A Justiça realizou nesta quinta-feira (18), no Fórum Miguel Seabra Fagundes, no bairro Lagoa Nova, a audiência de instrução dentro da apuração da morte do personal trainer Paulo Henrique Araújo Silva. O crime aconteceu após uma briga de trânsito no bairro Nordeste, em 29 de abril de 2022. O principal suspeito do assassinato, um sargento da Polícia Militar, não parecia estar preocupado.
O suspeito é o sargento Ronaldo, que era lotado no 4º Batalhão de Polícia Militar na época do crime. Ele foi ouvido na manhã desta quinta-feira pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Natal, José Armando Pontes Dias. Nas imagens exclusivas da TV Tropical, o militar, que estava de camiseta preta, aparece sorrindo e cumprimentando amigos da corporação.
De acordo com o que consta no inquérito policial, houve uma briga de trânsito entre Paulo Henrique e o sargento. Dentro do carro do militar, ainda estava a companheira dele, que é uma soldado. Após a discussão, o PM teria seguido a moto e atirado no rosto do personal, que morreu na hora.
O advogado de defesa deu a versão do militar para o crime. “Ele estava conduzindo o filho de um hospital da zona Norte para a zona Sul. Quando estava passando na Ponte Velha, o indivíduo passou por ele, chutou e quebrou o retrovisor, que ficou pendurado. Ele disse para a esposa: ‘Anote a placa para a gente buscar o ressarcimento’. A moto estava sem placa”, disse Rodrigues Barreto.
“Foram atrás para localizá-lo visando o ressarcimento do bem. O indivíduo tentou fugir da responsabilidade entrando no bairro Nordeste. Ao passar em uma lombada, ele perdeu o controle e caiu. Ele deu uma capacetada no carro. O policial efetuou um disparo de advertência e um disparo instintivo quando o indivíduo acelerou em direção a ele, que culminou nesse resultado”, acrescentou.
Ao ser questionado sobre o motivo de um policial militar, que é treinado, atirar no rosto da vítima, o advogado justifica. “O tiro instintivo parte de um contexto fático. Você não tem tempo para fazer um tiro controlado. Ele fez um disparo de um momento de reflexo”, explicou.
Barreto ainda fez acusações contra a vítima. “Esse indivíduo já foi preso por tráfico de drogas, ele tem fotos ostentando armas, inclusive armas que a Polícia Militar utiliza, com arma longa”, disse o advogado.
O advogado pontuou também que, apesar de a mulher do sargento estar inserida no processo, ela não teve participação no crime. “Ela se limitou a se proteger e não teve contribuição com o evento, com o resultado. Ao final da instrução, a defesa sabe que será feita justiça e ela não será pronunciada”, completou.
Por outro lado, a família da vítima conta uma história diferente. “Ele [o polical] fechou a moto, meu primo ameaçou quebrar o retrovisor, mas não quebrou. Ele [Paulo Henrique] foi em direção a casa de um amigo para depois deixar a namorada. Daí, houve a perseguição, ele [o policial] bateu na traseira da moto. Ele [o personal] se levantou e, de imediato, recebeu o tiro na testa”, disse um primo do personal.
Quanto a vítima ser apontada com envolvimento no tráfico de drogas pelo advogado do réu, o primo explicou que o Paulo Henrique estava em uma festa. “Ele foi para uma rave com os amigos. Teve algo que pediram para ele guardar na bolsa. Não era dele. Tanto que ele foi julgado inocente”, comentou.