador responsável pelo Monitoramento Ambiental da APARC, Tiego Costa, o coral-sol tem preferência de se instalar inicialmente em estruturas artificiais como naufrágios e plataformas de petróleo. “Por isso nosso foco está sendo nos naufrágios da APA Recifes de Corais – APARC. Além disso, existem 5 naufrágios na Unidade, os quais serão todos vistoriados. Inicialmente foram visitados os naufrágios mais próximos da costa, mas estamos planejando acessar outros mais distantes, cerca de 26km”, disse.
Os registros de coral-sol em águas brasileiras iniciaram no Sudeste, principalmente no RJ na década de 80. De lá para cá, a espécie vem se espalhando pelo litoral, atingindo o nordeste mais recentemente, sendo registrado na Bahia em 2012, Ceará em 2016 e este ano em Pernambuco, quando foi registrada sua ocorrência em 04 naufrágios na costa de Recife. O RN é um dos poucos estados, além do RS, AL, PB, PI e MA, que ainda não tem a ocorrência do coral-sol.
O coordenador do NUC, Rafael Laia, conclui: “Felizmente não identificamos nenhum coral-sol nestas primeiras vistorias. O registro desta espécie invasora nos estados vizinhos nos obriga a estarmos alertas. A partir de agora, o monitoramento ambiental que já ocorre na APARC, irá também manter rotina de procura por este coral. Caso identificado precocemente alguma colônia deste animal extremamente nocivo, teremos tempo e capacidade para controle e erradicação desta espécie em nossos parrachos”, concluiu.