
Os nove ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) foram responsáveis pelo gasto de ao menos R$ 1,2 milhão em dinheiro público com viagens, principalmente internacionais, entre janeiro e maio deste ano.
Há meses em que eles ganham mais com a verba de diárias do que com o próprio salário, de R$ 37,3 mil brutos.
O ministro Bruno Dantas, por exemplo, recebeu R$ 43.517,52 em diárias para uma viagem a países da Europa e da Ásia. Entre 25 de fevereiro e 13 de março, ele visitou órgãos de fiscalização de Varsóvia (Polônia), Riad (Arábia Saudita), Viena (Áustria) e Paris (França). Nesse período, recebeu seis diárias e meia.
Além da despesa com hospedagem, a Corte também é responsável pelo pagamento das passagens. No caso dos destinos visitados por Dantas, o valor arcado pelo tribunal foi de R$ 47.381,66.
No total, as viagens de Dantas entre janeiro e maio deste ano consumiram R$ 261,4 mil. Ele é o líder no ranking das despesas com passagens e diárias no órgão.
Os dados são do sistema de registro de viagens do TCU.
Mesmo com o dólar nas alturas e a escalada do preço do combustível de aviação a impactar as tarifas, foram ao menos 20 idas ao exterior este ano.
As agendas internacionais dos ministros, em geral, são escolhidas por eles próprios e levadas à Presidência do TCU, que dá aval às viagens. Segundo os servidores da Corte, não costuma haver veto.
Os gastos da Corte, no entanto, são maiores ainda, uma vez que os ministros viajam acompanhados de assessores. Além disso, outras autoridades, como procuradores, fazem agendas dentro e fora do país. Até segunda-feira passada (30/5), os custos somavam R$ 2,47 milhões em 2022.
Nos últimos cinco meses, Dantas viajou com dinheiro público também para Assunção, Montevidéu, Buenos Aires, Cidade do México, Lima, Quito, Délhi, Cairo, Rio de Janeiro e São Paulo.
O ministro Benjamin Zymler chegou a receber sete diárias e meia para ir a um evento em Lisboa, Portugal, em que ele teria participação em apenas um dia.
O evento Fórum de Integração Brasil Europa (Fibe), promovido por entidades, como o IDP, do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, ocorreu entre 18 e 21 de abril. O prospecto do fórum mostra que Zymler teve compromisso só no dia 20 – a participação em uma mesa-redonda sobre energia elétrica –, mas o TCU pagou a ele 7,5 diárias (R$ 25,7 mil). Os voos custaram R$ 17,7 mil.
Na sexta (8/4), o ministro não teve nenhum compromisso oficial, conforme sua agenda no site do TCU.

