A vendedora Thamires Souza Reis da Silva, de 23 anos, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, contra o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, preso por estupro. De acordo com a jovem, em entrevista ao O Globo, ela não conseguiu segurar o filho no colo, antes da criança morrer, em razão da sedação feita por ele.
O caso aconteceu no dia 5 deste mês, no Hospital da Mulher Heloneida Studart, unidade de saúde onde o médico foi preso em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A mulher saiu da Posse, em Nova Iguaçu, também na Baixada, e foi ao local onde seria o parto dos filhos gêmeos. O primeiro bebê de Thamires, Daniel, nasceu horas depois que ela chegou ao hospital, de parto normal. No entanto, ela foi submetida a uma cesariana, no dia seguinte, para o nascimento de Davi.
Segundo Thamires, ela foi sedada por Giovanni. De acordo com ela, ficou dopada a ponto de não conseguir assistir o parto ou sequer segurar o bebê, que morreria um dia depois.
“Eu não queria dormir. Queria ver o meu bebê nascer. Queria saber se ele nasceria vivo ou morto. Mas ele disse que eu poderia dormir, ficar calma, que era assim mesmo e que eu poderia ficar tranquila. Eu não queria dormir. Infelizmente, eu vi meu filho sair da barriga e não cheguei a pegá-lo no colo. Eu não pude pegar meu filho no colo antes de ele falecer. Só acordei horas depois sem saber o que tinha acontecido. Não tive o privilégio de pegar o meu bebê antes de ele falecer. Eu não sei o rosto do meu filho. Só conheço o meu filho por foto. Eu estava dopada por esse mostro”, disse a vendedora à imprensa.
“Ele estava me acalmando. Ele dizia que estava tudo bem. Eu tentei me controlar ao máximo para ver o meu filho. Eu lembro de tudo do primeiro parto. Ele me ajudava e chegou até impedir meu esposo de acompanhar. Esse médico mandou meu marido sair do centro cirúrgico”, completa ela.
Fora da sala
O empreiteiro Wagner Pena Sarmento, de 39 anos, conta que chegou a assistir ao parto do primeiro filho. Mas teria sido impedido por Giovanni de participar da cesariana do segundo bebê. Ele ressalta que deixou a sala de parto por achar que seria um procedimento normal.
“O anestesista me mandou sair na metade do parto. Minha esposa já tinha dormido e eu não tinha visto nem a criança nascer”, disse o marido da vítima.
“Depois de três horas fui perguntar sobre a minha esposa e ela continuava dormindo. Depois ela me explicou que não é normal dormir assim durante a cesárea”, explicou o homem.
Ainda em declaração, Wagner disse que sente revolta pela situação. “No dia após a cirurgia, ele ainda me aconselhou a processar o hospital porque não poderia fazer uma cirurgia sem uma ultrassonografia. Essa é uma sensação de revolta. Você coloca sua esposa num hospital achando que é seguro e não é. Só estamos aqui para que outras pessoas o denunciem. Eu estou revoltado. Você nunca imagina que sua esposa será estuprada numa mesa de cirurgia. Ele é um monstro”, ressaltou.
Metrópoles