Um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) propõe o aproveitamento dos resíduos da filetagem de camarão. A ideia solucionar um problema ambiental enfrentado em Pajuçara, distrito de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. A comunidade tem a pesca como atividade econômica e geração de renda, sendo a filetagem de camarão um destaque no local. Fazer com que esses resíduos passem a ser utilizados como uma nova fonte de renda é um dos objetivos dessa atividade de extensão.
Coordenado pela professora Cibele Soares Pontes, o projeto é intitulado ‘Utilização sustentável de resíduos da filetagem de camarão’. Essa ação de extensão faz parte do projeto de pesquisa de mestrado que está sendo desenvolvido pela aluna Fabiana Borges, no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA UFRN). A iniciativa, que surgiu a partir de trabalhos de conclusão de curso de alunas de Aquicultura e Agroindústria da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ-UFRN), é interdisciplinar e envolve sustentabilidade, analisando os aspectos sociais, ambientais e econômicos.
A proposta de promover atividades que possibilitem os moradores enxergarem a utilização dos resíduos da filetagem de camarão como uma fonte de renda faz com que eles obtenham conhecimento sobre o aproveitamento desses resíduos, trazendo também a conscientização sobre responsabilidade ambiental. Além de promover a proteção do estuário presente no distrito.
Acerca da importância do projeto, a professora fala sobre a carcinicultura e a preocupação com a sustentabilidade. “A carcinicultura desenvolvida hoje no Estado do Rio Grande do Norte ocupa o primeiro lugar na produção de camarão no Brasil. Entretanto, seu crescimento desordenado muitas vezes pode gerar diversos impactos indesejáveis ao meio ambiente, sendo um desses gargalos o descarte dos rejeitos gerados após a retirada do filé de camarão”, explica Cibele Soares Pontes.
Para ela, o setor da carcinicultura tem mostrado maior preocupação com a sustentabilidade e, por isso, cada vez mais o tema aparece na agenda de inovação, na busca de processos, produtos e serviços novos ou mais sustentáveis para garantir a segurança e a redução de impactos ambientais. “Esperamos impactar positivamente a comunidade à medida que as etapas do projeto sejam completadas”, ressalta.
O projeto também pretende elaborar um biscoito salgado no sabor camarão. A elaboração seguirá todos os protocolos necessários, priorizando questões de ética e de segurança alimentar. Esse produto será desenvolvido no Laboratório do Pescado da EAJ-UFRN e as análises sensoriais e de intenção de compra serão realizadas no Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Nutrição da UFRN.
Entre os resultados, Cibele Soares Pontes fala que é esperado o fortalecimento da consciência ambiental dos moradores e a realização de experiências na área da Aquicultura ou da Carcinicultura. “Fortalecer a consciência ambiental dos moradores, propiciando-lhes oportunidades reveladoras do papel do meio ambiente saudável na qualidade de vida da comunidade. A ideia seria trazer experiências exitosas, de forma remota, na área de Aquicultura ou Carcinicultura, para servirem de motivação ao trabalho que se deseja desenvolver, por meio de oficina e roda de conversa, utilizando plataformas como o Google Meet”, comenta.
Também é de objetivo do projeto a elaboração de cartilha acessível para a comunidade com instruções com relação ao aproveitamento dos resíduos da filetagem e conservação, através de boas práticas de manejo.