A indicação do desembargador Kássio Nunes foi costurada pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), do Centrão, que apresentou o magistrado ao presidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo, que teve uma conversa com Nunes, gostou de propostas apresentadas, do currículo do indicado e de algumas ideias em comum, como a necessidade de que Executivo e Judiciário atuem em conjunto para fazer avançar pautas econômicas e reajustes na legislação tributária e administrativa.
O ministro Gilmar Mendes também participou da chancela ao novo nome, sendo consultado por Bolsonaro, assim como o ministro Dias Toffoli, que recentemente deixou a Presidência da Corte. O favoritismo do magistrado na corrida ao Supremo pegou boa parte do governo de surpresa. Pesou na escolha seu bom trânsito, tanto no Congresso quanto no Judiciário.
Pelas redes sociais, Ciro Nogueira comemorou o fato de um conterrâneo estar na rota do Supremo. “Todo o povo do nosso estado ficará honrado com a escolha de um piauiense para o STF”, escreveu. O presidente do Progressistas afirmou que a alçada ao Tribunal seria uma forma de valorizar não só o povo do Nordeste, mas, especialmente, a população do Piauí. “Não seria, nunca, uma conquista pessoal, por maiores que sejam as qualificações do indicado. Seria um reconhecimento ao povo do Nordeste e, especialmente, ao talento e à capacidade de todos os piauienses. Por isso estou, também, na torcida”, completou.
A possível indicação do magistrado é um gesto de Bolsonaro ao Nordeste, região da qual o presidente busca se aproximar, já de olho nas eleições de 2022. Bolsonaro já havia dito que queria um ministro com idade de até 50 anos — Nunes tem 48 —, e com bom relacionamento no Judiciário e no Congresso. O mandato de ministro do STF dura até a aposentadoria compulsória, aos 75 anos. O presidente estava atrás de um nome de confiança, que contemplasse seus interesses e ficasse por muito tempo na Corte.
Cotados
Antes do nome de Kássio Nunes começar a circular, os mais cotados para assumir o lugar de Celso de Mello eram os ministros André Mendonça (Justiça e Segurança Pública), Jorge de Oliveira (Secretaria Geral da Presidência) e o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otávio de Noronha. Jorge tem uma ótima relação com o presidente, é amigo da família e seu pai já trabalhou no gabinete de Bolsonaro à época em que ele era deputado federal.
Correio Braziliense