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‘Melancolia’: Nos dias que antecederam o afastamento, Dilma experimentou a crueza do isolamento do poder

Imagem: Reprodução

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Se o poder é solitário, como diz a célebre frase, o fim dele pode ser ainda mais eremítico. Assim transcorreram os dias que antecederam a oficialização do afastamento de Dilma Rousseff, na quinta-feira 12. Em um cenário oposto ao da noite de votação do impeachment na Câmara, quando ainda nutria alguma esperança de se manter no poder, na quarta-feira 11 Dilma dirigiu-se para o Palácio da Alvorada completamente sozinha, a fim de acompanhar a sessão do Senado que selaria o seu destino.

No dia seguinte ao do resultado funesto, a presidente foi tomada por um mau humor indisfarçável. Pudera. A quinta-feira 12 pode ter sido o último dia de Dilma no comando do País. Caso o Senado sacramente em até 180 dias seu impedimento, o fim será irremediável. Pela manhã, pouco depois das 10h, ao saber que o senador Vicentinho Alves (PR-TO) estava perto de chegar com a intimação comunicando a instauração do processo de impeachment por crime de responsabilidade, Dilma convocou todos os ministros que estavam no corredor do 3º andar do Palácio do Planalto para o seu gabinete.

Tão logo o documento foi assinado, o ministro Miguel Rossetto ensaiou uma salva de palmas. Pela trapalhada, recebeu uma reprimenda da chefe na frente dos colegas. A segunda bronca foi dedicada ao chefe de gabinete e ex-ministro Jaques Wagner, porque este insistiu que ela não deveria exonerar seus ministros. “Presidenta, deixe esse constrangimento para Temer, a fim de reforçar a tese do golpe”, sugeriu. Dilma não só não concordou, como o censurou imediatamente.

No mundo paralelo de dilma, não houve estelionato eleitoral, pedaladas fiscais nem tentativas de obstruir o trabalho da justiça

No mundo real, Dilma vai tirar os próximos dias para descansar. Pretende viajar para Porto Alegre para visitar sua filha, Paula, e seus netos Gabriel e Guilherme, que ainda é de colo. Durante o período em que estiver afastada, continuará contando com um avião da Força Aérea Brasileira para levá-la para onde ela quiser.

Poder viajar em jatinhos da FAB era uma questão crucial para ela, que anseia percorrer o Brasil e exterior a fim de entoar a já enfadonha cantilena do “golpe”. Outra regalia obtida foi o direito a salário integral, no valor de R$ 27,8 mil. As prerrogativas da petista foram anunciadas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tão logo foi divulgado o resultado da votação do impeachment.

Dilma também terá direito a carro oficial com motoristas, segurança pessoal e assistência médica, além de uma estrutura de gabinete pessoal. O ex-presidente Lula, no entanto, ficará afastado. Na semana passada, o petista confidenciou a amigos já ter cumprido sua missão. Agora, vai cuidar da própria sorte.

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