Operação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta terça-feira, 19, tem como alvo principal o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes, que esteve no comando do país vizinho entre os anos de agosto de 2013 a agosto do ano passado. Cartes é ligado a Dario Messer, conhecido como o “doleiro dos doleiros“, preso em São Paulo em julho deste ano, após ficar 14 meses foragido.
Além do ex-presidente paraguaio, foram expedidos mandados de prisão contra outras 18 pessoas. A ação desta terça-feira, que esbarra ainda em esquemas de tráfico de armas e de contrabando de cigarro ilegal, foi desencadeada a partir da prisão de Messer, na operação da Operação Câmbio, Desligo.
Os negócios de Cartes e Messer são monitorados por diferentes agências americanas há duas décadas a partir de Assunção e de Cidade do Leste, na divisa de Brasil, Paraguai e Argentina. A sociedade com o ex-presidente paraguaio foi confirmada por um antigo parceiro brasileiro de Messer, Lucio Bolonha Funaro, responsável pela lavagem de dinheiro de corrupção do grupo político liderado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-Rio).
Messer seria um sócio oculto de Cartes no Banco Amambay, atual Banco Basa, conforme indicou a Comissão Bicameral de Investigação do Congresso paraguaio, em relatório em abril do ano passado. Com sede em Assunção, o banco detém 3% do total de depósitos bancários declarados no Paraguai e nasceu da Casa de Câmbio Amambay, fundada pelo pai de Cartes, Ramón, que, em 1989, cedeu a Messer parte do controle.
Foi justamente nos anos 1990 que Messer ingressou nos negócios com dólares, graças a seu pai. Nessa época, Cartes era foragido da Justiça por evasão de divisas e foi acolhido no Rio por Mordko Messer, pai do doleiro dos doleiros. A partir dai, estava selada a parceria de longo prazo em operações de câmbio. Além de atuar no mercado de câmbio, o ex-presidente tornou-se um milionário da área do tabaco e comandou até time de futebol. Entrou na política em 2008, pelo partido Colorado, e cinco anos depois alcançou a Presidência da República no Paraguai.
Cartes já declarou certa vez que Messer, que tem cidadania paraguaia, é seu “irmão de alma”. Enquanto governou o Paraguai, os negócios do doleiro prosperaram. Um levantamento de bens feito pelo governo paraguaio mostra que Messer construiu um patrimônio de quase US$ 100 milhões.
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