Fã de Sandy e Junior, Ricardo Lima estava disposto a assistir a uma apresentação da dupla em Brasília. Para isso, comprou um celular que dava ingressos para um show e conseguiu. Ao publicar fotos em suas redes sociais, os colegas de trabalho fizeram chacota. Por ser militar, Ricardo sentiu o peso do preconceito.
“Para eles era estranho um homem curtir Sandy e Junior. Ficavam zoando, cantando “Maria chiquinha” para mim. Não guardava rancor, mas ficou marcado. Depois, meu subcomandante me chamou para conversar e disse que “não pegava bem para a tropa”. Fiquei chateado com isso. Tive que ficar com o amor reprimido. Ele sugeriu até que eu evitasse adicionar os colegas nas redes sociais”, relembra Ricardo.
O tempo passou, a dupla se separou em 2007, e Ricardo não tinha muito o que comentar dos filhos de Xororó. O militar subiu de patente, os colegas de trabalho mudaram e, com o retorno da turnê “Nossa história”, a situação mudou.
“De dois em dois anos a tropa muda, então perdi o contato com aqueles colegas. Estou três postos acima, ganhei respeito, nesse meio tempo acabei assumindo a minha homossexualidade, casei, levei a certidão para o quartel… O capitão teve que aceitar e é lei.”
Finalmente, no show em Brasília, Ricardo teve chance de conhecer os cantores no camarim. Esta é a terceira vez que o militar – que acompanha os irmãos desde o início da carreira – encontra a dupla. Mesmo assim, ele disse que ficou “paralisado”.
“Foi incrível, foi ótimo. É uma sensação muito diferente. É muito rápido, eles me deram um autógrafo, tiramos fotos, a Sandy perguntou do meu bigode. Valeu muito.”
Satisfeito com a experiência, e mesmo com toda a emoção no momento do encontro, ele não vai conseguir ver outras apresentações.
“É muito difícil conseguir outros ingressos. E aproveitei que estava de férias (risos).”
Ricardo já fez várias loucuras pela dupla. Perdeu até o emprego. Com amigos, ele, que na época era garçom, alugou uma van com os amigos para sair do Distrito Federal com destino a Minas Gerais para ver um show da dupla. O problema é que precisaria faltar ao emprego.
“Meu chefe disse que ia me demitir. Mas eu não esperava, pois trabalhava para ele há dois anos e ele sabia que era o meu sonho. Eu até trabalhava domingo e pagava uma pessoa para gravar em VHS o seriado “Sandy e Junior”, porque não conseguia assistir no horário. Não teve jeito. Não me arrependo, não tem preço realizar um sonho, seja ele qual for”, diz Ricardo, aos risos.
iBahia