Pastores da Igreja Universal do Reino de Deus são investigados pela própria instituição por terem recebido o auxílio emergencial do governo de forma supostamente irregular. Os religiosos, por sua vez, dizem ter sido orientados pela direção da própria igreja a pedir o benefício e comunicar à instituição para que o valor fosse descontado em seus salários.
Dois ex-pastores recém-saídos da Universal, Lairton Silva de Menezes e Anderson Paulo de Souza, ambos de Brasília, ouvidos pelo UOL contam uma versão diferente da igreja. De acordo com eles, em abril do ano passado, quando os R$ 600 do auxílio emergencial começaram a ser pagos, a igreja -que viu a quantidade de ofertas em seus cultos diminuir—, teria orientado os religiosos a pedir o benefício.
“Veio uma direção [determinação] para os pastores auxiliares darem entrada no pedido de auxílio emergencial. Era para todos pedirem e, na medida que o auxílio fosse aprovado, procurassem o departamento de pastores, que lança a folha de pagamento, para descontar esse valor do salário”, detalha Menezes, 37 anos, 19 de serviços prestados como pastor na Universal. Ele deixou a instituição em abril.
“No caso de alguns pastores cujo auxílio demorou para sair, por estar em análise, eles pediam para mandar um print do aplicativo. Agora, acho que começou a dar algum problema e, por isso, estão dizendo que os pastores cometeram crime. Estão vendo que vai dar rolo e atribuíram a culpa aos pastores”, disse o ex-pastor.
A Universal avalia que pastores cometeram crime, de acordo com a apuração do UOL, mas os responsabiliza por tais atos, segundo um áudio que circula nas redes sociais atribuído ao bispo Renato Cardoso, genro de Edir Macedo e hoje o segundo nome na hierarquia da instituição.
Outros dois áudios atribuídos a líderes da igreja recomendam que religiosos avisem o departamento de pastores sobre o recebimento do benefício.
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