Joaquín “El Chapo” Guzmán, traficante de drogas mexicano que escapou duas vezes de prisões de segurança máxima no México, passará o resto da vida em uma penitenciária norte-americana, decidiu um juiz federal dos Estados Unidos nesta quarta-feira, depois de considerá-lo culpado de fazer um “mal esmagador”.
O juiz Brian Cogan impôs a pena de prisão perpétua mais 30 anos, uma exigência da lei, em uma audiência em um tribunal federal do bairro nova-iorquino do Brooklyn. Guzmán também será obrigado a entregar 12,6 bilhões de dólares, disseram procuradores.
Em fevereiro, um júri considerou Guzmán, de 62 anos, culpado de traficar toneladas de cocaína, heroína e maconha e de se envolver em diversas conspirações de assassinato como líder máximo do Cartel de Sinaloa, conhecido há tempos como uma das maiores e mais violentas organizações de tráfico de drogas do México.
Guzmán, cujo apelido significa “baixinho”, criou a reputação de ser uma figura à la Robin Hood que fez dele um herói popular para muitos de seu Estado natal de Sinaloa, onde nasceu em um vilarejo montanhoso pobre.
Ele está sendo mantido na solitária do Centro Correcional Metropolitano, uma prisão semelhante a uma fortaleza situada no sul de Manhattan. No mês passado, Cogan rejeitou seu pedido de mais tempo para se exercitar no telhado da prisão porque procuradores disseram haver o risco de uma fuga.
Antes de a pena ser anunciada, Guzmán argumentou que seu confinamento equivale a uma “tortura mental” e sustentou que os jurados de seu caso se deixaram influenciar por reportagens – uma alegação repetida por seus advogados.
“Os Estados Unidos não são melhores do que qualquer outro país corrupto”, disse Guzmán, acrescentando que os procuradores queriam enviá-lo a “uma prisão onde nunca mais se ouvirá falar de mim”.
Antes de finalmente ser capturado, em 2016, Guzmán escapou de presídios de segurança máxima mexicanos duas vezes. Ele foi extraditado aos EUA para enfrentar um julgamento em janeiro de 2017.
Guzmán se estabeleceu como traficante nos anos 1980 escavando túneis sob a fronteira EUA-México que lhe permitiram contrabandear drogas mais rapidamente do que qualquer um de seus rivais. Ele acumulou poder durante os anos 1990 e 2000 graças a guerras muitas vezes sangrentas com seus adversários, eventualmente se tornando o líder mais conhecido do Cartel de Sinaloa.
Seu julgamento de 11 semanas, que contou com depoimentos de dezenas de ex-associados que fizeram acordos para cooperar com os procuradores, ofereceram ao público uma visão inédita das engrenagens do cartel.
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